O sonho que Ayrton alimentou durante anos acabou se tornando o de toda a família Lima. Ana Clara, a filha, permaneceu com ele no jogo do início ao fim, durante 88 dias. Eles mostraram nesse período que na família Lima é assim: eles se apoiam, brigam, cuidam um do outro. A terceira colocação no jogo não os surpreendeu. “Foram 88 dias de confinamento que valem muito mais que dinheiro. Seria muito legal se a gente ganhasse, mas se não ganhássemos nós trabalharíamos para ganhar. Dinheiro dá para ir atrás, a experiência não. E essa experiência a gente não vai conseguir viver de novo. Então terceiro lugar está ótimo. Só de chegar à final já foi muito bom”, comemoram.
Entrevista com família Lima, terceiro colocado no BBB 18
Você foi para casa para realizar um sonho do seu pai, mas acabou vivendo muita coisa lá dentro. Como foi essa experiência?
Ana Clara: Eu sempre gostei do Big Brother, assim como meu pai, e sempre assistíamos ao programa juntos. Vir para cá não foi só um sonho dele, foi um sonho meu, uma vontade minha também. Eu entrei com ele, e muito por causa dele, mas quando vi que estava no BBB, percebi que tinha que viver como eu mesma e não ficar abafada, então fui curtir o programa. Ninguém tinha me posto lá para ser só um boneco que tinha entrado com meu pai, eu tinha que ser eu mesma com as minas atitudes, com as minhas vontades. E por isso o programa foi o máximo, muito divertido.
E para você, Ayrton, como foi realizar o sonho de entrar no BBB depois de 15 anos tentando?
Ayrton: Foi muito boa, além do que eu esperava. Na minha bagagem, ainda pude carregar a minha família. Isso foi muito legal.
O que você sentiu nesses 88 dias de confinamento?
Ana Clara: Senti tanta coisa… Todas as emoções. O problema é que tudo o que a gente sente lá dentro é demais. Quando ficava feliz era demais, quando ficava triste era demais. O que eu mais senti foi um aperto, uma vontade de falar algumas coisas e não poder, de me deixar permitir mais e não poder. Lá dentro, agir por impulso não dá certo, principalmente porque o BBB é um jogo e nós tínhamos que ser inteligentes.
O que muda na vida de vocês com essa experiência?
Ayrton: Aumentou ainda mais o amor que eu sinto pela minha família e, principalmente, pela minha mulher, a Eva. Em alguns momentos eu subestimei a minha filha, mas vi que ela é uma mulher muito forte.
O terceiro lugar surpreendeu vocês?
Ana Clara: Não, a gente já sabia. Sabíamos que a Gleici seria a vencedora. Ela é uma pessoa incrível, uma menina demais, foi um presente conhecê-la. O Mahmoud também é uma pessoa especial. Eu realmente pretendo levar os dois para a vida. A gente sabia que ela ia ganhar esse programa e que o Kaysar ia ficar em segundo. E a questão não é o prêmio, não é isso que importa. Foram 88 dias de confinamento que valem muito mais que dinheiro. Eu falei com meu pai que seria muito legal se a gente ganhasse, mas se não ganhássemos nós trabalharíamos para ganhar. Dinheiro dá para ir atrás, a experiência não. E essa experiência a gente não vai conseguir viver de novo. Então terceiro lugar está ótimo. Só de chegar à final já estava muito bom. Qualquer coisa depois era lucro.
Quais foram os momentos mais marcantes para você no jogo?
Ayrton: A entrada da nossa família foi muito emocionante, e também a prova de resistência em que a Ana Clara ganhou o carro. Eu estava muito preocupado com ela e, em vários momentos, eu desejei que ela abandonasse a prova para eu ver que estava bem. Isso me preocupou demais e ver a minha filha voltando depois de 43 horas me marcou muito.
Ayrton, às vezes você ficava um pouco mais sozinho. Para esses momentos só seus, qual era o seu lugar preferido?
Ayrton: A academia era o lugar que eu me entregava às minhas emoções. Era o meu local de refúgio, o meu recanto.
Você é um cara mais do dia, acordava cedo, fazia seus exercícios… Conseguia aproveitar as festas?
Ayrton: Muitas vezes eu ficava mais para dar uma controlada na Ana Clara. Eu sabia que a Ana Clara era festeira, não imaginava que ia ficar controlando. Sabia que precisava confiar, mas em alguns momentos eu ficava preocupado. Então eu acordava para vê-la. Foi aí que a gente acabou batendo muito de frente.
E você, Ana Clara? É mais da noite, curte as festas…
Ana Clara: Amei todas. Eu adoro festa, curto muito aqui fora. Eu pensei bastante depois que meu pai reclamou. Ele ficava me pedindo para não fazer besteira, que eu tinha que me controlar e não beber tanto, mas não eram só três meses, eram “OS” três meses. Era praticamente impossível eu não curtir e aproveitar da maneira que eu sentia vontade. Foi muito bom.
No geral, os embates que vocês tinham eram por qual motivo?
Ayrton: Puramente por preocupação. Eu quero sempre o melhor para a minha filha.
Você acha que você se aproximou mais do seu pai?
Ana Clara: Com certeza nossa relação ficou mais próxima e vamos viver uma nova vida em família. Mas nós somos aquilo ali. Brigamos mais até do que brigamos na casa, porque somos muito parecidos. Eu cresci muito parecida com ele. Tenho muitas características parecidas com a minha mãe, mas tenho muita coisa do meu pai.
Vocês acham que saíram diferentes?
Ayrton: Com certeza. Aprendi que meu amor por minha família e por minha esposa eram muito maiores que eu imaginava. Não tem como sair igual quando vivemos tudo aquilo.
Ana Clara: Uma coisa que eu tenho certeza que mudei foi na questão de lidar com meus próprios sentimentos. Eu sempre fui uma pessoa muito presa, sempre fui muito controlada, me segurava para não chorar, não gostava que as pessoas me vissem chorando, mas mais por um controle meu mesmo. Dentro da casa esse controle não existia, não tinha como controlar e nós ficávamos expostos. Então se você chora todo mundo vê e não adianta tentar controlar. Eu tive que aprender isso na marra. Em relação à minha família, nós nunca teríamos uma experiência dessas.
Vocês estiveram no BBB 18 do primeiro ao último dia. O que fica marcado para vocês?
Ayrton: Um aprendizado: de que eu não posso subestimar a Ana Clara. Para mim tudo está sendo, ainda, muito surreal, um sonho.
Ana Clara: Desde o início, quando chamaram o meu pai e ele falou para a gente. Eu não acreditava nunca que a gente ia chegar perto, entrar, ainda mais chegar à final. Todas as memórias são muito boas e tem muitas coisas que eu quero me lembrar. Eu curtindo as festas com a Gleici, conversando com o Mahmoud. Eu quero me lembrar de tudo. Até dessa prova de resistência.
E quais são seus planos agora?
Ayrton: Quero me dedicar à minha esposa. Agora quero aproveitar mais com ela, tirarmos um tempo para viajarmos juntos.
Ana Clara: Aproveitar todas as oportunidades que vierem. Aproveitar as pessoas que estão gostando da gente, que estavam torcendo e vivendo essa experiência junto. Quero aproveitar tudo o que puder agora. E pretendo voltar para a faculdade, no período que vem, talvez. Quero voltar, me formar. Já passei da metade do curso, não posso largar. Vou continuar meus projetos, mas de uma maneira totalmente nova. Tem uma exposição muito maior.