O único homem a chegar ao Top 4 do ‘Big Brother Brasil 20’. E que deixou a casa com 57,15% dos votos apenas no último paredão da edição, que será disputada por três mulheres (Manu Gavassi, Rafa Kalimman e Thelma).
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Após sair da casa, Babu Santana diz que respeita o protagonismo feminino desta temporada com a sensação de vitória. “Acho que o jogo era das meninas mesmo, e está tudo bem, ainda mais vendo todo esse resultado para mim aqui fora. Você tem noção do que é ver um muro pintado com o seu rosto na sua comunidade do coração? Quanto vale isso?”, questiona. Não foi a sorte que o levou adiante na competição: em mais de 90 dias no reality, Babu ganhou apenas uma prova. Depois de uma trajetória com conflitos, mudança de estratégia e de posicionamento, amizades e – claro – momentos muito felizes, o ator posa para um ensaio exclusivo feito por videoconferência (disponível no site de imprensa) enquanto fala sobre o que pode ter garantido sua longevidade no programa. “Eu sou um cara otimista. Vou pegar essa mola propulsora do BBB e me alçar aos céus porque eu já estou vendo nuvens. Como diz a música ‘AmarElo’, do Emicida, ‘ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro’”, avisa.
Como você avalia sua trajetória no ‘Big Brother Brasil’?
No ‘Big Brother Brasil’ eu tentei passar coisas positivas, coisas em que eu acredito. Eu, como ator, sabia que não estava ali para interpretar um personagem, então eu levei comigo todas as minhas verdades. Algumas pessoas acharam que eu me vitimizei, e que pena isso. Eu só relatei os fatos que me levaram a querer concorrer a esse prêmio, a me expor. Eu sabia do alcance que eu poderia ter com o público no futuro, ganhando o programa ou não. E eu estou muito feliz de saber que a mensagem que eu levei para lá chegou a tantos lugares, a ídolos meus, a amigos… Quando eu vi todo mundo mobilizado aqui fora, a tristeza de não ter ganhado R$ 1,5 milhão foi recompensada. A alegria de todo esse feedback que eu estou tendo é muito mais valiosa. O prêmio seria pouco perto da emoção que eu estou sentindo, por isso eu me sinto muito vitorioso. Eu fui muito autocrítico, sempre achei que não tinha tipo para o BBB. Entrei no programa e fui feliz, fiz amigos, briguei, chorei, dancei, que era uma coisa que eu não fazia há muito tempo. Ver que tudo isso reverberou aqui fora foi incrível.
O que mais te surpreendeu nessa experiência?
Tudo me surpreendeu. A gente acha que vai entrar com tudo sob controle, mas esse controle acaba muito rápido. Perceber a exposição foi muito difícil.
Você chegou ao Top 4 do BBB 20. O que faltou para chegar à final?
Acho que quem estava assistindo ao programa consegue responder isso melhor do que eu. Eu tentei. Saí dos jogos que não aprovava, entrei em um jogo de risco, fiz provocações, me defendi, combinei voto… Talvez pudesse ter ganhado mais provas, como a última, que levou uma pessoa direto para a final. Mas quanto à posicionamento, do que eu me arrependi eu me retratei na hora. Acho que as meninas tiveram mais torcida. O game é de quem tem maior torcida, não de quem está certo ou errado, é alto ou baixo, loiro, magro. A minha torcida me emocionou demais. Estou muito feliz com ela e quero agradecer a todos, recompensar todo esse amor que eu recebi e que, para mim, foi muito valioso. Então acho que não faltou nada, não.
Qual era sua estratégia de jogo quando entrou na casa?
Eu queria começar pelo começo. Quando teve a primeira prova e eu vi que estava fora de forma, logo entendi que eu teria que ser útil ao coletivo de uma outra forma. Minha primeira estratégia de jogo nasceu ali: lutar contra mim mesmo em provas de resistência e desempenho físico, entrar nas provas para me superar. Depois, depositei nas provas de sorte e de lógica as minhas principais chances. Tentei não combinar voto, mas quando percebi que toda aquela edição seria muito jogada, eu tentei mover minhas pedras. Indo contra 14, eu e Prior até jogamos muito bem. Ele chegou à beira do Top 10 e eu cheguei ao Top 4. Acho que o jogo era das meninas mesmo, e está tudo bem, ainda mais vendo todo esse resultado aqui fora. Você tem noção do que é ver um muro pintado com o seu rosto na sua comunidade do coração? Quanto vale isso?
Você acabou migrando de um grupo que, depois, se tornou o maior da casa para o lado oposto dele. Por que decidiu fazer esse movimento?
Eu comecei a perceber um movimento segregatório que dizia que tinha que ser “assim e assado” para ser aceito e estar no grupo. Era um lugar de conforto se juntar com dez pessoas e votar nos demais. Mas eu sempre saquei que o público não curtia muito isso e acho que isso me sustentou até a reta final. Eu quis ficar neutro, mas percebi que sendo um jogo eu teria que ter uma decisão. Na minha vida, quando dizem que alguém fez alguma coisa, que está errado, eu pesquiso, procuro saber. E trago comigo uma coisa da favela: eu fecho contigo, mas não fecho com a tua vacilação. Eu posso estar junto de qualquer um e ser eu mesmo. E não tive medo disso. Mudar para o lado dos meninos foi empatia também. Eu preferia conversar sobre futebol e basquete, mostrar para os meus “burucutus” onde eles estavam errando e ter isso de volta. Me sentia mais à vontade ali, apesar de não aprovar vários dos comportamentos deles.
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Você se sentiu excluído no grupo maior?
Sim. Eu não fazia parte daquele pensamento. Desculpa, mas eu não posso me juntar com pessoas que se unem para eliminar outras por certos comportamentos que não foram esclarecidos para todos. Só no final do jogo eu fui saber ao certo a informação que a Ivy e o Daniel trouxeram. Várias coisas ali não me deixavam à vontade. E quando eu ficava à vontade, eu era cerceado. Eu fui muito veemente com o Lucas e com o Prior. Eles aceitaram a minha postura, eu ouvi a postura deles e juntos tentamos seguir um plano bacana. Mas, mesmo assim, cada um fazia o que queria: o Lucas decidiu não dar estalecas, o Prior votou em quem ele quis, eu defendi quem eu quis. A gente brigava e fazia as pazes. Acho que isso foi um sentimento verdadeiro e um lugar onde a gente sabia aceitar críticas. No outro grupo eu não sentia essa liberdade.
Se tivesse tido acesso às informações externas que Daniel e Ivy levaram para casa antes, você acha que sua posição no jogo teria sido diferente?
Talvez sim. Eu iria querer cobrar dos meus amigos e até de mim mesmo em que momento se deu tanta ofensividade dentro da nossa convivência. O que eu presenciei de grosseria eu debati veementemente. Lembro que eu falava muito com o Hadson que a gente que era “coroa” tinha que entender que o mundo mudou, os pensamentos mudaram. E eu também levava lá para dentro esses novos pensamentos, que era uma coisa que eu já fazia aqui fora. Sempre estive engajado em movimentos de cultura, de minoria, de representatividade. Me preocupa ter um comportamento condizente ao mundo moderno e que vai rumo à igualdade. Me interessa ter a postura de uma pessoa que está aberta a entender as diferenças e divulgar todo movimento que aproxima o ser humano da igualdade.
Acha que a união das meninas pode ter te prejudicado de alguma maneira, no jogo ou perante o público?
Não. Eu fui lá para me expor, para ser julgado. Quem concorda comigo, beleza, quem não concorda, paciência. Mas o jogo era para isso. Eu tinha que me posicionar. Acho que não falei nada de muito ofensivo e, se o fiz, o pedido de desculpas foi feito na hora. Era uma convivência com outras 19 pessoas de gênios e personalidades diferentes, valendo um prêmio em dinheiro. Vocês, aqui fora, viam e julgavam, e é isso. Vendo a movimentação da minha torcida, eu não tenho como achar que algo me prejudicou. Não é papo de quem perdeu não, eu me sinto vitorioso mesmo (risos).
Você protagonizou alguns conflitos na casa. O que te tirava do sério no BBB?
O que mais me incomodou foi a falta de organização. E também a falta de humildade de algumas pessoas. Além da pose de VT de quem cuida e, na hora, queimava o arroz, lavava a louça e não limpava a pia… Para mim, isso conta muito na convivência. Vocês já viram aquelas panelas lindas que têm na cozinha do ‘Big Brother Brasil’? Tinha gente raspando panela antiaderente com metal, todo mundo comendo raspa de teflon!
No início do BBB, você chegou a se aproximar do Pyong. O que te afastou dele depois?
Pyong Lee é muito esperto, tem uma inteligência técnica muito forte. Acho que faltou a ele só um pouquinho de experiência de vida. Uma coisa que me deixou muito chateado, que eu não vi sair da boca dele, mas também não duvido do Prior, que me falou, foi que ele me chamou de fraco. E ele saiu muito antes de mim!
Você foi para dez paredões – um recorde em todas as temporadas do BBB. Passar por tantas berlindas te fortaleceu na competição?
Na competição e na vida. Eu me colocava muito para baixo. Mas, a cada paredão, eu sentia a vibração daqui de fora. Eu não imaginava que seria tanta! Imaginava que vinha da minha família, dos meus amigos. Eu não gravei vídeos para deixar aqui. Não tive esse recurso e não tive essa ideia. As pessoas que me ajudaram estavam próximas a mim em um momento meu de dificuldade e me ofertaram um apoio, pela nossa amizade e pelo investimento em um projeto que temos juntos, que é a banda. Eu fui com a cara e a coragem, nesse sentido. Toda a minha campanha foi espontânea. Isso é bárbaro! Estou muito feliz.
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Pouco antes da saída do Felipe, vocês brigaram porque você insistiu que não votaria na Thelma e na Rafa. Como você recebeu o voto delas nos últimos paredões?
Normal do jogo. Tudo que a gente planejou naquele paredão em que eu e o Felipe divergimos, aconteceu. Eu não teria problema nenhum de votar na Thelminha ou na Rafa se isso fosse salvá-lo do paredão. Agora, a partir do momento que era eu que estava correndo perigo e ele já estava no paredão, eu, que já tinha sobrevivido a tantos paredões, queria que uma pessoa que eu gosto e não vota em mim sobrevivesse também. Eu arrisquei, mas eu gosto muito de manter a hombridade. Eu poderia ter votado na Flayslane, por exemplo, e ter me livrado do mesmo jeito. Mas seria hipocrisia minha porque naquele momento eu estava começando a admirar uma Flay que eu não tinha conhecido o jogo inteiro. Mais me interessava que pessoas que votavam em mim saíssem. A Manu votava em mim, por isso eu sugeri ela. E, para provar que a gente não era manipulado um pelo outro, eu segui a minha palavra. Eu não deixava de votar na Thelma por ser ela. É muito maior que eu e ela. Uma das minhas metas foi cumprida: uma pessoa black está na final do BBB. Questionavam se ela me dava atenção de volta. Quando a gente dá atenção, não tem que esperar de volta. Isso é interesse. Se alguém julga que ela não me deu de volta o carinho atribuído, isso já é uma pergunta a ser feita para ela.
Você chegou perto de ganhar algumas provas, mas não conseguiu levar nenhuma disputa além daquele primeiro anjo. Isso te desmotivou de alguma forma?
Me dava “pânicos leves e tênis” (risos), mas eu estava sempre motivado. Eu sou um cara otimista. E não fui demagogo nem mentiroso, já estou aqui vendo como vou fazer para parar de fumar, voltar a fazer exercício. Já estou me planejando para o meu futuro. A minha vida algumas vezes foi cruel comigo e algumas pessoas enxergam isso como vitimismo. Eu enxergo como aprendizado. Vou pegar essa mola propulsora do BBB e me alçar aos céus porque eu já estou vendo nuvens. Vou avante. Tenho uns boletos para pagar e vou conseguir com muito trabalho, muita dignidade e muito suor, como sempre foi na minha vida. Ganhar R$ 1,5 milhão era uma meta, mas passar uma boa imagem e uma boa mensagem era também e essa foi alcançada e me deixou mais feliz. Como diz a música “AmarElo”, do Emicida, “ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”.
Tem alguma coisa sobre si mesmo que você descobriu dentro do confinamento?
Eu olhei muito para o meu processo de autoconhecimento. Percebi que, em 20 anos de carreira, eu nunca tinha tirado férias. Todos os momentos de folga eram momentos em que eu estava sem trabalho. O BBB, principalmente no início do jogo, foi um momento de folga de verdade. Um momento que olhei para a unha do meu pé, para como eu quero o meu cabelo, para a minha disposição física. Olhei para mim mesmo e tive esse momento meu, tendo consciência de que eu vou ser feliz do jeito que eu sou. Vou mudar as coisas que são possíveis e, as que não são, vou torcer para melhorar.
Quais são seus planos daqui para frente?
Eu sempre me considerei um operário da Arte. Então, se alguém tem um roteiro, um programa, uma novela, saiba que o meu propósito é trabalhar demais. Fiquei sabendo que as duas primeiras músicas da minha banda foram lançadas e eu quero fazer clipes para essas músicas. Fiquei muito feliz de saber que eu fiz tocar Djonga e Gerson King Combo no BBB e que tem mais uma galera que canta para caramba que estava torcendo por mim. Esse é um mundo novo para mim, estou aprendendo. Vou aproveitar esses professores maravilhosos e tentar uns feats, quem sabe? Quero primeiramente atuar e, depois que toda essa pandemia acabar, realizar um projeto que eu queria muito que é o de tocar em pelo menos uma favela de cada capital do nosso país. E quero muito beijar meus filhos e minha mulher. Esses são os planos para agora.
Quem você quer que ganhe o primeiro lugar do BBB?
O ‘Big Brother Brasil’ tem que ser vencido esse ano por um black, não por Babu ou Thelminha. Se foi a Thelminha que ficou representando, é ela a minha representante, é para ela o meu apoio.