Gilberto, ou “Gil do Vigor”, como gosta de se apresentar, de fato “vigorou” sendo o autor de uma das participações mais marcantes da história do ‘Big Brother Brasil’. Desde o primeiro dia na casa, o economista embarcou de cabeça em todas as surpresas que o reality e o confinamento o ofereceram. Formou um trio favorito aos olhos do público, que se desfez e seguiu como uma dupla muito forte no jogo; comprou brigas e “deu baile” nos adversários; ganhou três provas do líder e uma do anjo; passou por sete paredões; jogou com a razão e com o coração; dançou muito ao som de Britney Spears e também de seu famoso “tchaki tchaki” com coreografia própria; beijou, se emocionou, ficou indignado, acertou, errou, se arrependeu e aprendeu muito. Após 98 dias de confinamento, Gil deixou a casa com 50,87% dos votos do último paredão da temporada, em que enfrentou Camilla de Lucas e Juliette, e saiu com o quarto lugar da edição. Mas nem todas essas informações dariam conta de resumir sua trajetória. “Eu encontrei com todas as minhas personalidades em um momento único e precisei assumir aquilo e ser quem eu era. Encontrei respostas muito pessoais que eu sempre procurei. As mudanças internas no Gil do Vigor valeram todo o tempo que eu passei lá”, destaca. “Foi muito gostoso. Eu sentia que estava assistindo e participando ao mesmo tempo”, completa, sobre as reviravoltas que viveu no programa.
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A seguir, Gilberto conta quais momentos o orgulharam enquanto fã declarado de BBB, quais erros não gostaria de ter cometido e reflete sobre o futuro pós-reality, com direito a aceites para cursar pós-doutorado em três universidades americanas e mais de 10 milhões de seguidores no Instagram.
Participar do BBB era um grande sonho seu. Como foi realizá-lo?
Eu tinha a ideia de que participar do ‘Big Brother Brasil’ mudaria minha vida financeira porque minha família sempre passou por dificuldades muito grandes. Mas participar do programa foi uma surpresa muito grata. Eu percebi que não se trata somente de uma transformação financeira ou social, é uma transformação do ser humano, é algo muito mais interno do que a gente consegue imaginar. Eu encontrei com todas as minhas personalidades em um momento único e precisei assumir aquilo e ser quem eu era, tanto nos meus aspectos positivos, quanto negativos. Eu descobri muitas coisas ruins, muitos lados que não eram tão legais e precisei refletir “caramba, isso não é bom, preciso trabalhar nisso”. Foi muito grandioso eu me encontrar, me aceitar. Descobri uma coragem em mim que eu não sabia que tinha. O BBB foi uma surpresa também em termos religiosos. Deus falou comigo dentro do programa, que Ele me ama e me aceita da forma como eu sou. Eu entrei no reality e lá encontrei respostas muito pessoais que eu sempre procurei. A questão de me aceitar, de me entender e de me conhecer melhor… Isso, para mim, é muito significativo. Eu era fã do programa, sempre quis entrar, mas não tinha ideia da dimensão que ele teria na minha vida, independentemente se eu fosse querido, tivesse sucesso ou não. As mudanças internas no Gil do Vigor valeram todo o tempo que eu passei lá.
Como espectador, você é um grande especialista em BBB. Como participante, o que mais te surpreendeu no programa?
A gente tem a ideia de que o programa não tem mais tanta forma de mudar porque os recursos para as dinâmicas já teriam sido esgotados, achamos que virão dinâmicas fáceis de prever. E dentro do BBB eu percebi que não. A produção vai muito além de qualquer expectativa, por isso não tem como prever o que vai acontecer. Essa falta de capacidade que a gente tem de descobrir e adivinhar as coisas é o que deixa mais gostoso. A gente cria mil possibilidades, mas a única que não pensamos é a que acontece e, por acontecer de uma maneira tão inesperada, faz com que as coisas sejam reais. É muito orgânico, muito real, justamente porque a gente não consegue adivinhar; isso dá um gostinho maior. Podem existir 100 edições do ‘Big Brother Brasil’ e quem entrar, mesmo sendo fã, não estará preparado. Vai chegar lá e se deparar com um monte de coisas. Vai errar, vai acertar, porque não tem como saber de tudo. Tem que ter jogo de cintura.
O Gil fã do BBB estaria orgulhoso de que parte da trajetória do Gil participante do programa?
Das provas que eu venci, de ter me posicionado, de ter falado nos jogos da discórdia. Essa parte do Gil que vigorou, que ganhou provas, que foi do paredão para a liderança, da liderança para o paredão, que venceu prova de resistência. Eu acho que esse Gil deixaria o fã muito orgulhoso, porque eu não deixei de jogar. Errei, mas foi tentando viver o programa. Se eu tivesse assistindo, eu diria: “Que bom que ele está vivendo, que está falando”. Errando ou acertando eu estava lá para o jogo, e me orgulharia disso
Na sua opinião, o que te tirou da final?
Eu acredito que passei por um período meio tenebroso, mas eu não me arrependo porque foi importante para eu me conhecer, me identificar. É muito estranho existir uma pessoa que, em três meses, não vai errar. A gente está acostumado a errar na nossa vida, a ficar confuso, a endoidecer mesmo. Eu acho que esse período que eu passei pirando foi o que me tirou a chance de chegar à final. Mas passar por isso humanizou ainda mais a minha participação, mostrou que a gente é assim mesmo: erra, pede desculpa, volta atrás, depois erra de novo. Nós somos seres humanos e vivemos em um mundo de constante progresso e mudança. Se for para acertar o tempo inteiro, ser perfeito, glória, aleluia, pega um altar, me coloca em cima e pronto. E não: eu sou humano, pé no chão, gente. Mesmo tendo perdido, eu não me arrependo porque acho que eu consegui me humanizar, me conhecer e me aproximar de quem eu era também através dos erros que eu tive no programa.
Você sentia muita insegurança nos paredões que enfrentou. Por que tinha tanta certeza de que sairia em quase todos? Era parte das suas conspirações?
Antes do BBB, eu tinha amigos – não de verdade – que me diziam que eu falava demais, que eu era chato, etc. Então, eu tinha na minha cabeça que as pessoas iriam cansar de mim porque eu falava demais, errava demais, sonhava demais. Ainda pensei que poderiam gostar de mim no início, mas que, com o tempo, seria cansativo porque eu brincava, eu sorria. Imaginava que o povo ia dizer: “Que homem chato, vamos eliminar com 100%”. Depois do paredão falso eu pensei: “Misericórdia, Senhor da glória. Me lasquei. Vai ser 99% na cabeça”. Eu ainda briguei com todos os participantes do Camarote, minha gente. O povo lá com milhões de seguidores e eu, com oito mil “Arábias” (seguidores fakes comprados antes de ingressar no reality). Se somasse os seguidores do povo que eu briguei e cada um deles desse cem votos, eu seria eliminado com recorde. Eu pensava que já tinha acabado para mim, que seria o meu fim (risos).
Com seu jeito explosivo, você protagonizou várias discussões icônicas dentro do BBB. Antes de entrar, imaginava que isso aconteceria?
Eu imaginava sim, porque eu entrei disposto a isso; que me eliminem (risos). Não vou mentir que eu entrei com pé atrás com quem era Camarote porque, na minha vida, eu já tinha um receio com pessoas de nariz em pé. Eu já entrei com a neurose de que tinha que ter cuidado com famoso, porque, se viesse se achando, eu já ia dar um “baile”. Fui com esses dois pés atrás, mas tentando conhecer o povo. Eu sabia que eu ia entrar sem ter medo, ia falar na cara e quem não gostou, não gostou. O que eu não imaginei foi que os sentimentos lá seriam tão reais e que iriam me afetar tanto as brigas. As “cachorradas” que eu tive nesse sentido não me faziam bem. Era muito sentimento envolvido, algo muito louco. Sempre que eu explodia, me vinha uma sensação muito ruim depois, porque eu não queria passar do ponto. Mas eu sentia que eu passava, que eu estava muito desprotegido. Era um sentimento tão forte que, mesmo eu sendo fã do programa, eu cheguei a pensar em desistir algumas vezes. Isso mexia comigo: chegar ao ponto de querer sair por brigar com uma pessoa. Então, eu comecei a repensar algumas atitudes, a tentar me controlar mais, a entender que de fato havia neuroses na minha cabeça que explodiam. Aí eu comecei a pisar no freio.
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Você foi um grande competidor, conquistou três lideranças e ganhou um anjo. Acha que isso te ajudou a ir mais longe na disputa?
Com certeza, porque, se não, eu ia acabar batendo o recorde de paredões do Babu (risos). Fui para sete e escapei em um na Bate e Volta. Eu acredito que as lideranças ajudaram, até porque o paredão é muito estranho, você não sabe a configuração e o que o público está achando, e isso mexe muito com o nosso psicológico. Ir a mais paredões, em momentos errados, poderia fazer com que eu tivesse atitudes muito mais pesadas. Já era difícil conviver com pessoas diferentes, o paredão ainda trazia um sentimento de rejeição, que eu tentava afastar de mim. Então, eu ser líder e evitar mais paredões foi o que fez eu conseguir eu ir mais longe, porque evitou mais surtos e sentimento de rejeição. Isso afastava a possibilidade de eu ter atitudes das quais eu iria me arrepender depois.
Seu beijo com o Lucas marcou essa temporada e foi bastante significativo para muita gente aqui fora. Você vê futuro nessa relação ou foi só curtição mesmo?
Eu queria muito revê-lo, mas ainda preciso saber direito tudo o que aconteceu. Assim que eu saí, ouvi algumas coisas que me chocaram. Eu não sei como vai ser, mas quero sentar e conversar com ele para entender. Fiquei bem surpreso com algumas coisas.
Depois do paredão falso em que a Carla foi “eliminada”, sua postura no jogo mudou. Por que motivo?
Eu sou muito intenso e qualquer pequena coisa eu transformo num universo. Quando ela voltou do paredão falso, eu logo pensei que eu e a Sarah sairíamos com 99% de rejeição. “O Brasil nos odeia e está tudo certo”, pensei. A minha ideia era tentar escapar dos paredões naquele momento para a rejeição diminuir um pouco quando eu saísse alguns paredões depois. Para mim, eu tinha chegado ao fundo do poço e não tinha mais saída. Mas tentei mudar minha postura, me aliei a outras pessoas para me salvar. O paredão falso é tombo! Que morte horrenda, que vergonha alheia que eu passei. Mas eu fui protagonista, eu fui tombado, eu tombei. Me deram o monstro para eu não atender o Big Fone, pois eu atendi de monstro, meu amor. Elas que lutem! Eu não sou obrigado (risos). Eu indicava a pessoa e ela não saia; depois eu brigava com a pessoa e fazia as pazes. Era uma agonia: eu era líder e daqui a pouco estava no paredão. Foi muito gostoso, era muito ‘Big Brother Brasil’. Eu sentia que estava assistindo e participando ao mesmo tempo.
A Sarah foi sua aliada desde o primeiro dia na casa. Como a saída dela impactou o seu jogo?
Eu via a Sarah como uma grande irmã no jogo e na vida. A gente tinha nosso shipp, nossa hashtag e eu tinha um carinho enorme por ela. A grande questão foi que eu me sentia culpado por ela sair. Na minha vida, se eu faço algo, eu quero pagar pelo que fiz. Eu até falei para todo mundo que não queria receber imunidade de ninguém porque eu tinha que arcar com as consequência dos meus atos. Eu tive um sentimento de que a Sarah pagou pelas coisas que eu fiz; na minha cabeça, ela tinha saído por conta da situação com o Rodolffo. Me doeu demais a eliminação dela. Eu a amava e vê-la saindo por algo que eu pensava que havia feito me machucou muito. Mas eu segui, decidi ir em frente e ser feliz porque imaginava que seria eliminado na semana seguinte e precisava aproveitar o tempo que tinha. Então, eu fui vivendo cada dia como se fosse o último – isso foi muito importante para mim, foi a minha luz. Eu voltei àquele Gil do início, que era fã, que queria aproveitar. Saí daquela neurose de jogar igual a um desesperado. Se eu saísse com 99%, eu teria aproveitado.
Diferente da sua parceria com a Sarah, sua relação com a Juliette teve altos e baixos. Como você enxerga a amizade?
A Ju é uma querida, uma pessoa sensacional de quem eu gosto muito. A gente teve, sim, nossas situações. Eu sou aquela pessoa que pensa uma coisa, surta, cria ideias. Desde o primeiro dia, eu disse isso, que desde criança eu crio coisas na minha cabeça. A gente que vem de uma realidade mais dura, de muito preconceito, aprende a desconfiar das pessoas porque o tempo inteiro vê isso. Eu chegava em um lugar, olhava para o lado e via um olhar diferente. Talvez nem todos os momentos que eu percebi havia um preconceito contra mim, mas era a única coisa que eu conseguia enxergar. A minha vida por muito tempo era enxergar preconceito e maldade – aquilo me blindava. Quando eu entrei no BBB, a Ju era muito idêntica a mim e isso foi maravilhoso. Quando a gente se conectou, eu não conseguia ver nada de ruim nela, mas, em algum momento no jogo, eu comecei a ver muita coisa de muita gente. Fiquei surpreso e comecei a desconfiar, sim, da casa toda. Eu comecei a ver que ela tinha muitas características do Nordeste e era algo que me tocava muito. As pessoas me falavam que ela poderia estar usando isso porque sabia que era meu ponto fraco. Aí eu já começava a criar coisas na minha cabeça e tudo mais. Eu não me isento do meu julgamento com a Ju, mas tem toda uma questão por trás. Graças a Deus eu consegui pedir desculpas, me resolver com ela e seguir o meu jogo. Espero que sejamos amigos aqui fora.
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A paixão pelo Fiuk é real ou foi só amizade?
É tudo muito intenso, muito louco. Agora eu quero a amizade dele; lá dentro eu queria o corpo dele nu (risos). Aí a gente confunde isso com paixão. Não vou mentir para o Brasil que a verdade é essa.
Quais são os amigos que fez no BBB e quer levar para a vida aqui fora?
O João, a Camilla, a Sarah (amor da minha vida), o Fiuk e a Ju são amigos que quero levar daqui para frente. Também amo demais a Thaís. Tem a Pocah, com quem eu me conectei mais no final, e o Arthur – inclusive descobri que existe o shipp #Gilthur. Que babado, estou chocado, Brasil! Todos eles são pessoas incríveis.
Qual cachorrada você mais gostou de viver e de qual você se arrepende?
Vivi tudo mesmo e não me arrependo. Os erros e os acertos construíram minha trajetória. Uma cachorrada que eu gostei muito foi a situação com o Rodolffo naquele jogo da discórdia. Eu disse que ia votar nele mesmo, que eu estava indignado, dei “baile” nele e “botei para torar”. Aquela foi boa porque eu não passei do ponto e consegui falar tudo com firmeza na hora da indicação.
Qual o maior aprendizado dessa experiência?
Eu acredito que a gente pode confiar um pouco mais nas pessoas e ter a coragem de ser quem nós somos, não tem problema. A vida está aberta a nós vivermos de verdade e a gente não merece se privar para agradar alguém ou alguma coisa buscando ser aceito. A gente consegue ser aceito sendo quem nós somos. Essa é a maior lição que eu levo do ‘Big Brother Brasil’ para toda a minha vida.
Quem leva R$ 1,5 milhão amanhã? E quem você quer que seja campeão?
Acho que vai ser a Juliette, pelo que vi aqui fora. Eu torço pelo Fiuk, meu amado, gosto muito dele, é alguém muito especial, mas acho que a Ju vai ganhar. Os três finalistas são muito incríveis, têm suas trajetórias, sua importância. Me identifiquei com a Ju assim que ela chegou, vi meu Nordeste. Acho que ela leva e vai ser muito merecido.
Saindo do jogo agora, quais são seus planos? Vai mesmo para o PhD ou pretende continuar no Brasil para aproveitar a visibilidade do programa?
Eu sei que tenho que colher os frutos do BBB, mas o PhD é o meu sonho, é o meu planejamento, meu projeto. Se eu não for, eu vou estar mentindo para um desejo que eu sempre tive. Eu disse que sonhei, eu me vi tanto entrando no ‘Big Brother Brasil’, quanto chegando no meu PhD. Se eu não for, vou estar me traindo. Fui aceito em três universidade, sendo duas com bolsa. E já escolhi uma.
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