Sarah Aline tinha no BBB muitos sonhos. Entrou disposta a se dedicar 100% ao game, mas não a renunciar a seus princípios. Foi a campeã de provas da edição, manteve-se fiel aos seus aliados durante sua permanência no reality, não teve pressa em firmar seus posicionamentos e não fugiu do embate quando os conflitos apareceram. Foi inclusive em um deles que proferiu a frase que chegou como a peça que faltava ao quebra-cabeças do que poderia dar errado em um game feito por únicos dois grupos opostos: “Afetos ditam prioridade”. Sarah ainda dançou, beijou, comemorou e fez tudo que gostaria no programa antes de ser eliminada pelo público, na noite de ontem. “Eu consegui viver tudo que o ‘Big Brother Brasil’ tem para oferecer”, afirma. A razão do que pode ter faltado para ir mais longe ela especula, mas ainda não está certa de que faria diferente se pudesse voltar atrás. “Eu não me arrependo de não ter exposto mais os meus posicionamentos porque eles sempre existiram. Foi no tempo que tinha que ser. Eu não gosto de me antecipar nas coisas que eu tenho que falar. Mas, como eu percebi que isso talvez fosse algo que o jogo exigia, eu poderia ter feito um pouco antes, óbvio, entendendo a necessidade”, pondera.
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Na entrevista a seguir, a eliminada também reflete sobre as alianças que fez no ‘BBB 23’, o retorno de dois eliminados à disputa com o jogo já avançado e os rumos do relacionamento com Ricardo, além de revelar quem tem sua torcida na grande final da temporada.
Você ganhou líder três vezes, anjo, arrematou poder curinga, atendeu Big Fone, beijou… Faltou viver algo no BBB?
Só faltou viver o monstro, estão dizendo por aí (risos)… Mas eu estou feliz que eu não ganhei o monstro. Eu consegui viver tudo que o ‘Big Brother Brasil’ tem para oferecer, ganhei todos os tipos de prova, então me sinto agraciada. Estou muito feliz.
Você foi uma das participantes que conquistou mais poderes nesta edição. Imaginava que ganharia tantas provas no reality? Acredita que essas vitórias te ajudaram a ir mais longe na disputa?
Não esperava, fiquei chocada. Eu sabia que eu ia me jogar, me entregar e que eu queria muito, mas eu fiquei: “Meu Deus, realmente posso ganhar muitas provas”. Isso me ajudou muito no jogo, com certeza, porque nessas ocasiões eu pude expor mais o que eu estava pensando para o público. Eu amei! Não esperava esse desempenho, que foi 10 de 10, e fiquei feliz.
Você afirmou que este era o paredão mais difícil que enfrentou. Por que acha que foi eliminada nesta berlinda contra Aline Wirley e Bruna Griphao?
Na visão de dentro da casa, a gente não sabia de fato quem seria eliminada; era uma incógnita. A gente tinha jogos muito parecidos e, ao mesmo tempo, muito diferentes. Isso nos deixava na dúvida de como as pessoas estavam vendo nossa performance. A Bruna Griphao, por exemplo, era uma pessoa que destoava um pouco mais de mim porque sempre foi muito reativa, diferente de mim, da Aline Wirley e da Amanda. Então, eu estava na dúvida e pensei que seria um paredão difícil não porque eu achava que eram mulheres que estavam muito fortes aqui fora e eu não, ou vice-versa, mas porque era um silêncio. Eu já estava chocada por não ter saído no paredão com o Fredão [Fred Nicácio] e a Bruna, então virou um silêncio. Imaginei, ainda lá dentro, que a minha saída fosse porque a torcida das meninas [Aline, Amanda, Bruna e Larissa] estava muito forte como um grupo, como parceiras, e isso sobrou para mim. Vendo de fora, entendi que foi realmente isso, um espelho da relação delas, mas que também tem sido uma construção a partir de outras pessoas que foram se mostrando, ganhando apoio do público, e assim vai. Não acho que a minha visão estava tão distante do que foi na realidade. Foi realmente torcida que me tirou dali. Mas, fiquei feliz que a minha porcentagem foi, obviamente, maior que a da segunda mais votada, mas não tão distante.
O que faltou para ser uma finalista?
Não ter ido para esse paredão já me ajudaria muito. Porque, nesta altura do jogo, ou a gente ganhava prova ou ia para o paredão. Sinto que ter me livrado desse paredão me ajudaria a chegar, sim, à final. E, estendendo um pouco mais para a trajetória como um todo, eu não me arrependo de não ter exposto mais os meus posicionamentos porque eles sempre existiram. Foi no tempo que tinha que ser, como na confusão com o Fredinho [Fred]. Eu não gosto de me antecipar nas coisas que eu tenho que falar. Mas como eu percebi que isso talvez fosse algo que o jogo exigia, eu poderia ter feito um pouco antes, óbvio, entendendo a necessidade. Eu não iria conseguir comprar briga e falar coisas que eu não entendesse a necessidade.
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Já na reta final, você perdeu os seus maiores aliados: Gabriel Santana e Marvvila. Como foi lidar com a saída dos dois? O que eles representavam para você no confinamento?
Foi muito difícil para mim perder os dois, ainda mais em sequência e vendo que eles saíram em um momento em que eles também não estavam tão bem com o jogo. Ficamos muito magoados com as informações que vieram de fora. Não por serem informações que invadiram cada um deles, mas porque foi muito difícil esse retorno naquele momento do jogo, depois de tudo que vivemos na casa, das eliminações; mexeu muito com cada deles. Então, vê-los nos paredões, mexeu muito comigo também. A despedida foi tenebrosa. Eu já tinha me despedido de pessoas queridas antes, mas a deles foi muito intensa para mim. Eram pessoas que tinham um espaço único no meu coração para além do jogo. Eu soube lidar porque eu queria muito ficar lá, queria muito ganhar, mas não foi tão simples quanto eu imaginei que seria.
Você teve um relacionamento afetivo com o Ricardo do meio para o final da temporada, mas a princípio combinaram de não jogar juntos. Qual foi a importância do Ricardo para você no BBB? Existe a possibilidade de continuarem juntos após o programa?
A pergunta de milhões (risos)! Eu e o Facinho [Ricardo] conseguimos entender muito esse lugar de que a gente não concordava no jogo. Eu não concordava com alguns posicionamentos que ele tinha e ele com alguns que eu tinha; não foi uma novidade para mim. No final isso estava mudando um pouco porque eu estava considerando mais as coisas que ele falava sobre o jogo e ele as minhas, que era algo que a gente não tinha no início. O afeto dita prioridades, né? Eu mesma disse isso e é muito verdade. Eu admiro muito o Ricardo como pessoa, então não demorou muito para, quando o jogo dele começou a bater com o meu, eu admirá-lo também no game. E sobre a gente aqui fora, fica aí, né? Não sei. Lá dentro a gente conversava sobre isso nas entrelinhas, mas a gente achava que a nossa vida seria muito diferente aqui fora. Pode ser – e já tem sido para mim, eu estou vendo – muito diferente. A gente se respeita muito e sabia que isso aqui era a nossa novidade, estar aqui fora é a nossa novidade. Então eu quero experimentar a minha novidade sendo Sarah e ele também como Ricardo. Por enquanto, a gente não tem nenhuma obrigatoriedade a não ser o respeito um com o outro, sabe? Eu estou amando ver nossos vídeos, acho fofo. Na hora eu sabia que nosso toque e nosso cuidado um com o outro eram muito amorosos, mas ver isso é diferente. Então, estou mexida, mas em um lugar de que a gente já tinha se respeitado, então não estou antecipando nenhum sentimento, não. Deixa ele ganhar esse negócio e, depois que ele sair, viver o rolê aqui fora. E se o nosso afeto se encontrar de novo a gente vai entender que faz sentido.
Seu lado analítico e seus conselhos foram elogiados na casa. A fala “afetos ditam prioridades” foi marcante dentro e fora do programa. A partir da sua experiência pessoal, acha que é possível separar jogo de relação afetiva no BBB?
Dá, mas você precisa ser muito corajoso porque é muito difícil. No jogo que o ‘BBB 23’ teve, que foi esse dividido por quartos, era fácil eu falar para as pessoas com quem eu tinha afeto no outro grupo: “Eu gosto muito de vocês, de brincar, da resenha, de estar aqui, mas a gente não joga junto”. E esse “a gente não joga junto”, se fosse verdade 100% que a gente não queria se proteger mutuamente pelo carinho, faria sentido. E é por isso que eu falei que exige muita coragem, porque a gente vê que os afetos se confundem, sim. E chega uma hora que você fala: “Eu gosto tanto da Sarinha, gosto tanto do Facinho, que eu quero proteger, mas eu não posso fazer isso porque tem outras pessoas que dependem de mim no jogo”. Porque a gente depende das pessoas, sim, no jogo, e é por isso que tem que ser corajoso. Até dá, mas tem que bancar. Vai ter que lidar com seu afeto, ele vai precisar entender, e pode ser que não entenda. Então eu, Sarah, continuo mantendo que afetos ditam prioridades. Talvez, se eu já tivesse vivido isso tudo e voltasse para o BBB, eu teria mudado um pouco e priorizado alguns afetos que não priorizei por medo de perder algo do jogo.
O que sentiu quando o Fred Nicácio e a Larissa retornaram à disputa?
Foi muito difícil. O Fred [Nicácio] e a Lari são pessoas muito especiais para mim. A Larissa foi especial na amizade que construímos lá. Como jogo, nunca jogamos juntas e meus principais primeiros desentendimentos foram com ela e com o Fredinho [Fred], então isso conflitou muito. Já o Fred Nicácio é o amigo que eu quero levar para a minha vida. A volta dele foi para todos, foi para ele, mas eu senti que foi muito para mim também porque eu precisava dele, do abraço dele, precisava sentir as palavras que ele tinha para falar para mim. Sabia que ele tinha visto o mundo aqui fora e estava tudo bem. Por esse lado, foi muito bom. Mas, pensando no jogo, eles chegaram com a gente já há 80 dias lá, sabendo que eles saíram, viram a família, amigos, etc. E depois o Gabriel Santana ainda foi eliminado, e isso me deu um nó. Mas o que é justo e o que é injusto quando se trata de uma dinâmica? Talvez seria justo se fosse comigo ou com alguém muito próximo a mim, como por exemplo o Fredão, e poderia ser injusto no outro lado, como sendo a Larissa. Foi quando eu concluí: “Tá, voltaram como participantes e a gente está aqui competindo o jogo. O Fred Nicácio é meu amigo de game e vambora”.
Por diversas semanas, você votou junto com os integrantes do quarto Fundo do Mar e verbalizou que estava votando em grupo por uma questão de sobrevivência. Se pudesse voltar atrás, teria adotado outra estratégia ou manteria a decisão?
Ótima pergunta porque hoje eu sou apaixonada pela maioria das pessoas do Fundo do Mar. No começo a gente não tinha escolhido estar ali, então por isso eu dizia que era por sobrevivência. A gente viu que foi uma reação natural ao jogo, para a gente se defender, mas agora eu fico muito feliz de ter conhecido aquelas pessoas nessa circunstância. Eu talvez faria de diferente trazer mais para perto desde o início pessoas como o Ricardo e a Aline. E talvez até mesmo a minha relação com Bruna, Larissa e Fred, sem essa dinâmica de grupo, tivesse sido superlegal no jogo, não só na resenha. Então, falar que eu faria 100% diferente eu não consigo, porque eu não sei, já que foi muito bom o resultado para mim. Mas eu sei que teria valor também.
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Aline Wirley e Bruna Griphao não eram do seu grupo. Com a Aline você teve uma forte conexão e com a Bruna alguns embates recentes. A Aline seria uma boa aliada? E a Bruna, você diria que ela foi sua maior rival no BBB?
Eu e a Aline tínhamos uma conexão muito grande, de verdade. A gente se depositava muito carinho, muito amor, às vezes só no olhar. Então, no meu jogo, se fosse totalmente recíproco, eu amaria ter a Aline como aliada. Seria ótimo, talvez a gente conseguisse se expressar melhor juntas. Com a Bruna comecei sendo colega de resenha, de “After dos Crias”, mas ela sempre deixou muito claro quem eram as prioridades dela do jogo e eu sabia que eu não era uma delas. Então, quando os laços foram se estreitando e a gente não tinha mais muitas opções dentro da casa, eu comecei a entender que era o momento de eu trazer os meus posicionamentos sobre o jogo dela, que ela também trouxe sobre mim e que não tinham aparecido antes. Quando eu comecei a trazer pontos sobre o jogo e não sobre a Bruna em si, foram posicionamentos que o jogo exigiu. Não a vejo como uma super rival, acho que essa foi só a reação aqui fora. Tanto que quando eu saí ela falou coisas muito bonitas para mim, que são recíprocas.
Quais foram os amigos feitos no BBB que pretende trazer para fora do jogo?
Marvvila e Gabriel Santana com certeza, quero muito. Domitila Barros, Cezar, Fred Nicácio, Ricardo… A lista está sendo grande, mas acho que essas são as pessoas com quem, principalmente no final, eu estava muito conectada, em sintonia no coração. A Aline também é uma amizade que eu quero para a vida. Essa é a minha galera, mas não que os demais também não possam ser meus amigos. É só porque bate no coração mesmo (risos).
Quais são os melhores momentos que leva dessa experiência?
As provas que eu ganhei foram o auge para mim, fiquei muito feliz e surpresa de ter ganhado. Sou, por enquanto, a pessoa que mais ganhou provas na edição, então isso com certeza foi muito legal. Além disso, os momentos com as minhas relações, em que eu fui fiel a elas, preservei, quis cuidar, ouvir e ser cuidada e ouvida também. Os meus posicionamentos no conflito com o Fred também foram bons momentos meus na casa.
Quem você acha que tem chances de vencer esta edição? E para quem fica sua torcida?
Aqui fora, vi que tem uma grande mobilização de fãs e pessoas que estão admirando bastante Amanda, Bruna, Larissa e Aline. Mas eu queria que os meus vitoriosos estivessem entre Domitila Barros e Ricardo. Eu não consigo fazer uma separação, independentemente de qual dos dois ganhar eu vou ficar muito feliz. A Domi tem um lugar no meu coração surreal. Eu não consigo nem a definir em palavras, ela é realmente uma pessoa incrível. Eu nunca vi alguém conseguir viver intensamente tanta coisa quanto ela, e também nunca vi alguém conseguir reconhecer tanto seus erros quanto a Domi e o Ricardo – e isso é uma das coisas que eu mais admiro em qualquer pessoa que eu conheço. Por isso eu fico na dúvida. Mas acho que a trajetória da Domitila pede um pódio, né? Quero muito que o Ricardo vá para a final também, quero muito que ele ganhe. Sei que só um ganha, mas meu coração está dividido (risos).
Quais são os planos para a vida pós-BBB?
Eu quero continuar comunicando. Eu senti que tiveram muitas pessoas que gostaram não só de mim, mas da maneira como eu falo sobre as coisas ou que eu contribuo para as relações, para as histórias. Quero encontrar uma maneira de me tornar essa comunicadora. Eu sempre tive o sonho de ampliar diálogos e fazer com que as pessoas tenham mais voz. Algo que envolva conseguir trazer mais debates, mais discussões, mais momentos de acolhimento e de fala não só para mim, mas para outras pessoas. Como isso vai acontecer, se nas minhas redes sociais, na TV, eu não sei. Mas é o que eu mais estou sentindo aqui dentro como uma possibilidade para mim, no meu sonho.
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