Um jogador solo. Um jogador que se impôs dentro de um grupo. Um jogador empático. Um jogador explosivo. Um jogador bom de provas. Essas e outras alcunhas cabem a Ricardo, o último eliminado do ‘BBB 23’, mas nenhuma delas dá conta de definir por completo seu game. O biomédico mirou no prêmio final e decidiu avançar sem medo de adversários – todos poderiam sê-lo, como ele declarou, até mesmo os mais próximos. Não à toa, mudou de quarto quando não se sentiu mais relevante entre os aliados. Mas não aderiu a nenhum outro grupo; dentre os dois lados, preferiu o seu próprio. Se deu certo? Ele acredita que sim: “Sempre pensei em não jogar muito em grupo, e em ter meu posicionamento individual por mais que estivesse jogando em grupo. Eu queria mostrar que eu tinha o meu jogo solo, minhas jogadas, minhas combinações de voto do outro lado sem ninguém saber, por debaixo do pano. Acho que isso me fez um jogador importante para o jogo. Foi necessário ter um gato sorrateiro como eu (risos). Talvez por coisas pequenas eu não tenha conseguido ser o campeão dessa edição. Mas também não tem como ser perfeito, ser tudo que o público queria. O público fala: ‘Se você tivesse feito isso…’ Aí da vontade de falar: poxa, mas eu fiz 90% das coisas que vocês queriam, os outros 10 eu não fiz e vocês me deixaram sair? (risos)”, brinca Ricardo.
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Na entrevista a seguir, ele ainda avalia o jogo das Desérticas, que compõem o Top 4 da edição, conta as razões dos embates com Fred e Cezar, arrisca dizer a jogada que pode ter tirado seu pódio no BBB e palpita sobre quem deve levar o prêmio da temporada.
Como você avalia sua passagem pelo ‘Big Brother Brasil 23’?
Eu avalio como uma crescente bonita. Acho que eu tive tempo de mostrar o meu coração, coisa que eu fiquei com medo de não conseguir. Quando eu consegui me manter naquele paredão pós-Cristian, que foi um paredão em que possivelmente eu poderia ter saído, acho que foi uma virada de chave. Eu tive um tempo maior para mostrar o verdadeiro eu, Ricardo. Era o coração de um bondoso com o coração de um jogador. E misturava com um pouquinho na mente, passavam mil coisas na minha cabeça, mas consegui lidar bem com minhas emoções, com meus afetos e também separar afeto de jogo. Nesse finalzinho, acho que fiz uma trajetória limpa, bonita, da qual eu me alegro. Sei que vão ter uns pepinos aí pela frente, mas tudo finalizou com chave de ouro no discurso que o Tadeu fez para mim. Querer ser campeão a gente quer, mas sair com honra não tem dinheiro no mundo que pague. Deixei um legado.
Você afirmou várias vezes que estava no BBB para jogar e questionou alguns participantes que, na sua visão, não movimentavam muito o jogo. Qual era sua estratégia para levar o prêmio? Acredita que conseguiu executá-la?
Eu estava muito observador. Nunca gostei de pessoas que “sabonetavam”. No jogo da discórdia, eu via que as pessoas tomavam muito cuidado, meticulosamente, com as palavras que iam falar. Era muito cuidado, muito carinho e pronto, acabou o um minuto de fala. E eu falava: “Gente, é um jogo da discórdia!”. Não era um jogo para elogiar as pessoas. Eu fazia questão de expor quem fazia isso. Pensava: “Se expor essa pessoa, eu vou estar falando que ela é planta, o Brasil vai estar ouvindo e, possivelmente, o Brasil não gosta de planta. Então, se bater no paredão, vai sair”. Acho que eu consegui com alguns. Só que tem aquela coisa: tem gente que, por mais que seja planta, o Brasil gosta. A pessoa é planta, mas é carismática; é planta, mas tem um coração incrível. Então acaba passando despercebido. Mas eu também sempre pensei em não jogar muito em grupo, e em ter meu posicionamento individual por mais que estivesse jogando em grupo. Eu queria mostrar que eu tinha o meu jogo solo, minhas jogadas, minhas combinações de voto do outro lado sem ninguém saber, por debaixo do pano. Acho que isso me fez um jogador importante para o jogo. Foi necessário ter um gato sorrateiro como eu (risos). Talvez por coisas pequenas eu não tenha conseguido ser o campeão dessa edição. Mas também não tem como ser perfeito, ser tudo que o público queria. O público fala: “Se você tivesse feito isso…”. Aí da vontade de falar: poxa, mas eu fiz 90% das coisas que vocês queriam, os outros 10 eu não fiz e vocês me deixaram sair? (risos).
Jogar sozinho, como você disse que fazia, foi uma boa escolha?
Foi muito boa escolha! Eu sempre bati na tecla de não ficar em um lugar onde eu não sou valorizado e as pessoas não me enxergam. Ainda mais quando duvidam do meu caráter. Isso não. Então bati no peito, falei que ia sair do quarto e, quando cheguei no outro quarto, avisei: “Vim dormir, não vou jogar em grupo e meu voto é fulano e fulano”. Pronto, ali eu deixo claro que estou jogando sozinho. Só que depois a gente vai criando um afeto, começa a jogar em grupo. Mas eu ficava um pouquinho no Fundo do Mar, um pouquinho no Deserto, dava um voto no [Cezar] Black solitário (risos)… Acho que o jogar sozinho foi muito bom para me deixar mais tempo no jogo.
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Para você, o que te tirou da final do ‘BBB 23’?
Acredito que é aquela coisa dos 10%. Se naquele paredão em que eu indiquei o Fredão [Fred Nicácio] eu tivesse tentado colocar as três desérticas, e eu poderia ter feito isso, acho que eu teria dado o xeque-mate para ser campeão do programa. Porque algo me dizia que, no fundo, no fundo, iam sobrar só as quatro e elas poderiam me tirar. Eu falei isso uma vez no programa, eu não era bobo. Sabia que, no final, por mais que eu tivesse com elas, as quatro poderiam se juntar e me tirar. E eu estava certo.
Você venceu várias provas no BBB: ganhou duas lideranças e três anjos, além da primeira prova de imunidade. Acha que a boa performance nas dinâmicas te ajudou a ir tão longe na competição ou outro fator foi determinante?
Em metade do programa, todas as provas que eu ganhei de liderança, anjo e imunidade não foram o ponto chave. O ponto chave foi, no final do programa, eu ter conseguido ficar quatro ou cinco paredões imune por causa dos poderes. Os poderes foram mais importantes no final. No início me deram visibilidade, mostraram o guerreiro que eu sou, mas, mesmo assim, eu sei que ainda não era o ponto chave naquele momento; o meu comportamento que seria responsável pela minha permanência no jogo. Mas, no finalzinho, aí sim, a autoimunidade, a liderança, o anjo que ganhei da Sarah Aline, depois liderança de novo.. Tudo isso me manteve no programa, com certeza.
Antes de ir para o paredão que te eliminou, você havia tido apenas um voto durante toda a experiência. A que você atribui este fato?
Olha, liso para caramba, muito liso (risos)! Eu tinha minhas confusões, minhas brigas, mas é engraçado porque elas não eram contra o grupo oponente, eram sempre contra uma pessoa. E, por mais que fosse com aquela pessoa, o restante do grupo dela gostava de mim, tinha afeto por mim, ou então o alvo era outro! Acho que foi uma mistura de sorte e de eu também saber ter jogo de cintura, fazer outras pessoas gostarem de mim. O Fred falava isso: “Você fica no meio da guerra pedindo bala e a bala não vem em você, não sei o motivo”. Aí depois ele fala que eu tinha um trato com o Gustavo, com a Sarah. Mas, querendo ou não, foi uma mistura de sorte e de timing também. Porque se a briga fosse na hora errada, ia lascar para mim.
Você e Fred começaram muito próximos no game, mas depois tiveram fortes embates na casa, que culminaram na sua saída do quarto Deserto. O que acha que deu errado na relação de vocês dois?
Sinceridade? O relacionamento dele com a Lari. Eu lembro que em um dos primeiros jogos da discórdia, na questão do pódio, eu já vi que ele estava muito próximo da Larissa e aquilo estava distanciando ele de mim. Eu falei: “Pronto, estou perdendo um soldado”. Quando ele fecha um relacionamento com ela, eu confirmei isso. Ele foi se distanciando mais de mim, se aproximando mais da Bruna [Griphao], do Sapato [Antonio “Cara de Sapato” Jr.] e foi me deixando de lado. Isso aconteceu naturalmente. Quando ele se afastou totalmente de mim e começou a desconfiar de mim, aí foi o estopim. Ele falou que eu estava passando informação para a Sarah, coisa que não fiz. Queria muito fazer, mas sabia que se fizesse eu seria um X-9 no programa, e eu não queria ser rotulado assim, como um leva e traz. O momento em que ele se afastou de mim naturalmente, pelo relacionamento, por estar se aproximando de outras pessoas, e depois desconfiou de mim foi o que quebrou total a nossa amizade. E também o jogo dele muito “saboneteiro” (risos).
Alguns participantes criticaram o seu jeito explosivo no confinamento. Antes de entrar, imaginava que essa característica poderia impactar o seu desempenho no BBB? Teria feito algo de diferente no convívio?
Minha mãe sempre avisou que esse meu jeito explosivo e reativo de ser poderia me complicar um dia. E eu nem sabia ainda de BBB. Quando eu entrei no BBB, era uma fase em que eu estava muito “good vibes”, então não imaginei que isso fosse acontecer. Mas lá dentro do jogo foi tanta pressão, e eu também não tinha voz no quarto, as pessoas debochavam quando eu falava de Big Fone – e no dia que tocou, eu estava lá acampado –, ninguém estava nem aí para mim… Aquilo foi me irritando, me irritando, até o ponto que eu pensei: “Para ser ouvido eu vou ter que gritar? Não é possível”. E eu comecei a acumular coisas, a me desgastar, a falar mais alto. Certamente foi o meu ponto fraco. Eu tenho certeza de que, se eu tivesse uma calmaria, eu teria sido certeiro, preciso. Teria sido um atirador de sniper, não um Rambo que tem que dar 100 tiros para acertar um (risos). Então, acredito que meu lado reativo me atrapalhou, sim. Porém, eu sei que teve momentos em que eu reconheci isso, e o reconhecer engrandece. O seu maior defeito pode ser o seu aliado também, e eu acho que quando eu reconhecia e melhorava, ficava semanas sem brigar, me ajudava muito. Era o autocontrole, que também me ajudou nessa jornada.
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Por que optou por mudar de quarto?
Mudei porque desconfiaram de mim, me chamaram de traidor. E, quando eu estava saindo, falaram que eu era uma pessoa ruim, má, que despertava o lado ruim das pessoas. Ninguém tem coragem de bater no peito para falar que tem um lado ruim, mas a culpa é minha por despertar o erro da pessoa? Tem um erro aí nesse negócio. E vi que ali não era lugar para mim. Eu já tinha falado isso para o [Cezar] Black, uma vez: “Se você não é aceito lá e está dormindo lá, você está morto por dentro”. E quando a mesma coisa que acontecia com ele aconteceu comigo no quarto Deserto, pronto. Eu fiz o que eu falei que ele tinha que fazer: peguei minhas coisas e saí. E saí feliz.
Logo no início da temporada, você e a Sarah estabeleceram uma relação de amizade que, do meio para o final, virou um envolvimento amoroso. Qual foi a importância dela para você no BBB?
A Sarah foi meu amparo. Ela cuidou de mim. Quando ninguém via meu lado bom do coração, meu lado bom como jogador, ela via. Quando eu estava triste, ela vinha e me jogava para cima. Tinha horas em que eu queria entregar os pontos, e ela falava: “Não vai, não. Calma que vai dar certo”. E ela conseguia conversar comigo com calma, nunca precisou aumentar a voz para falar, então eu conseguia ouvir, entender. Ela foi aquela amiga que todo o ser humano precisa ter. E eu ainda tinha uma admiração incrível por ela. Então eu tinha um amparo, uma conselheira, uma pessoa de quem eu queria ser parecido na forma de falar. Eu estava aprendendo com ela, e a gente não aprende com as pessoas falando com a gente, mas, sim, observando. Eu observei muitos movimentos dela lá, que adquiri alguns para mim durante o jogo, e isso foi essencial durante a minha jornada. E ela foi meu amorzinho lá dentro, né? (risos)
Você também teve um envolvimento com a Paula no início, que, quando saiu, chegou a falar que vocês têm um encontro marcado. Como foi receber a informação de que ela estaria te aguardando aqui fora por meio do Fred Nicácio?
Foi um “boom”. É loucura porque a gente não ficou. Eu acredito que era mais afeto meu do que dela por mim. Eu realmente me apaixonei, foi incrível, uma loucura, só que não foi correspondido. Ela saiu do programa e eu segui minha vida normalmente. Conheci outra pessoa muito especial para mim, muito amiga, muito parceira, muito match. Estou seguindo minha vida maravilhosa e, de repente, vem o Fred e fala: “Se lembra daquela pessoa lá? Disse que é apaixonada por você e está te esperando”. Oi? Me esperando? Deu um choque. Mas eu pensei no que eu estava vivendo – e eu não vivi o lá atrás com ela, só senti, mas não foi recíproco. E esse eu estava vivendo, gostando. Não iria largar o que eu tinha para me aventurar em um momento, sabe?
Você e o Cezar se desentenderam em jogos da discórdia, você o colocou na xepa com o monstro, mesmo ele sendo líder, depois trocaram votos, e acabaram dormindo no mesmo quarto. Ele era seu principal adversário no game? De que forma ele atrapalhava seu jogo?
Ele me atrapalhava! Olha… Eu gostava dele como pessoa, me divertia muito com ele, mas o jogo dele me dava um ranço. Ele precisava parar de ser cagão, precisava bater de frente com as pessoas mesmo. Mas quando ele batia de frente, ele perdia totalmente a mão, ia em pessoas que eu achava que não tinha que ir. E aquilo me dava um ranço, mas ele não era meu principal rival. Quando eu mudei de quarto, meus principais rivais eram o Fred, a Larissa e a Bruna. E tinha horas que parecia que ele pedia para eu votar nele! Se eu não votasse, eu seria contraditório comigo mesmo. Acho que ele pediu muito para ser o meu rival, só que na verdade eu não queria que ele fosse. Tanto que levei ele para o almoço do anjo. Queria trazer ele para mim. Eu gostava dele porque ele tinha uma visão de jogo muito boa também, só que o povo não dava moral para o que ele falava no quarto Fundo do Mar, ninguém gostava. E eu tinha empatia porque vivi isso no Deserto. Queria trazer ele para mim, falava do meu jogo para ele, ele ia lá e me explanava. Então, ele me atrapalhou muito, muito. E foi um Tom e Jerry ali, um Papaléguas e Coiote (risos). Mas eu gosto muito dele. Foi a minha carne de pescoço, como eu dizia (risos).
O que você leva dessa experiência?
Levo o meu desenrolar. Não sabia que eu era tão desenrolado como eu fui, não sabia que seria tão liso. Também não acreditava que poderia ser um comunicador, que conseguiria interagir com uma câmera, como experimentei nas festas. Vi que minha mente é forte. Nunca pensei que minha mente fosse forte e ela foi nos momentos em que eu mais precisei. Os ensinamentos da minha família sempre foram postos em prática, mas parece que no BBB vez foi a prova dos nove; eu acho que tudo que meus pais me ensinaram eu consegui mostrar. Consegui entender que existem sentimentos que precisam ser separados: o que é afeto, o que é jogo e o que pode ser na vida; o que tem que ser responsabilidade e o que pode ser diversão… E também aprendi que ganhar não é vencer.
Como enxerga a configuração do Top 4, composto apenas por integrantes do extinto quarto Deserto? Acha que se tivesse continuado jogando com elas poderia ter sido um finalista?
Não acho, não dava. Porque eu discordo do jogo da Amanda e da Aline [Wirley], e discordo de alguns comportamentos da Bruna; a gente não se bicava. A gente até se gostava, era como na relação de irmãos, mas eu não me dava bem com alguns comportamentos da Bruna. Então, eu ia estar por que junto com as quatro? Não fazia sentido nenhum. Eu fiz o que tinha que ser feito. Acho que, independentemente do que eu fizesse, eu não estaria nesse Top 4. Mas a Larissa é uma grande jogadora, embora tenha saído e voltado. Ela é desenrolada.
Quem é ou foi o melhor competidor do ‘BBB 23’, na sua opinião?
A melhor jogadora, sem dúvidas, é a Lari. Não tem o que falar. No início do programa ela era muito assertiva nas coisas, sabia conversar, persuadir as pessoas para entender o jogo dela e do Fred. Isso foi muito importante para ela enquanto jogadora.
Para quem fica sua torcida agora?
Acho que a Amandinha merece ganhar. A Lari só se não tivesse saído do programa. Como ela saiu, acho que já não faz sentido ganhar. Agora, a Amanda teve um jogo de planta, sim – eu falo isso sem problemas e os hates podem vir (risos). Porém, ela veio em uma crescente muito boa, se posicionando cada vez mais, e ouviu o que a Lari veio trazer. Quando ela ouviu e colocou em prática, ela se sobressaiu. Então ela foi assertiva nos posicionamentos, na forma de falar. Saiu de um jogo totalmente oculto para uma possível protagonista das Desérticas. E ela é carismática! É engraçada, minha estranha favorita, como eu gostava de dizer. Acho que ela ganha.
Quais são os planos para o pós-BBB? Pretende voltar para a Biomedicina?
Eu quero voltar a estudar. Quero fazer Medicina, mas acho que nesse momento não vai dar para conciliar. Quem sabe no próximo ano eu me prepare para fazer um vestibular e entrar em 2025. Não tenho pressa, estou tranquilo quanto a isso. Também quero ver o que o mundo tem para me oferecer, ver se eu tenho alguns dons que estão esquecidos, algo que me desperte a dopamina, hormônio da felicidade. Quem sabe a Comunicação, o Marketing, quem sabe ser um digital influencer… Eu não sei, mas quero tentar tudo que tiver para encarar, experimentar. Acho que a vida é isso: aproveitar as oportunidades.
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