Um jogo marcado pela gentileza. Quem assistiu ao ‘BBB 24‘ não presenciou Matteus provocando embates, trocando ofensas ou sequer elevando a voz para adversários. O comportamento do participante do Alegrete, no Rio Grande do Sul, causou um estranhamento nos demais competidores pelo inusitado: entre tantas questões e vias acaloradas, ele optou por se colocar no lugar do outro e manter-se calmo. “Mesmo sabendo que o BBB é um jogo de comprometimento e que a gente tem que fazer escolhas difíceis, eu tomei minhas decisões do meu jeito, mas tomei. Acredito que isso tenha chamado a atenção das pessoas. Confesso que eu não tinha a real noção da proporção de tudo isso, estou tendo aqui fora. Levei para o BBB esse meu jeito de falar da minha cultura, de trazer comigo o amor pela minha cidade”, explica o segundo colocado da edição, que obteve 24,50% da preferência do público na grande final.
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Matteus formou não somente um, mas dois casais ao longo da temporada, venceu duas provas do líder, conquistou cinco provas do anjo e viu sua pequena cidade natal virar codinome e ser conhecida em todo o Brasil. A seguir, ele reflete sobre tudo isso e ainda comenta os conflitos da temporada e seus planos para o futuro pós-Big Brother.
Você alcançou a grande final da temporada e saiu como vice-campeão. Na sua visão, o que te levou a esse título?
Eu confesso que estou apavorado com tudo que está acontecendo (risos). Mas acredito que o que me levou à segunda colocação foi ser eu mesmo. Uma pessoa responsável nas minhas ações e que levou um jeito diferente de ser para dentro da casa do BBB. Não falo isso com soberba, longe disso. Mas sempre tratei as pessoas com respeito, consideração, me colocando muito no lugar dos outros. Mesmo sabendo que o BBB é um jogo de comprometimento e que a gente tem que fazer escolhas difíceis, eu tomei minhas decisões do meu jeito, mas tomei. Acredito que isso tenha chamado a atenção das pessoas. Confesso que eu não tinha a real noção da proporção de tudo isso, estou tendo aqui fora. Levei para o BBB esse meu jeito de falar da minha cultura, de trazer comigo o amor pela minha cidade, mesmo sendo longe de tudo e de todos. O meu povo me acolheu muito, e agora estou vendo o quanto. Eu sabia que meu povo era muito hospitaleiro, agarrava muito as causas e tudo que importa para a nossa cultura, mas não sabia que era tanto assim. Não estou acreditando! É um sonho que eu nunca imaginei viver.
Quando entrou no BBB, imaginava ir tão longe na disputa?
Eu confesso que me imaginava na final e queria muito estar nela. Só que, durante a trajetória no programa, eu via muita gente forte. Pessoas que viajaram o mundo, com muitas experiências ou com vivências incríveis, com força, garra. E não desacreditando de mim, mas ao mesmo tempo eu me perguntava: “Quem sou eu para chegar numa final de um programa tão grande como esse?”. Ainda mais em uma edição com participantes ímpares no sentido de vivências, do orgulho de onde são, gente de norte a sul e de cada pontinha do país. Ser o único representante do meu estado, Rio Grande do Sul, foi muito emocionante também. Mas eu confesso que não foi fácil chegar tão longe.
Quais foram os momentos mais especiais dessa experiência?
O primeiro foi o dia em que eu ganhei o carro para a minha mãe. A última prova do líder também foi muito legal pelo valor do prêmio em dinheiro, R$ 30 mil. Ali eu digo: “Meu Deus, já tenho dinheiro para reformar a casinha da minha avó”. Nunca tive tanto dinheiro na minha conta, e agora vou ter um dinheiro bom para fazer a diferença para a minha família. Não é um dinheiro para mudar a vida de todo mundo, mas vou poder arrumar a casa da minha avó, colocar um ar-condicionado no quarto dela, rebocar as paredes… Fora os anjos, em que pude ver minha família e também, de alguma forma, transmitir a minha essência para as pessoas, mostrar meu cavalo (risos). Foram momentos muito especiais.
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Como foi chegar à final com o Davi, seu amigo, e a Isabelle, com quem viveu um romance na casa?
No início os dois não iam muito com a minha cara porque eu coloquei a Isabelle no monstro (risos). Mas, com o passar do tempo, Davi e eu vivemos momentos muito legais, muito intensos. Mesmo a gente batendo de ponta algumas vezes, pelas diferenças na forma de ser, foi muito legal viver o momento da final com ele. E eu e Isabelle passamos praticamente todo o jogo nos votando, e ao mesmo tempo dançando (risos). E ficávamos tendo aquelas conversas sobre ser inconveniência ou não dançar junto. No final a gente se aproximou, ficou, e teve esse acontecimento de ter que votar nela e no Davi. Isso me doeu muito, mas, ao mesmo tempo, fiquei muito feliz de poder chegar com eles à final. Foi muito especial.
Alane e Beatriz eram as pessoas escolhidas para o seu pódio. Por que acha que elas deixaram a disputa antes da hora?
Quem sou eu para julgar as pessoas nesse sentido, né? Mas eu acredito que as gurias deixavam a desejar nos detalhes do dia a dia, como o vacilômetro. Era algo que dava muito argumento para as pessoas. E isso, mal ou bem, ficava chato. Entrar no “Tá com nada” não era legal porque gente já tinha a pressão psicológica e uma ansiedade imensas no jogo. No dia em que a Bia colocou a gente no “Tá com nada” pelas cascas de banana, por exemplo, já tínhamos vivido quase 90 dias de programa. A esta altura ficar dois, três dias comendo só arroz e feijão… Era uma comida, e graças a Deus a gente tinha, mas mexia com a nossa cabeça. Acho que podem ter sido esses detalhes que deixaram a desejar.
Você foi líder duas vezes e anjo cinco vezes. Imaginava que as provas fossem ser um ponto forte seu no BBB? Acha que elas foram determinantes para chegar até o último dia?
Eu sempre fui muito competitivo, principalmente em esportes. Só que no BBB, fui no “seja o que Deus quiser”. Pensei em sempre dar o meu máximo e, se fosse bom o suficiente para ganhar, ia ganhar. As coisas foram se encaixando, se encaminhando. Em algumas provas, me frustrei um pouco porque criei expectativa e não consegui ganhar. Mas ganhar cinco provas do anjo e o Tadeu mencionar que eu encostei no recorde do Dhomini (BBB 3), que há 20 anos não era batido, me deixou muito feliz. Para o jogo acredito que foi muito importante porque foram sete formas de aparecer na disputa. Tive que tomar decisões como líder e sendo anjo, como as de imunizar e indicar alguém ao paredão. Também tive o poder curinga, que mexeu um pouco com o jogo. Além das provas, eu tinha o temperamento mais calmo, mas em muitos momentos cruciais do jogo, as decisões que tomei foram importantes. Falei lá no início sobre não achar legal os julgamentos que faziam da Vanessa Lopes, por exemplo, tranquei o pé com a Leidy Elin quando ela estava falando com as gurias do outro quarto sobre nós. Mesmo não sendo loucão, de gritar, eu acho que me coloquei em momentos que foram cruciais para permanecer no jogo.
Apesar de tantas vitórias, você sempre se emocionava ao ver sua família em vídeos e fotos. Qual foi a importância desses momentos para você no confinamento?
Desde que entrei na casa estava angustiado e preocupado com a minha família porque a minha vozinha já é velhinha, está com 81 anos, tem a minha tia que também é bem velhinha. Sempre me preocupei muito com elas e com a minha família inteira. Cada momento de poder ver, ter contato, era muito especial, por mais que fossem segundos. Teve anjo em que eu nem escutei nada, só via as imagens. Mesmo na casa com 25 pessoas, eu me sentia muito sozinho em alguns momentos. Ali a gente lida com pessoas que nunca vimos na vida, com temperamentos muito diferentes, e é complicado. Esses vídeos do anjo me ajudavam a renovar as energias e seguir em frente.
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Você ficou conhecido como “Alegrete”, que é de onde você vem, e demonstrou o orgulho de sua cidade e de seu estado natal. Esse era um de seus objetivos no reality?
Com certeza. E ficava até preocupado de não conseguir transmitir isso. Tenho muito amor pela minha cultura, minha cidade – e fui criado não somente na cidade, mas na zona rural, como sempre citei. Foi muito importante para mim levar esse amor para todo o Brasil. Vi a proporção que tomou aqui fora, fizeram até música com o meu nome e o Alegrete no meio! É algo inexplicável o que eu sinto quanto à minha tradição e tudo que já vivi no campo. Ver o “Canto alegretense” tocando nas festas junto com as músicas de tantos artistas nacionais foi muito importante!
Você foi um dos integrantes do grupo Fadas. Na sua visão, o que os levou tão longe na disputa pelo prêmio, já que depois da saída da Deniziane, só foram eliminados participantes do Gnomos e/ou Magia?
Acredito que foi pelo fato de a gente ser muito sincero e leal. A principal palavra é lealdade. Mesmo nos momentos mais difíceis do jogo, a gente jamais largou a mão um do outro. Em muitos momentos tivemos opiniões e votos diferentes, mas fomos leais uns aos outros. Quando a Anny [Deniziane] saiu, eu falei para as gurias: “Bia, você é o meu segundo e, Alane, o meu terceiro lugar, independente do que acontecer. Só se vocês me fizerem alguma coisa muito errada isso muda”. No final eu votei na Isabelle e no Davi, ou seja, não mudei isso. Não tenho muita noção do que aconteceu aqui fora, mas acredito que esse tenha sido nosso diferencial.
Antes de decidir jogar com as Fadas, você esteve bem próximo de integrantes do quarto Gnomos, como o Lucas Pizane, fez parte dos Vips do Rodriguinho, quando foi líder. Essa escolha de integrar o grupo Fadas foi uma decisão ativa sua ou uma consequência da saída dos seus companheiros do grupo oposto?
Eu entrei no jogo analisando as situações. O meu objetivo inicial não era me enfiar em grupo nenhum, era analisar. Nas primeiras semanas, os guris me convidaram para fazer prova junto, a gente ganhou e já entrei no Vip. As falas sobre a Vanessa Lopes aconteceram nesse Vip, e foi a partir dali que eu comecei a me afastar, com o Pizane ainda na casa. Eu me senti desconfortável com isso. Eu não acho legal julgar as pessoas, por uma coisa nada a ver pior ainda. Desde o primeiro dia eu fiz contato com a Anny [Deniziane], na prova de resistência. Ela era a única pessoa na casa com quem eu conversava sobre tudo. Ela me dava muitas dicas, me alertava que eu estava flutuando um pouco no jogo sem grupo. Mas eu só entraria em um grupo se fosse para firmar mesmo, se me sentisse confortável, porque se eu entro, vou até o fim; sou muito leal. Aos poucos, fui gostando de conviver com as pessoas do Fadas, a Bia, a Alane. Fomos vivendo naturalmente os momentos e, quando eu vi, a gente estava jogando junto. A gente tinha mais ou menos a mesma linha de pensamento e não tinha a obrigação de votar junto, a princípio. Cada um respeitava a opinião do outro, por mais que não fosse uma estratégia tão boa assim. Mas acredito que deu certo e assim a gente chegou aonde chegou.
Você ficou com a Deniziane, mas, antes de ela sair da casa, vocês acabaram terminando por escolha dela. Pretende conversar com ela aqui fora?
Foi um relacionamento muito intenso para mim. De amizade, de carinho. Eu não nego isso, tanto que aconteceu tudo que aconteceu, eu sofri quando ela saiu, chorei bastante. Mas eu acredito que está resolvido o que a gente viveu. Só que a minha intenção, lá dentro da casa, não era sair, conversar e ficar junto. Minha intenção era conversar e deixar as coisas bem claras, porque eu fiquei com aquele sentimento de ter prejudicado ela. Eu me coloco muito no lugar dela. Imagina: ela entrar no BBB, mãe de um toquinho de gente, com vários sonhos, querendo fazer a diferença na vida das pessoas que ela ama, sem querer se envolver com ninguém… E a gente se envolve. Fiquei me sentindo culpado. Estou vendo que ela está chateada, ouvi boatos. Mas a gente tinha parado de ficar, ela fez essa escolha ainda lá dentro.
Já com a Isabelle, você chegou a conversar sobre a possibilidade de levar adiante o relacionamento. É um desejo seu?
Eu assumo que o troço está se ajeitando (risos)! Mas eu gosto de fazer as coisas com os pés no chão, não gosto de colocar a carroça na frente dos bois. A gente está vivendo agora coisas que nunca viveu e tem que ver como tudo vai se ajeitar. Eu sou muito sincero: um relacionamento à distância é complicado. Quem não gosta de estar perto de um denguinho, ficar abraçado, fazendo carinho, vivendo momentos juntos? Ainda mais no início. E aí eu também estar impedindo uma pessoa de viver momentos incríveis não é legal, por mais que seja um relacionamento maduro e as pessoas se respeitem. A gente está conversando, já convidei ela para ir ao Alegrete, ela me convidou para ir ao Amazonas. Mas a gente ainda vai sentar juntos e ver o que vai ser. Eu gosto muito dela, gosto de estar pertinho dela, a gente tem uma química que é diferente. Mas o futuro a Deus pertence! Vamos ver o que vai acontecer.
Alguns participantes apontaram que você pedia desculpas para todo mundo o tempo todo em um contexto negativo dessa afirmação. O que pensa sobre isso?
Eu assumo que pedia muitas desculpas no início porque eu tinha o receio de estar lidando com os sonhos das pessoas. Todo mundo entrou ali com uma bagagem de vida, a responsabilidade de mudar a vida de outras pessoas que amava, e eu me sentia colocando em prova a vida de pessoas que eu nem conhecia. Só que, conforme foi passando o tempo, eu fui aprendendo que, mesmo me corroendo por dentro, eu tinha que tomar decisões e ficar quieto. Cansei de colocar o pessoal no anjo e cruzar com eles sem nem olhar, tamanho meu desespero. Eu entendo e até concordo que esse negócio de estar pedindo desculpas toda hora não é legal, soa contraditório. Mas não era por maldade nem para me fazer de vítima, é que faz parte de mim; eu me coloco muito no lugar das pessoas.
A briga entre o Davi e o MC Binn após o Sincerão começou com uma discussão sua com ele. O que gerou esse atrito entre vocês dois?
No dia que o Binn levou nove votos e escapou na prova Bate e Volta, ele saiu gritando que todo mundo era falso. Eu fiquei quieto, apesar de nesse dia terem votado nele inclusive pessoas do quarto dele, de quem ele era parceiro. Passou uma semana, ele estava junto com eles e falando mal da gente do Fadas, falando que nós éramos falsos. Falei: “Você está andando com quem queria te colocar no paredão e nós que somos falsos?”. Quando citei isso no Sincerão, começou a ferver. Ele também afirmou que nesse dia dos nove votos, depois de eu votar nele, eu fui parabenizá-lo por voltar na Bate e Volta. E eu não fui parabenizar ele! Eu não gosto de mentira, então me chateou. Fiquei três dias sem coragem de olhar no rosto dele porque, apesar de não sermos aliados, a gente conversava muito sobre outros assuntos, sobre a vida fora do BBB. Ter passado por isso foi complicado.
Você e a Pitel trocaram votos por várias semanas. Considerava ela a sua maior rival?
Sim, ela era minha maior adversária. Mesmo assim, a gente tinha um respeito muito grande um pelo outro. E eu admirava muito a forma como ela levava as coisas, mesmo ela tendo falado coisas que achei nada a ver, como o fato de eu estar querendo me fazer de bonzinho. Mas eu sabia também que ela não convivia comigo dentro do quarto, assim como eu também não via as conversas que ela tinha no Gnomos. Eu dei uma pulseira de mira para ela, quando fui líder, e ela foi das quatro pessoas da minha mira a única que não quis falar comigo. Por isso acabou virando minha indicação, já que era início do jogo e eu não tinha argumento para falar de ninguém. No dia que tivemos a discussão com a Leidy, ela também quis começar a erguer a voz e eu falei para baixarmos o tom, já que não gosto de grito. Ela entendeu. Achei muito legal da parte dela manter esse embate com respeito e comecei a admirá-la mais ainda por ser uma pessoa madura.
Nessa reta final, acabou havendo um rompimento entre Davi e Beatriz, dois aliados seus. Como foi ficar no meio desse embate dos dois?
Para mim doeu muito. Achei que foi um ato de querer aparecer na reta final, de estar desesperado, e falei isso para o Davi. Não me arrependo porque a Bia também tinha os defeitos dela, vivia aquilo com uma intensidade enorme, mas não tinha maldade. Eu também puxava a orelha dela, lembrava que ali todos tinham os mesmos direitos e espaço. E ela escutava, do jeito dela. Era uma guria muito parceira. Na liderança dela, ela fez muitas ações para ajudar tanto o Davi como os amigos, de maneira geral. Achei o que o Davi falou no Sincerão um pouco forte demais, naquele momento. Sei que era tática dele, jogo, mas não achei interessante da parte dele; pesou demais.
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Quais são seus planos para essa nova fase? Pretende voltar para o Alegrete e retomar o curso de Engenharia?
Não estou acreditando em tudo que está acontecendo na minha vida! São tantos seguidores no Instagram. Eu fazia alguns bicos como modelo na minha cidade para ganhar um dinheirinho, às vezes ganhava roupa. Nada profissional, mas é uma área que acho legal. Gosto bastante da área de comunicação também. Não sei como funciona esse mundo de novela, mas sempre me imaginei na televisão. Quem sabe? O futuro a Deus pertence. Eu amo meu Alegrete, mas sei que lá é muito longe de tudo e o acesso às oportunidades fica um pouco mais complicado. Eu quero muito dar uma vida melhor para a minha família. Ganhei esses prêmios, vou poder dar um “up”, mas quero proporcionar mais. Sei que para isso vou ter fazer algo além do que eu estava acostumado a fazer. Seguindo na Engenharia Agrícola ou não, quero continuar estudando, porque acho o estudo muito importante para qualquer pessoa; o conhecimento é algo que ninguém tira da gente.