Quando estreou na Globo, em 2002, o Big Brother Brasil era bem diferente do que o visto atualmente. O reality show até tinha edições ao vivo, mas a maior parte do programa era ocupado por segmentos pré-gravados. Os episódios eram focados no cotidiano da casa, mostrando ao público a rotina dos participantes.
Parece até inimaginável nos dias de hoje, mas até mesmo a Prova do Líder e a votação do Paredão eram pré-gravadas. O público via no ar uma versão editada de tudo o que aconteceu nesses momentos. Somente às terças-feiras, dia de eliminação, a parte ao vivo tinha mais destaque – e, mesmo assim, pouco.
Não é o que acontece há alguns anos. O BBB se transformou tanto que, atualmente, praticamente todo dia tem alguma atividade transmitida em tempo real para o público. Isso também acontece no BBB25, que se tornou refém das atividades ao vivo. O cotidiano da casa perdeu totalmente a importância.
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BBB ao vivo
Às segundas-feiras, por exemplo, o público do BBB25 acompanha a dinâmica do Sincerão, exibido ao vivo. Já na terça, há a eliminação. Às quintas-feiras, a Prova do Líder também é transmitida em tempo real, assim como nos dias de festa. Aos domingos, a formação do Paredão e a prova Bate-e-Volta acontecem aos olhos do público.
Ou seja, o BBB, hoje, é, primordialmente, um programa ao vivo. A característica dá dinamismo ao programa, é verdade. Por outro lado, ela faz com que o dia-a-dia da casa perca importância nos episódios.
Para o público, já é assim. Quem assiste pode se sentir frustrado quando um episódio da atração é menor e sem nenhuma ação ao vivo. Dá a impressão de que nada aconteceu. O espectador já está acostumado com as dinâmicas mostradas em tempo real.
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Refém
Enquanto o fato de o BBB ser majoritariamente ao vivo afetava apenas o público, isso não chegava a ser um problema. Mas, no BBB25, a característica vem afetando também os participantes, o que atrapalha o desenvolvimento da atração.
Com o marasmo imperando na casa, com jogadores que parecem pouco interessados no prêmio, isso fica mais evidente. Diogo Almeida, Vitória Strada, Gracyanne Barbosa e companhia parecem acreditar que o programa só acontece quando está ao vivo.
Num Sincerão ou numa Prova do Líder, todos se mostram empenhados em mostrar a que vieram. Mas basta o programa sair do ar para que os participantes se enfiem em seus respectivos quartos, apenas esperando a próxima dinâmica. Assim, o BBB25 se tornou refém do formato ao vivo.
Sem conflito
O sucesso do BBB se dá porque a edição da atração sempre foi hábil em criar uma “novelinha” com o que acontece na casa. Cria-se uma narrativa, definem-se os mocinhos e os vilões, e o público embarca na emoção.
No BBB25, isso não acontece. Não há uma história sendo contada, simplesmente porque os participantes não fazem nada a não ser esperar o próximo momento para entrar no ar ao vivo. O BBB atual sobrevive dessas catarses em tempo real. No dia-a-dia, não há nada a oferecer.
Os participantes se comportam como os personagens da série Novela, do Prime Video. Na atração, os personagens de uma novela simplesmente “congelam” quando o capítulo chega ao fim, voltando à vida apenas no capítulo seguinte. O BBB25 está assim também: quando as luzes se apagam, os personagens simplesmente vão dormir.
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