O diretor Jayme Monjardim, que chegou ao Rio Grande do Sul no dia 10 de março, se dedica exclusivamente aos detalhes do seu segundo longa-metragem, “O Tempo e o Vento”, produzido pela Nexus Cinema e Vídeo, co-produzido pela Globo Filmes e livremente adaptado da obra “O Continente” (1949), do escritor gaúcho Erico Verissimo.
“O Continente” é a primeira parte da trilogia de ficção sobre a formação do povo gaúcho, “O Tempo e o Vento”, composta, ainda, pelos livros “O Retrato” e “O Arquipélago”. O roteiro tem a assinatura do escritor e cineasta Tabajara Ruas e da escritora Letícia Wierzchowski, que trabalhou com Monjardim quando teve seu romance “A Casa das Sete Mulheres” adaptado por Maria Adelaide Amaral para a minissérie da Rede Globo (2003). O longa é uma produção de Nexus Cinema e Video, de Rita Buzzar, parceira de Monjardim no seu primeiro filme, “Olga”, co-produzido pela Panda Filmes (RS), de Beto Rodrigues, e Globo Filmes.
Quatro gaúchos estão trabalhando ao lado de Monjardim na direção do filme. Federico Bonani é diretor-assistente. Diego Müller, Seani Soares e Zeca Brito são os três assistentes de direção. Cerca de 70% dos profissionais que trabalham no filme, entre direção, equipe, elenco e figurantes, são do Rio Grande do Sul.
O filme também conta com estrelas internacionais na produção, como o diretor de fotografia Affonso Beato, um dos preferidos de Pedro Almodóvar, tendo trabalhado com ele em “Tudo Sobre Minha Mãe”, além de ter trabalhado com Stephen Frears em “A Rainha” e Mike Newell em “O Amor nos Tempos do Cólera”; e a maquiadora argentina Marisa Amenta, que assinou produções como “Abutres”, “Diários de Motocicleta” e “O Filho da Noiva”. No elenco também há nomes internacionais: o ator argentino Martín Rodriguez (do filme “O Quarto de Léo”) interpreta Pedro Missioneiro, e o uruguaio César Troncoso (“O Banheiro do Papa”) vive o Padre Alonso.
A direção de arte é de Tiza Oliveira, que também trabalhou com Monjardim em “Olga” e tem 37 anos de TV Globo no currículo. O figurino está a cargo do carnavalesco e figurinista Severo Luzardo Filho.
As filmagens serão realizadas em Pelotas (26 de março a 5 de abril), Bagé e municípios vizinhos (6 de abril a 22 de maio), no Rio Grande do Sul, e Paulínia, em São Paulo (28 de maio a 17 de junho). A previsão de estreia nos cinema é para início de 2013. Seis meses depois de exibido nas salas de cinema, o filme será adaptado e apresentado pela Rede Globo como microssérie em quatro capítulos.
Elenco
O filme tem 115 atores no elenco e cerca de 2 mil figurantes, entre indígenas, cavaleiros, habitantes das Missões Jesuíticas e moradores da cidade cenográfica de Santa Fé. No elenco principal, destacam-se Fernanda Montenegro, Thiago Lacerda, Marjorie Estiano, Cléo Pires, Suzana Pires, Luiz Carlos Vasconcelos, o argentino Martin Rodriguez, o uruguaio César Troncoso, Leonardo Machado, José de Abreu, Paulo Goulart, Leonardo Medeiros, Cacá Amaral, Marat Descartes, Vanessa Lóes, Mayana Moura, Igor Rickli e Rafael Cardoso.
Locações e Produção
Com amplo apoio das prefeituras locais, o filme será rodado, do final de março até o mês de junho, nas cidades de Pelotas, Bagé, Aceguá, Herval, Pinheiro Machado e Paulínia (SP). Em Bagé, no Parque do Gaúcho, está sendo construída a cidade cenográfica de Santa Fé, onde se passa a maior parte da história. As 17 edificações, construídas em uma área de 10 mil metros quadrados, ficarão de herança para a cidade, assim como dezenas de figurinos e objetos. Entre os detalhes curiosos da produção está a construção da grande figueira cenográfica, símbolo de Santa Fé. Todas as cenas de estúdio serão rodadas no pólo cinematográfico de Paulínia, interior de São Paulo. O quarto de Bibiana (Fernanda Montenegro), no qual ela relembra os acontecimentos que marcaram gerações da família Terra Cambará, está sendo produzido dentro da Charqueada da Costa, em Pelotas. Nos últimos meses, Monjardim foi ao Rio Grande do Sul diversas vezes verificar locações e o andamento de detalhes como a caracterização das casas de Santa Fé e a produção de figurinos por comunidades de artesãs da cidade de Uruguaiana. A produção também tem garimpado objetos de época e entrevistado historiadores e estudiosos de música, armas e história gaúcha, além de personalidades da cultura local, como o folclorista Paixão Cortes e o historiador Moacyr Flores, entre outros.
A História
O filme conta a história da família Terra Cambará e de sua opositora, a família Amaral, durante 150 anos, começando nas Missões até o final do século XIX. Sob o ponto de vista da luta entre essas famílias, são retratadas a formação do Rio Grande do Sul, a povoação do território brasileiro e a demarcação de suas fronteiras, forjada a ferro e espada pelas lutas entre as coroas portuguesa e espanhola. Além de ser uma notável história épica, plena de heróis como Capitão Rodrigo e o índio castelhano Pedro Missioneiro, “O Tempo e o Vento” é uma profunda discussão sobre o significado da existência, da resistência humana diante das guerras. Por isso, para a adaptação cinematográfica, foi tomado como estrutura central o olhar feminino da quase centenária Bibiana Terra Cambará – que será interpretada por Fernanda Montenegro. Em meio ao cerco do casarão de sua família pelos Amarais, ela se valerá de sua memória, sempre deflagrada em noites de vento, para lembrar e contar sua história e as de seus antepassados. E, assim, resistir ao tempo e protestar contra a morte.