Quando estreou em ‘Terra e Paixão’ como Ramiro, Amaury Lorenzo era mais um ator talentoso escondido do grande público. O ‘anonimato’ se dissipou rápido e o personagem, que começou tendo tudo para ser odiado, acabou conquistando os noveleiros de plantão ao lado de Diego Martins, o intérprete de Kelvin na história de sucesso. Uma prova de que os brutos também amam.
O ator se reuniu com a imprensa nos Estúdios Globo nesta quarta-feira (24) e o Área VIP quis saber como ele vê esse encanto do público pelo personagem apesar de ser um matador. “Isso é um mistério, acredito. Algumas pistas eu tenho. O Ramiro foi escrito pra ser um assassino, frio, pra executar. Quando o texto chegou, eu olhei, é importante falar isso, eu sou um ator preto, no primeiro capítulo eu destruí uma família preta, matei o marido da Bárbara (Aline). Se eu continuasse naquele caminho, frio, calculista, de assassino, eu acho que eu não duraria muito na novela porque o público: ‘tem que acabar com esse cara Walcyr’. E o Walcyr ouve o público e aí eu não teria muito sentido na novela”, analisa Amaury.
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Atento, o ator pescou logo as dicas do autor. “Eu comecei a pensar: ‘tem que ter humor, tem que ter coração, tem que ter afeto’. Aí, eu acho, que à medida que você vai dizendo para o público que esse cara comete esses erros porque ele é um sobrevivente, ele precisa sobreviver, o público se identifica. Não que o público seja assassino, né. Mas é que o público percebe que na dificuldade da vida, esse cara precisa sobreviver ”, completa o ator.
Durante o bate-papo, Amaury destacou o sucesso que Ramiro e Kelvin faz junto ao público. “O Walcyr vai escrevendo, ele vai fazendo curvas dramáticas pra segurar esse casal que a gente se diverte muito. Esses dias eu estava saído de um restaurante, aí veio um cara, ele largou a mulher dele, que ficou parada sem entender ai veio assim: ‘eu sou macho igual a você’, ai ele chamou a mulher dele: ‘ela é meu kelvinho’. Então, as pessoas vão se apropriando desse personagem de uma maneira tão leve, divertida. E eu e Diego estamos sempre dialogando isso entre as cenas, porque não se encerra no set. Quando a gente sai daqui, a gente percebe que as pessoas se identificam com esse casal”, explicou.
O ator ainda continuou exaltando o trabalho do autor Walcyr Carrasco, e da equipe da novela. “Quero dizer também que eu não conseguiria esse sucesso se não fosse a equipe dessa novela, a gente não cria isso sozinho. O autor que é o Walcyr, que é um gênio, que traz essa ideia pra gente dessas cenas, e o Diego Martins é um artista fenomenal, muito do que a gente coloca na cena é ele que traz, tô apaixonado pelo sucesso dele, então esse trabalho é uma tríade: autor, equipe da novela e esse companheiro de cena maravilhoso. São quatro, e o público, que assiste, que gosta muito”, pontuou.
O reconhecimento do público tem deixado o ator recompensado pelo trabalho na novela do horário nobre da Globo. “Muito feliz, muito grato, muito agradecido. Eu trabalho com teatro a minha vida inteira, a vida inteira o teatro colocando comida na minha vida. Muito feliz, muito grato, muito agradecido. E no teatro a gente tem o público de 10, 20, 150 pessoas e agora o que muda pra mim é que tem milhões de pessoas assistindo o meu trabalho. Então fico feliz, muito grato com o carinho que recebo. Todas as faixas etárias, de todas as pessoas. Então fico muito feliz. Eu estou muito feliz e ainda assimilando isso”, comemora.
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Nas ruas, os bordões do personagem fazem sucesso. “Tem um agora novo que eu to colocando que é ‘ser pobre é um (sic) pobrema’. Tem o ‘mato grosso do céu’. Isso a gente gravando lá em Mato Grosso do Sul, e a peãozada e falando ‘mas tá quente demais, mato grosso do céu’. Muitos bordões”, conta.
O ator também fica cada dia mais feliz com o carinho do público. “O público o que mais sugere é que eu tenho que dar um sacode no Kelvinho, tenho que pegar ele e jogar pra cima e pra baixo. O público torce pra que esse casal aconteça de alguma maneira. Eu andando na rua, veio uma senhora: ‘primeiro me dá um apertão, me aperta’. Aí ela disse assim: ‘eu saio da minha igreja correndo e meu marido também. A gente tranca nossa igreja pra correr e assistir vocês’. A gente tá tão feliz nesse sentido de que são personagens que vão entrando em lugares que a gente não imaginava que entrasse tanto. É pra gente entender que quando a gente fala de amor e de afeto não tem parâmetro”, comemora.