As Aventuras de José & Durval’, série Original Globoplay, é inspirada na trajetória e nas canções de Chitãozinho & Xororó. Andreia Horta interpreta a mãe da dupla e de outros seis filhos, Araci Prudêncio de Lima é uma mulher religiosa, guerreira, que se dedica aos afazeres domésticos, à plantação e ao cuidado com a família.
Dona de uma belíssima voz e de um agudo inigualável, a matriarca sempre teve a música como parte essencial de sua vida. Assim como Mário (Marco Ricca), com quem é casada, ela apoia os filhos a batalharem pela carreira, mas exige que José/Chitãozinho (Pedro Tirolli/Rodrigo Simas) e Durval/Xororó (Pedro Lucas/Felipe Simas) não deixem os estudos de lado.
Entrevista com Andréia Horta
Quais as suas inspirações para interpretar a Araci e como foi a construção, incluindo caracterização e figurino, da personagem?
Minha maior inspiração foi a própria Araci, mãe de Chitãozinho & Xororó. Por mais que estejamos fazendo uma ficção, eu sou uma personagem. Então, ela foi a primeira fonte. As minhas avós também, bebi muito dessa fonte, dessas mulheres brasileiras que sustentam a criação dos filhos e atravessam as durezas da vida. A caracterização teve que trabalhar muito delicadamente com a passagem do tempo, porque eu começo com as crianças pequenas e termino com os filhos já adultos. Teve uma passagem de tempo bem considerável da Araci na série. Foi um trabalho coletivo do qual eu tenho muito orgulho.
Como foi o seu contato com a história de José e Durval da vida real para criar a Araci?
O meu contato foi através do roteiro, o roteiro entrevistou muito os dois e várias pessoas da família para poder criar a história da série baseada nos fatos da vida deles. E também em conversas com a direção, que foi contando as histórias e nos ajudando a construir esses personagens.
Na trama, qual a importância da relação de Araci com José e Durval para os filhos seguirem o sonho de cantar?
Ela sempre foi uma figura muito forte para eles. Em muitos momentos em que pensaram em desistir ou se abateram diante das adversidades, a Araci era a pessoa que dizia para ficarem firmes e irem adiante. Com suas diferentes nuances, é uma personagem que percorre a série do início ao fim, em seus oito episódios. Os irmãos Lima cresceram em um ambiente musical, onde a mãe fazia os afazeres domésticos cantarolando e o pai cantava e compunha lindas canções.
Qual o maior desafio para viver a personagem?
Acho que o maior desafio foi atuar nesses polos contrários que a personagem transita. Ela tem bipolaridade que, na época, não era diagnosticada, e ela já sofria com esse transtorno. Habitar esses polos de euforia e tristeza, de estar bem e não estar, essas zonas mais obscuras dos sentimentos, foi o grande desafio.
E tem alguma cena que gostaria de destacar?
Tem uma cena no primeiro episódio, em que a Araci está almoçando com as crianças e uma delas pergunta “por que a gente morre?”. Tem um contexto específico, e eu acho essa cena muito bonita.
Para você, qual a importância de tratar sobre a saúde mental na trama, principalmente naquela época?
Para mim, é sempre importante tratar de saúde mental. Acho que hoje em dia as pessoas são atravessadas por muitos estímulos. Sabemos que ansiedade, muitos transtornos e doenças psicológicas, frutos dos nossos tempos, são aterradoras e acometem milhares e milhares de pessoas – e muitas pessoas que conhecemos, de alguma maneira, têm sofrido de alguma dessas doenças. Naquela época era terrível porque não havia ainda medicação e nem diagnóstico exato de muitas coisas. Hoje em dia, se tem um esclarecimento sobre isso, se você procurar ajuda, tem medicação, tem como se equilibrar e se cuidar. Acho que para sempre, esse será um dos assuntos mais importantes da nossa vida em sociedade. Sempre teremos que falar disso e cuidar muito bem disso.
Conte alguma curiosidade das gravações.
Acho que destacaria uma cena em que eu tinha que dobrar roupa e cantar uma música, com as crianças me escutando. Eu fiquei em dúvida de uma nota que estava cantando e falei “mas tem alguma coisa que não está certa aqui”, e aí perguntei para o Pedro Lucas, que interpreta o Durval criança. Chamei ele em um cantinho e falei “filho, eu estou errando um tom aqui, o que estou fazendo de errado?”. Lembro que ele falou assim, certinho, o que era: “nessa hora, você tem que subir para tal nota”. Ele me ensinou lindamente o que eu tinha que fazer e foi uma das coisas mais lindas, um dos momentos lindos que vivemos nessa série. Foram muitos!
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O que da Araci ficou na Andréia Horta?
Eu tenho muita sorte porque busco por personagens complexos, que tenham narrativas que eu considero relevantes e tenho a sorte de ficar com belos legados de alguns personagens que passam por mim. A Araci me deixa a coragem, a vontade de viver, de estar de pé, a força para atravessar as dificuldades, a força para seguir em frente com vigor.
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