Na pele de uma personagem polêmica em Amor de Mãe, Arieta Corrêa vem se esforçando para passar a maior verdade possível na pele Leila. Na trama, a mulher de Magno (Juliano Cazarré) acordou de um coma de oito anos recentemente. Agora, ele está fazendo de tudo para voltar a fazer parte da vida do marido e da filha, Brenda (Clara Galinari) que era pequena quando ela sofreu o acidente.
Arieta conta que o público está dividido com as atitudes da personagem. “Vou dar três murros na sua cara”, foi uma das frases que a atriz ouviu em tom de brincadeira. “Eu venho toda semana de São Paulo e faço as coisas na rua, sou mãe, sou dona de casa, sou um monte de coisas, e as pessoas tem uma espécie de amor e ódio. Eu percebo que as pessoas também gostam da Leila, tem um brilho ali no olhar, mas as pessoas estão com raiva dela. Ninguém gosta de mentira”, disse, em entrevista ao Área Vip nos bastidores da novela.
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Para humanizar ainda mais a personagem, Arieta procura ter um olhar pra ela enquanto público também. “Eu pego a Leila pra mim, eu tento me fazer de público também. Eu gosto de assistir também o que eu estou fazendo como ser humano, não só como artista. A gente tem que aprender a se colocar no lugar do outro. É muito fácil a gente estender o dedinho: ‘ai que absurdo, o fulano errou’. E eu, e você, o que você faria no lugar da Leila. Eu fico arrepiada quando eu consigo realmente me colocar no lugar dela, com uma pitada de compaixão, que aliás é do que o mundo está precisando, de amor, de compaixão, perdão. Eu acho que muito disso justifica o comportamento da Leila. Ela quer o marido de volta de qualquer jeito, eu entendo, mas como ser humano eu teria as minhas ressalvas”, opina.
Porém, nem sempre a atriz passa mão na cabeça de Leila e frisa: “Ela é má”, diz. “Eu tento falar até pra eu acreditar, sim, ela é má. Mas eu também posso entrar num discurso com vocês e provar que ela não é má. Eu fico fazendo essas contradições comigo, pra não ficar chapado o que eu vou fazer. É como a gente pensar num eletrocardiograma. Ela tem momentos horríveis. É errado sim, coisas inescrupulosas. Claro que você quer conquistar o se sonho, mas você não deve engolir as pessoas, passar por cima dos outros, mentir, enganar. Eu não acho certo isso”, analisa.
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Para a atriz, é importante deixar claro que nada justifica esse lado mau de Leila. “Acho importante falar isso por mais óbvio que seja, porque a gente está num momento do mundo que parece que tudo não é nada. Você não precisa ter opinião, não tem certo e errado, não tem maldade e bondade. Tem sim, os princípios não mudam. Acho importante a gente pontuar a Leila sabendo entender porque ela faz essas coisas, mas admitir que ela faz coisas que não são legais, e vai piorar”, garante.
Outra atitude de Leila que Arieta não concorda é uma certa manipulação com a filha. “Teve uma cena que o público já reclamou porque ela meio que manipulou a criança. ‘ah você vai ser minha espiãzinha’. Mas vamos entender que esse ser humano está se readaptando a vida que é outra do que ela deixou oito anos atrás, então ela não está medindo esforços éticos e morais para se reposicionar na vida que ela tinha, que ela não tem mais nada”, pondera.
Fisicamente, a personagem também exigiu muito da atriz. “A Leila me dá muito trabalho, graças a Deus, porque é uma espécie de ressurreição, um milagre. Eu fui pesquisar na vida pessoas que ficaram muito tempo em coma e acordaram e o que me chamou a atenção no depoimento de algumas pessoas é que elas tiveram muita dificuldade para voltar a falar. Na vida real isso demoraria muito mais tempo. (Na novela) Eu não tenho esse tempo, porém eu preciso dar a verdade, pelo menos pontuar o que é esse drama, da dificuldade de voltar a falar. É um renascimento mesmo, aprender a andar, reaprender a falar. Tem uma pessoa que demorou meio ano pra voltar a falar um pouco. Quem passou por isso vai saber, quem é observador vai saber. Então eu preciso pontuar pelo menos um pouquinho“, conta.
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Na vida real, Arieta não consegue se colocar totalmente na pele da personagem, mesmo na hora de estudar. “Eu sou mãe do Gael, meu filho fez 11 anos, eu lembro dele bebê, aí corta, eu acordo no aniversário dele de 11 anos. Eu não sei o que é isso. Eu tentei me colocar no lugar da Leila, se eu falar que conseguir isso plenamente, eu não consegui. Porque é tão insuportável se colocar nessa situação. Isso eu to falando da filha. Mas sua vida não existe mais, sua casa, sua roupa, sua família não existe mais. É muito cruel. Então se a gente quiser colocar a Leila um pouquinho no colo, a gente consegue”, defende.
