A atriz, com passagens pela TV Globo, Carolinie Figueiredo, abriu o coração para falar sobre uma situação bastante triste em sua vida. Ela aproveitou esta última quarta-feira (25), data em que se comemora o Dia Internacional de Combate a Violência Contra a Mulher, para falar justamente sobre isso.
+ Famosas se revoltam com sentença no caso Mariana Ferrer: “Estupro culposo não existe”
Ela relembrou a violência que sofreu no parto de sua filha Bruna. Em suas redes sociais, ela comentou: “Minha história de compreensão e elaboração da violência começou há nove anos, na chegada da minha filha ao mundo. Por ter sido um parto vaginal e sem anestesia, eu não compreendia o que tinha acontecido, mas algo me parecia errado. Eu tinha 22 anos. Dois anos depois do nascimento dela, eu estava grávida do meu segundo filho. Ao repassar as experiências do primeiro parto com a médica, ela me disse: ‘O que aconteceu foi uma violência obstétrica e você precisa elaborar isso'”, iniciou ela.
Em seguida, ela narrou os momentos de tensão: “Um filme passou na minha cabeça: não só a privação de água e comida, o impedimento de movimentar meu corpo. Não só as palavras de descrédito e humilhação sobre meu processo de parir, mas também a manobra de Kristeller (prática antiga da obstetrícia, que consiste em empurrar a barriga da mulher com toda força para que o bebê saia mais rápido; superperigosa pro bebê e para a mãe, altamente violenta)”, disse, continuando.” Doem também as memórias de trazer minha filha ao mundo gritando: ‘Não, não, não’, enquanto eu tentava fechar as pernas pra me proteger da dor. Essas dores estão vivas nas nossas células, na sensação física de limites que foram atravessados. Fica a vontade de chorar, o nó na garganta, as memórias que estão gravadas e emergem nos registros do corpo”.
+ Carolinie Figueiredo revela que perdeu a virgindade num estupro
Violência Sexual
A atriz, também no desabafo, acabou relembrando a sua primeira relação sexual, que foi um estupro. Ela só foi descobrir isto depois: “A verdade é que todas nós já sofremos algum tipo de assédio, abuso ou violência. Se você não lembra é só uma questão de tempo até seu sistema nomear. São as fichas que vão caindo ao longo da vida. Eu demorei 15 anos pra compreender que a maneira que perdi minha virgindade também foi um estupro”, contou.
A artista prosseguiu: “Na minha rede é recorrente o registro de mulheres que fazem sexo com seus maridos sem vontade, por obrigação social. Precisamos falar sobre a dupla violência. Depois de todo processo doloroso de compreender o que aconteceu, contamos para algumas pessoas, pedimos apoio à família, ao sistema de saúde e ao Estado e encontramos culpabilização, humilhação, descrédito e desencorajamento, o que grifa ainda mais a violência de gênero”.
+ Atriz Carolinie Figueiredo faz desabafo sobre a luta contra a depressão
Por fim, ela deixou um parabéns para a sua herdeira, que, na mesma data, completou 9 anos de idade: “Filha, hoje é seu aniversário de 9 anos. Parte do meu trabalho de despertar é limpar o terreno para que você pise com mais segurança. Estamos abrindo espaço para que seu caminho seja mais livre e mais justo. Esse movimento não é só meu, mas de todas mulheres que vieram antes, são por nossas avós, bisas, tias, primas… Mulheres que atravessaram tudo isso sem ter espaço de fala e escuta. Quando você puder compreender toda essa história, minha filha, eu espero que você sinta orgulho e admiração por esse movimento”.