Os anos 90 projetaram Claudia Ohana na TV. Personagens como Paulinha, de ‘Rainha da Sucata’, e Natasha, em ‘Vamp’, ficaram marcadas da carreira da atriz, que agora viverá Janice em Verão 90.
Na trama de Izabel de Oliveira e Paula Amaral, ela é irmã de Janaína (Dira Paes, e tia dos irmão Jerônimo (Jesuíta Barbosa) e João (Rafael Vitti).
Em conversa com o Área Vip, Claudia contou um pouco mais do novo trabalho e relembrou a década em que se passa a novela.
Confira a entrevista:
O que você pode adiantar da novela pra gente?
Eu acho que vai ser uma novela muito alegre, começamos nos anos 80 e depois a trama avança para os anos 90, dos quais eu tenho muitas lembranças. A novela tem uma coisa de praia, de surf. A minha personagem é ‘riponga’, começa vendendo sanduba na praia de saquarema e depois passa a vender roupas. Eu acho que é um dos personagens mais populares que eu já fiz, não no sentido de pobre, mas no sentido de ser uma pessoa popular, risonha, externa. Ela é casada com o personagem do Val Perré que é negro, tem filho negro e vai sofrer também com o racismo. Hoje em dia as pessoas estão gritando quando acontece racismo, mas naquela época nem podia gritar, sofria-se calado. E eu sou tipo o Robin da Dira (Paes), ela é o Batman, eu estou sempre atrás dela.
Você acha que o racismo nos 90 era tão evidente quanto nos dias atuais?
Na verdade, não tinha uma união. Meu filho na trama vai tomar uma posição, porque toda hora ele é parado, tido como trombadinha no ônibus e a gente vai apoiar ele. Ele vai entrar na faculdade de direito e vai lutar contra o racismo.
Como está sendo interagir com o elenco mais novo na trama?
Anos 80 foi i quando comecei a minha carreira. Então eu praticamente sou referência da novela, eles fazem homenagem a mim, à novela Vamp nos anos 90, que bombava muito. Eles falam de Claudia Ohana na novela e eu acho bem engraçado. Eu e a Claudia Raia falamos que nós somos as musas da novela, somos nós duas que estávamos lá, desculpa aí gente. É muito legal porque a gente dá uma volta no passado, a gente vê várias coisas, tipo secretária eletrônica.
A novela Vamp foi muito marcante para a sua vida, ainda é lembrada como Natasha?
Para a minha vida e para a vida de muita gente. Era uma época que só tinha canal aberto, então tinha uma audiência absurda. Eu acho que Vamp foi uma novela muito marcante, tinha um humor que as pessoas adoravam e as crianças também. Então o meu público de 30, 35 anos é apaixonado por mim e eu por eles.
Como é a relação da Janice com os sobrinhos?
Eu sei que o Jerônimo não é boa coisa, mas muito leve. Como eu disse, eu sou o ‘Robin’, sempre ajudando a Janaína, sempre atrás dela. É uma relação muito saudável porque eles moram juntos em Saquarema, aí ela vem para o Rio. É uma família unida, família que dá força, que se ajuda, que come junto, uma família bem brasileira e gostosa.
A gente vendo você parece que você está bebendo naquela fonte lá de O Sétimo Guardião (risos)…
Primeiro, obrigada. Mas estamos todos envelhecendo, não tem jeito não. Mas eu me cuido. Quando me perguntam e respondo: ‘é porque eu durmo’. Durmo nove horas por noite. Eu não sou muito de sair, sou muito focada em dança, malhar e dormir. Eu acho que o meu maior medo de envelhecer é perder o interesse pelas coisas. O jovem acha tudo interessante, tem aquela energia.
A Janice terá um certo sex appeal?
Ela tem o seu borogodó. Ela não é desprovida de sex appeal não.Eu fiz uma personagens desprovidas de vaidade. Minha personagem em Cordel Encantado era desprovida completamente de vaidade e sex appeal. Depois eu fiz Joia Rara que era bem senhora, dona de casa, mãe. Mas o meu personagem aqui não, e o marido dela é um gato.
Você vê alguma coisa na personagem da Claudia dos anos 90?
Muito, é muito fácil para mim ir para o hippie, muito perto de mim, embora hoje em dia eu não seja, mas nos anos 90, nossa…Praia, Posto 9, fantástico.
O que mais saudade desse período?
Liberdade de expressão, liberdade das pessoas poderem falar o que quiserem, de serem quem quiserem. Na verdade, eu não via muito, porque eu andava em um nicho também. Eu nasci num lugar que era de cinema, minha mãe fazia cinema, andava com pessoas mais velhas. Não existia esse preconceito se a pessoa era pobre e hoje é muito preconceito. Antigamente a cabeça da pessoa era mais importante do que qualquer coisa. Não importava se era pobre, negro, gay. Aliás, a gente nem falava que fulano era gay, era problema dele, depois da Aids diziam isso, porque tinham medo e achavam que a doença era só de gay.
Você acha que as coisas encaretaram um pouco, por causa do politicamente correto?
É complicado, porque eu acho que tem uma luta aí, porque veio essa coisa de separar quem é gay, quem é negro e aí começou a não aceitação. Eu acho que no momento está mais careta, porque está radical. Mas o radical talvez seja para melhorar, para ter o equilíbrio. Porque hoje em dia um homem fica com medo de chegar em uma mulher porque está sendo assédio, mas existe realmente o assédio, a violência e que não pode existir, então temos que ser radical para saber o limite, onde começa. Mas é uma pena porque antigamente você andava na rua e tinha um monte de pessoas assoviado ‘gostosa’ e não pode mais.
Você é muito ligada ao seu neto, como é ser avó?
Eu sou meio infantil. Na verdade eu nasci velha, como naquele filme Benjamim Bottle. Eu era muito velha quando era jovem, era soturna, só escutava Billie Holliday. Aí eu fui mudando, fui ficando mais solar e sou muito criança, sou muito de brincar, de jogos, fazer mímica.
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