Hoje, aos 56 anos de idade, Gloria Pires relembra a personagem Maria de Fátima em “Vale Tudo”, quando tinha 25 anos.
Considerando a trajetória de 50 anos de profissão, somados ao casamento bem-sucedido com Orlando Morais e a criação de quatro belos filhos: Cleo, Antonia, Ana e Bento, a vida de Gloria vem dando muito certo. Artista conceituada na mídia, na época, ela sequer podia imaginar que, o papel interpretado por ela, de uma jovem ambiciosa e sem escrúpulos, cujo desejo de riqueza era quase doentio, pudesse lhe causar uma grande virada na vida, como afirma a própria atriz em entrevista ao Gshow.
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“Sempre penso que, assim como os filhos buscam seus pais, as personagens buscam quem vai interpretá-las e, por isso, têm muita importância na minha vida, porque me fizeram ser quem sou hoje. Mas Maria de Fátima tem um gostinho especial. Passei para a idade adulta com esse trabalho. Profissionalmente, me colocou em um outro lugar também“, destaca a atriz.
Na época das gravações, Gloria Pires atuou em um posto alçado como uma das maiores vilãs da TV, ao lado de grandes nomes da dramaturgia como: Regina Duarte, Daniel Filho, Beatriz Segall, Antonio Fagundes e Cassio Gabus Mendes. “Acredito que a novela trouxe algo que eu não havia reparado antes nas novelas: a empatia com a vilã. Isso é muito interessante porque, embora a princípio todos sejam contra a corrupção, ela é o símbolo da falta de empatia e de princípios morais. O público sempre foi muito carinhoso comigo. Mesmo fazendo vilãs, nunca tive nenhum episódio indelicado“, revela a artista.
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Sobre a personagem que trai, aplica golpes, engana, Gloria explica como foi o processo de dar vida à ela: “Meu entendimento era que a minha personagem era uma pessoa cerebral, então busquei fazê-la desprovida de empatia, como os psicopatas são, em vez de acentuar os atos condenáveis que cometeu contra a própria mãe. Porém, ela sofria quando se dava conta de sua limitação, como uma pessoa injustiçada pelo destino, que a fez nascer pobre, numa família desprovida de ambição“, disse, revelando ainda uma época que não se discutia sobre psicopatia.
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“Naquela época, as cenas eram bem grandes, além do ápice de emoção que pedia, com violência física, que sempre é um estresse. Dennis Carvalho (diretor) ensaiou bastante para que ficássemos seguras e gravamos de primeira“, recorda a atriz. A trama foi exibida em mais de 30 países, cravando grande sucesso entre os telespectadores e trazendo reconhecimento internacional para Gloria Pires.
Voltar a ter contato com uma personagem 32 anos depois de realizar o trabalho, para ela é especial: “Principalmente porque o tema não poderia ser mais apropriado! Não só a Maria de Fátima, mas todas as personagens têm algo a nos dizer como cidadãos“, comenta atriz sobre a novela que está disponível na plataforma Globo Play.
Colaborou: Marcelo Pascoal