Lá se vão 70 anos fazendo sucesso na dramaturgia brasileira. Com tanta história para contar, Léa Garcia é protagonista do livro escrito por Julio Claudio da Silva, que será lançado na próxima segunda-feira (26), na livraria Travessa em Botafogo, zona sul do Rio.
‘Entre Mira, Serafina, Rosa e Tia Neguita: a trajetória e o protagonismo de Léa Garcia’ relembra histórias da atriz da infância até o início da carreira. O recorte cronológico do livro enfoca especialmente o início da atuação de Léa no Teatro Experimental do Negro (TEN), a partir de 1952, sua estreia no teatro profissional em ‘Orfeu da Conceição’ e sua atuação no longa ‘Orfeu Negro ou Orfeu do Carnaval’, de 1959, que rendeu à atriz o segundo lugar na disputa pelo prêmio de ‘Melhor Atriz’ no Festival de Cinema de Cannes.
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“O recorte para fazer a pesquisa, é uma carreira muito longa né, densa, são 70 anos de atuação. Para esse trabalho eu optei por analisar o período da infância, a memória familiar, com seus avós, sua mãe, seu pai, suas descobertas como adolescente negra. Concluo o livro com a atuação dela em ‘Orfeu Negro’, que é a atuação dela no texto de Vinícius de Moraes”, contou o escritor e historiador, que ainda tem muito material para publicações futuras.
A jovem, que sonhava em ser escritora, foi incentivada a se lançar no teatro pelo dramaturgo Abdias Nascimento. Sua primeira peça foi ‘Rapsódia Negra’, em 1952, encenada pelo Teatro Experimental Negro. A paixão tomou conta de Lea Garcia que nunca mais deixou os palcos.
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A estreia na TV foi na TV Tupi, na década de 1950, onde participou do programa ‘Vendem-se Terrenos no Céu’, em 1963. Na TV Rio, atuou em ‘Os Acorrentados’ (1968), de Janete Clair. O convite para trabalhar na Globo aconteceu em 1970, onde atuou em ‘Assim na Terra como no Céu’ e contracenou com Jardel Filho. Depois, fez ‘Minha Doce Namorada’ (1971), ‘O Homem que Deve Morrer’ (1971), ‘Selva de Pedra’ (1972), ‘Os Ossos do Barão’ (1973) e ‘Fogo Sobre Terra’ (1974).
O divisor de águas na carreira foi em ‘Escrava Isaura’, em 1976, quando Léa Garcia viveu seu grande desafio na pele da escrava Rosa, considerada uma das maiores vilãs da dramaturgia. Apesar da consagração e do reconhecimento do público e da crítica, o papel também lhe rendeu alguns problemas. A atriz chegou a sofrer violência física de pessoas que não conseguiam separar a personagem da vida real. “Escrava Isaura é o meu cartão de visitas. Tive muitas dificuldades em fazer cenas de maldade com a Lucélia Santos. Eu me lembro de uma cena em que, quando a Rosa acabou de fazer todas as perversidades com a Isaura, eu tive uma crise de choro, me pegou muito forte. Chorei muito, não com pena, mas porque me tocou”, lembrou em entrevista à Globo.
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Seus trabalhos mais recentes na Globo foram em ‘A Viagem’ (1994), ‘Anjo Mau’ (1997 e 2016), ‘Êta Mundo Bom!’ (2016) e ‘Mister Brau’ (2017). Na TV Manchete fez ‘Dona Beija’ (1986), ‘Tocaia Grande’ (1995) e ‘Xica da Silva’ (1996). Na Record atuou em ‘Cidadão Brasileiro’ (2006), ‘Luz do Sol’ (2007) e ‘A Lei e o Crime’ (2009). Atualmente, a atriz atua como dona Laura na série ‘Arcanjo Renegado’, no Globoplay.