Assim como a versão de 1982, a releitura de ‘Elas por Elas’ conta a história de sete amigas que se reencontram após 25 anos. Na trama adaptada por Alessandro Marson e Thereza Falcão, Maria Clara Spinelli será Renée, personagem que foi de Maria Helena Dias na história original. Casada com Wagner (César Mello), ela cuida com todo amor do mundo dos enteados Vic (Bia Santana) e Tony (Richard Abelha).
Em bate-papo virtual, no qual o Área Vip esteve presente, Maria Clara Spinelli falou sobre o novo desafio na carreira. Nervosa, ela destacou as características de Renée na releitura. “Acho que é muito importante, muita coisa boa nessa novela e eu não vou conseguir falar tudo aqui, a gente vai falando aos poucos ao longo do processo. Todo mundo sabe que a minha personagem é uma mulher que nasceu transgênero, né, a Renée, mas ela tem características muito fortes da Carmem, maravilhosamente feita pela Maria Helena Dias”, analisou.
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A atriz continuou fazendo comparações das personagens. “Ela é que tem menos recursos financeiros. Ela é uma mulher que ajuda o marido, na primeira versão ela não trabalhava fora, era uma dona de casa, isso também é representativo porque o trabalho doméstico não é remunerado, e isso é importante. O Alê (Alessandro Marson) e a Thereza (Falcão) agora transferem essa mulher agora para o mercado de trabalho”, pontuou.
Maria Clara destaca ainda o protagonismo da personagem no mundo trans. “Mas o que eu queria ressaltar é que eu acho que nós, a novela não fala só sobre isso, mas fala sobre isso também, que é a inclusão das pessoas transgênero no protagonismo de uma narrativa de uma novela, mas eu acho que a gente deve estar um passo a frente de produtos, porque nós estamos colocando a personagem Renée entre seis mulheres maravilhosas e diversas. Então eu acho que a personalidade engrandece cada uma delas, inclusive a Renée, porque não é um produto de nicho e fala sobre o grupo específico, uma minoria da sociedade. A Renée está inserida na sociedade junto com outras mulheres brancas, negras, de origens diferentes. Estou muito honrada de estar nesse grupo, é uma responsabilidade muito grande”, ressaltou.
A atriz lembrou ainda o lugar privilegiado da personagem. “O que eu mais celebro na Renée e o que fez aceitar esse convite tão incrível, em primeiro lugar que a Renée é uma mãe de família, ela é uma irmã, uma amiga, uma chefe de família, uma trabalhadora, uma brasileira e ela não vem do gueto. A Renée não foi marginalizada, ela foi amada pela família, pelo marido, pelos filhos. Isso transforma essa personagem numa novela narrativa sobre pessoas transgêneros, que é rara no Brasil e acho que no mundo também. Ela não é uma vítima, ela é mais uma de Elas por Elas”, disse.
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Alerta
Ao ser questionada sobre responsabilidade de ser a primeira atriz transgênero a protagonizar uma novela, Maria Clara fez um alerta. “Antes de mais nada, a gente precisa rever esse conceito de ‘atriz trans’. Quando você junta dois adjetivos, cria um terceiro. Atriz, mais trânsgenero: atriz trans! Isso me diminuiu em relação às outras atrizes, porque sou uma atriz e não uma atriz trans. Não penso muito sobre isso, eu penso em fazer bem o meu trabalho da melhor forma que eu posso. Busco criar um ambiente de amor para os meus colegas, acho que estou aqui por isso e pelos meus quase 20 anos de carreira”, destacou a artista.
Ela ainda lembrou de quantas artistas abriram o caminho antes dela. “Meu trabalho em ‘Elas Por Elas’ é a continuidade da trajetória de pessoas que vieram antes de mim: Celeste, Rogérias… Tanta gente guerreira que abriram a portas para eu, hoje, estar aqui. Todas as personagens e toda as cenas que faço são as cenas da minha vida, não importa o tamanho delas. Quando fazia teatro no interior sozinha, arrecadando dinheiro para a produção, tinha a mesma garra, disciplina e dedicação que tenho hoje na novela”, pontuou.