Nesta quinta-feira, 25 de julho, Milton Leite, narrador esportivo da Globo, revelou o que pensa sobre as mudanças na cobertura esportiva nos últimos anos. O comunicador, que deixará a emissora logo após o fim dos jogos olímpicos após quase 20 anos de casa, falou sobre as alterações que a evolução da tecnologia proprocionou, o comportamento dos times, dos jogadores, assessores de imprensa com os jornalistas atualmente e também a influencia das redes sociais no trabalho esportivo.
Milton começou abordando a evolução da tecnologia no jornalismo esportivo: “Mudou muito nesses 30 anos, claro. Tecnologicamente, há recursos de computação gráfica que permitem uma transmissão muito mais apurada. Também há uma mudança na relação da mídia com os times de futebol”, declarou o contratado da Globo à revista Quem.
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Adiante, o jornalista comentou sobre a mudança de comportamento dos times desde a época que iniciou na profissão: “Os times hoje são muito mais fechados do que eram na época em que comecei. Quando eu trabalhava em Jundiaí, na rádio, o jogo acabava e o jornalista entrava no vestiário. Tinha um tomando banho, outro pelado andando, você ia entrevistar o cara. Isso acabou. Agora, você tem aquela entrevista coletiva lá no final do jogo de dois ou três caras e ponto final. Hoje em dia, aqui no Brasil, só o técnico fala na coletiva”.
O narrador expôs o que os jornalistas fazem para entrevistar os atletas atualmente após o jogo e também como é a cobertura dos treinos: “Os jogadores, se quiser, você pega lá na zona mista do pós-jogo. E treino então? Jornalista não consegue mais assistir aos treinos. Se você quiser saber o que aconteceu durante a semana com aquele time, você tem que confiar no que está falando da assessoria de imprensa do clube. Tudo isso mudou”.
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Ele continuou: “É muito mais blindado, muito mais fechado. A relação mudou muito e tem coisas boas e tem coisas ruins, né? Claro que achava ruim entrar no vestiário com o sujeito pelado lá para entrevistar o cara. Ao mesmo tempo, é uma relação muito distante. A cobertura do dia a dia é toda igual porque todos os jornalistas tiveram uma mesma pessoa para entrevista. Todo mundo ouve todas as entrevistas, todas as perguntas”.
“É difícil ter uma exclusiva. Precisa passar pelo assessor de imprensa do jogador, pelo empresário do jogador, pela assessoria de imprensa do clube, pela direção do clube. É tanta gente para dar o aval que acaba raramente saindo uma entrevista que não é da coletiva”, desabafou Milton Leite.
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No final, foi abordado na entrevista o fato do jornalismo esportivo ter sofrido uma alteração na forma da apresentação, que está mais descontraída. Antes, era totalmente formal e atualmente é informal, mas mantendo a credibilidade. Sendo assim, Milton Leite respondeu que a internet influenciou e explicou o motivo.
“Eu acho a rede social influencia muito nisso. Todo mundo quer virar meme, fazer piada, fazer uma gracinha porque sabe que isso vai repercutir nos sites, nos blogs e na TV. Com isso, acho que a gente perdeu muito em termos de qualidade de informação”, declarou o jornalista.
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“Embora haja muita qualidade em gente jovem que está surgindo, há uma impregnação desse lance de memes, de como repercutir nas redes sociais… Tem gente que já vai pro jogo com algo pensado para falar porque sabe que aquilo vai ter alguma repercussão. Nesse sentido, a gente perdeu muito. Ganhamos de um lado, perdemos em outro.”, finalizou Milton Leite.