Ícone do rádio e da televisão brasileira, Gil Gomes abre as portas de sua casa para uma entrevista com a apresentadora Daniela Albuquerque.
Aos 76 anos, ele relembra momentos do início de sua carreira e faz um desabafo comovente sobre a perda do filho, que morreu após contrair hepatite C. “Lembro de quando estava me despedindo dele no cemitério, eu disse ‘tchau Gui, até outro dia’. Foi a maior tristeza da minha vida”, conta o locutor aos prantos.
Nascido em 1940, Gil recorda o período da Ditadura Militar e revela que, embora nunca tenha sofrido agressões físicas, foi preso cerca de 30 vezes: “Terminava o programa e a viatura da Polícia Federal vinha me buscar. Só que eu era amigo do [político] Romeu Tuma e sempre saía”. Questionado sobre as ameaças, ele conta sobre o único episódio em que se sentiu com medo e afirma: “Jornalista é gente inconsequente. Se sente superior às intimidações. Recebi dezenas de ameaças, mas só me apavorei com uma”. “Trabalhava na rádio e recebi um telegrama dizendo que tinha apenas 30 dias de vida. No outro dia, recebi mais um, escrito ’29 dias de vida’, e começou uma contagem regressiva. Quando faltavam 12 dias, mataram meu gato, envenenado. Depois daí, a contagem acabou e não aconteceu nada, mas eu tenho uma mania de valente”, ressalta.
Sucesso após comandar o consagrado ‘Aqui Agora’, do SBT, Gil relembra um dos 638 crimes que ajudou a desvendar. “Mataram uma enfermeira no apartamento dela e o porteiro do prédio jurava que ninguém tinha entrado. A polícia estava investigando quem teria matado e deduzi o seguinte: se ele não tinha como entrar, ele não entrou. Só podia ser alguém do prédio. Apurei, levantei fichas e depois, conversando com um dos moradores, ele me confessou o crime”, conta.
Ainda na entrevista, ele se emociona ao lembrar da morte de um menino de 5 anos, cujo assassino não foi preso. “Trabalhei neste crime por 10 anos e ficou marcado em meu coração. Mataram e deceparam o garotinho na Vila Carrão (SP). No enterro dele, jurei que não descansaria enquanto não pegasse o cara e não pegamos. Dói até hoje”, desabafa. Ele também afirma que tinha um suspeito e que muitas vezes sentou-se na porta da casa dele pensando ‘foi você’, enquanto o homem lhe sorria, como se dissesse ‘então prove’.
Classificando o Instituto Médico Legal (IML) como “sua casa”, o locutor comenta o massacre do Carandiru e afirma que, ao contrário do que foi divulgado na época (111 mortos), ele viu “com os próprios olhos uma pilha de cerca de 250 corpos”.
De volta à televisão após ficar afastado por 11 anos, Gil Gomes sofre de Parkinson e diz que a doença pode ter sido desencadeada por problemas emocionais. “Tanta coisa que vivi, senti, chorei. Sou chorão e quando choro eu me revolto. Passei os últimos seis anos sentado em uma poltrona esperando a morte, mas agora voltei e estou feliz”, pontua.
Ao final, ele agradece homenagens de amigos como Sonia Abrão, Raul Gil e Moacyr Franco e ressalta: “Hoje tenho 76 anos, com Parkinson e eu tremo. Porém, uma certeza quero ter até morrer: de que minha alma, meu coração e a verdade dentro de mim não tremam”.
A entrevista completa vai ao ar neste domingo (25), durante o programa ‘Sensacional’, apresentado por Daniela Albuquerque, às 16h30, pela RedeTV!.