Um dos grandes símbolos da luta negra no Brasil, a cantora Preta Gil já sofreu na pele o que é o racismo. Em peça no teatro XP Investimentos, a filha de Gilberto Gil fala desde o racismo sofrido na infância, que contém uma passagem da mãe de um coleguinha afirmando que não a daria carona pois não ‘levaria filho de macaco’, até os dias atuais.
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Em conversa com o jornal Extra, ela comenta outra cena da peça, em que Preta Gil interrompe uma palestra após o palestrante usar termos como ‘Denegrir’.
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“Sempre me considerei preta. Nesse debate em Salvador chegaram a me colocar em xeque, tentaram me embranquecer, fiquei chocada. Tenho consciência dos meus privilégios, sei que ser filha de pai preto com uma mãe branca me traz outras questões, e sei também que mulheres retintas (com a pele mais escura) sofrem coisas pelas quais nunca passei. Foi um processo doloroso, mas depois disso a Taís Araujo me colocou em um grupo no Whatsapp com outras mulheres negras que me ensinaram muita coisa. É um grupo denso e absolutamente necessário. Ali são mulheres que se apoiam, e que também fazem discussões nem sempre felizes. Racismo é algo perverso e assola o Brasil de cabo a rabo”, disse a cantora.
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Para Preta Gil, temos que acabar com o preconceito: “Tem muita gente que diz “não sou racista”, “tenho até amigos negros”, nada mais racista do que isso, ou até tem quem realmente não seja, mas ainda não é antirracista. Ou seja, ainda precisamos de quem combata essas atitudes no dia a dia até das outras pessoas. Não cola mais a frase “ah, não precisa de um dia da consciência negra, somos todos humanos”. Óbvio que somos humanos, só que é preciso entender que há uma dívida histórica com o povo preto e que é preciso reparar. É só entender isso para evoluir”, disse ela.