Regina Casé, atriz e apresentadora, abriu o coração pela primeira vez ao falar sobre o preconceito contra artistas nordestinos na TV. Sendo assim, ainda em uma entrevista mais do que reveladora, a artista frisa que essa ‘situação’ vem ‘sendo quebrada’ graças a Wagner Moura e Lazaro Ramos.
Dessa forma, em uma entrevista concedida à Patrícia Kogut, do jornal O Globo, Regina Casé desabafa: “Por que Chico Anysio, Renato Aragão e Tom Cavalcante não viraram atores dramáticos? Por que eles vão para o humor? Porque só de ele ter aquele sotaque e aquela cara ele é considerado um palhaço. É caricato. O preconceito é tão forte e tão completamente naturalizado que não adianta, ninguém conseguiria vê-los num papel sério ou dramático“, disparou ela.
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Na sequência, Regina ainda pontua: “Hoje em dia, depois de Lázaro Ramos e Wagner Moura, esse preconceito vem sendo quebrado. Qualquer nordestino era fadado a ficar no humor. Eu descobri isso logo. Porque eu tenho esta cabeça de Ademar, queixo de Adevictor e orelha de Adejar. São os três irmãos do meu avô. Com esta cara, eu logo vi que não seria a mocinha da novela. Aí eu falei: ‘Não, eu vou inventar o meu lugar. Porque nesse lugar eu não vou encaixar’. Aí na televisão eu comecei a inventar os meus próprios programas, porque eu não encaixava em nenhum outro programa“, confessou.
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Sendo assim, Casé ainda comentou para Kogut, como se enxerga: “Eu acho que tenho muita coisa de indígena, muita coisa de negra e muita coisa de branca. Ou seja, eu sou brasileira mesmo. Isso quem disse foi a Anna Muylaert, que dirigiu “Que horas ela volta” (…) O meu lugar de fala é difícil pra caramba. Eu sou mãe de preto, convivo com um monte de preto no meu dia a dia e me dilacero com cada injustiça e desigualdade a cada dia. E vendo coisas que uma branca não conseguiria ver nem que ela lesse todos os livros, porque você conviver todo dia muda muito. É claro que eu não estou sentindo na minha pele, porque no Brasil eu sou branca. Ainda mais quando você tem grana e é famosa. Eu sou quase loura“, revelou.
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