De volta às novelas, Susana Vieira foi a atração da festa de lançamento de Éramos Seis, realizada na Casa de Cultura Julieta Serpa, no Rio de Janeiro, na última segunda-feira (16), onde o Área VIP marcou presença.
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Cercada por jornalistas, a atriz comandou a entrevista e reconheceu rostos que a acompanham ao longo da novela, como o da radialista Irene Paro, com que inclusive já trabalhou na novela sucessora. “A Irene tem prioridade porque a gente trabalhou numa novela de época que ela era minha empregada”, disse a atriz,que expressou sua vontade em ter um programa numa rádio. “Eu tenho loucura pra trabalhar em rádio. Eu tenho loucura pra fazer um programa feminino de cartas. Hoje em dia não se usa mais carta. Em carta você bota tudo que está no seu coração. Você não escreve na carta o que você escreve no Instagram. Um programa falando com as mulheres, porque eu não tenho nada pra falar com homens. Eu queria que a pessoa me perguntasse o que quisesse e eu não fosse aconselhar, mas falar da minha experiência. Mas eu ia tirar muita gente da depressão, gente com problema de feiura, com problema de gordura. Eu quero dizer todos os defeitos que eu tenho pra mostrar que a pessoa não precisa ser infeliz”, disse
Sobre ‘Éramos Seis’ ser um remake, Susana disse que não está se baseando nas outras edições da história. “Pra mim é uma nova novela que me chamaram pra fazer e eu estou fazendo. Eu não tive nenhum problema nem de ser remake, nem de ser um papel muito grande. A Globo fez uma pesquisa pra saber o que o público quer assistir. Eu fico super feliz de fazer uma novela que o público quer assistir. Trabalhar com a Glorinha (Pires). Peguei no colo com quatro aninhos, hoje ela é minha amiga. Eu não to com esse peso do remake”, afirmou.
A atriz contou um pouquinho do que vai ser o papel de Emília e se emocionou no final do evento quando se jogou no meio da imprensa para tirar foto e foi ovacionada.
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Confira a entrevista:
Ela é uma tia rica da Lola (Glória Pires), ela vai ajudar sobrinha?
Não, claro que não. Por isso que eu vou fazer a tia má.
A Emília é uma pessoa muito solitária, você se identificou com ela em algum momento da sua vida?
A Emília é solitária porque ela tem uma filha com problemas de distúrbio mental. Então ela é uma mulher amargurada. Ela é de família aristocrata e para essa mãe ter uma filha com problema… ela largou tudo da vida dela. Ela mandou a outra filha mais velha estudar na Suíça pra não ter que conviver com a irmã. Ela tem vergonha de contar pra família que ela tem a filha com problema.
Você conhece alguém na vida real que vive o mesmo dilema da Emília?
Conheço duas, conhecidíssimas inclusive, que tiveram filhos com problemas mentais que nunca mostraram para o público.
Como você enxerga essa questão nos dias atuais?
Com esse negócio de internet , tanta literatura de doenças, a medicina adiantou tanto que ficou mais fácil explicar cada problema, mesmo assim ainda existe muito preconceito. Eu acho que não existe depressão nessa questão. A doença da depressão é silenciosa e você não percebe. Tem doenças que são mais visíveis. Por exemplo, a minha filha (na novela) repete: ‘Eu quero um gato, eu quero um gatinho’. E a Emília não pode ser grossa, porque ela é educada.
Ela chega a ser uma antagonista?
Não, ela não chega a ser uma antagonista. Ninguém vai fazer mau pra ninguém nessa novela, eu acho, não é uma novela típica. Eu acho que essa é a diferença. Não existe assassinato, não tem ninguém querendo pegar a fábrica de ninguém, eu acho que é uma novela das antigas sem esses problemas de crimes. Relações humanas.
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Hoje em dia vem 35 cenas por capítulo, antigamente não era. Quando levantou pra fazer um pipi já tem outra cena que o cara já tá casado, o cara que era marido da outra já virou gay na outra cena, tão rápido, você não vê aonde foi que ele arrumou o bofe. Eu não sei que horas que o Malvino (Salvador) virou gay nessa novela (A Dona do Pedaço). Eu perdi alguma coisa.
Você se surpreendeu com a audiência da reprise?
A Globo deve ter pensado que o público precisa mudar, só que existem coisas que não há necessidade de mudar. Qualidade não se muda. Você pode de um fazer três, mas só esse um vai ser bom. Não adianta pegar quatro e achar que vai dar um Manoel Carlos. Eu acho que o público sente às quatro da tarde e não tem a necessidade de mudar de canal. E a única pessoa que faz um pouco de maldade não mata ninguém, que sou eu.
Como você encara as memes que surgem com seu nome?
Eles sacaram quem eu sou, pelo que eu falo, como eu me comporto, pelos namorados que eu tenho, então eu acho que eles tiraram conclusões.
Essa novela vai falar um pouco do feminismo no início do século passado, como você encara essa questão?
Meu pai morreu com 93 anos e minha mãe com 92. Eu conheci minha mãe trabalhando. Nunca tive que ir pra rua com camiseta ‘não encosta em mim’, eu mesma disse pra quem eu quis ‘não encosta em mim’. Sempre trabalhei desde os 16 anos porque quis, porque eu era bailarina, não porque precisasse ajudar em casa, e minha mãe trabalhava na Embaixada do Brasil com meu pai. Desde que eu nasci eu vi todo o meu núcleo familiar já feminista. Todo mundo botando dinheiro em casa. E os maridos machões como sempre. Até hoje se você der confiança um minutinho,eles serão machistas. Então, eu não sinto diferença nenhuma. Fiz o que eu quis, nunca dei confiança pra ninguém invadir uma coisa que eu não quisesse. Nunca dei pra ninguém, não precisei fazer (teste) sofá de nada. O feminismo na minha vida existiu naturalmente. Eu fui trabalhar e trabalhar é muito bom.
Trabalhar é o lugar que você é mais feliz?
É, eu descobri isso na vida. Eu acho que eu abri mão da minha vida pessoal por causa do trabalho. Eu hoje tenho essa consciência. Algumas vezes me perguntei se fiz bem ou mal.
A Emília será uma mulher rica e não vai ajudar a Lola, que é pobre, na vida real você tem medo de ficar pobre?
Morro de medo, mas antes eu tenho cinco apartamentos para vender, e tenho uns 20 anos de vida. Ainda vou deixar muita gente feliz. Hoje em dia, economicamente mais segura, se eu parar de trabalhar quatro, cinco meses, aquele dinheiro já gastei.
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