Dona de personagens fortes na TV, Dira Paes entra em cena em ‘Pantanal‘ na pele de mais uma mulher guerreira. A atriz assume a sequência de Filó, muito bem interpretada no início da trama por Letícia Salles. Como uma geração, a artista também guarda lembranças da trama original, exibida em 1990.
“Pantanal foi um acontecimento dentro da dramaturgia brasileira. Foi impactante tudo que aconteceu quando a gente assistiu Pantanal. Acho que nunca um Brasil tinha sido desnudado da forma como Pantanal se desnudou na televisão brasileira. Nunca personagens femininas tinham ficado tão plenas dentro daquela realidade que se apresentava aos nossos olhos. Foi um momento marcante pra mim como expectadora”, destacou Dira na coletiva da novela, onde o Área Vip esteve presente.
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A força da personagem
“A Filó é uma personagem que faz aquela ponte, os dois lados de uma mulher que vai da prostituta à grande mãe, como se isso fossem opostos, e são coisas complementares. Porque o começo da Filó é um começo nesse universo machista que é o Pantanal. O interior do Brasil, tanto quanto a cidade, onde o machismo é oculto muitas vezes, mas quando a gente viaja para esses recônditos do Brasil a gente vê que esse universo ele existe e ele vai estar em Pantanal. Faz parte da nossa discussão dentro da novela. E a Filó é complexa porque é uma mulher que começa uma vida muito cedo, eu vejo esse exemplo em outros lugares do Brasil, não tem chance, se entrega a prostituição, só que ela é resgatada pelo encantamento de um jovem por uma mulher… eu já vi isso também acontecer”.
A paixão por José Leôncio
Para Dira, a personagem é muito realista na trajetória. “Só que vem outra paixão pro José Leôncio e isso atravessa o conto de fada da Filó e faz ela por os pés no chão. A Filó é muito realista e isso faz que ela traga uma carga no meu olhar muito contemporânea. Porque quando esse homem chega com uma nova paixão, uma paixão que ele oficializa, ela dá dois passos pra trás. E ela considera que ela vai conseguir conviver com esse casal, que ela supostamente achava que era ela a pessoa que estaria naquele lugar”.
Mulher contemporânea
A atriz ressalta o amadurecimento de Filó. “E esse choque de realidade da Filó amadurece ela muito mais rápido. Ela já era uma mulher amadurecida pela vida, a Filó ela dá umas informações de como ela teve que amadurecer sozinha e essa convivência… eu vejo na Filó uma coisa muito contemporânea que é o amor sem o apego, um amor sem na verdade esperar do outro o mesmo reconhecimento a mesma medida e isso vai dando uma dignidade pra essa mulher que acaba adquirindo também a sabedoria do lugar, acaba sendo uma referência para todos que estão ali naquela fazenda, então nesse sentido eu acho que essa mulher não esquece de onde ela veio, ela reconhece quando a Juma chega, quando a Muda chega, a própria Irma, que ela sabe que ela se deitou com o homem que ela amava”, destaca.
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Envolta em mistérios
Ao longo da trama, Filó faz mistério sobre o filho. “Agora como todos os personagens do Benedito, ela tem um revés, ela tem esse passado, ela tem esse filho, que ela conta no momento estranho, ela conta um pouco depois. O próprio Zé Leôncio ajuda ela no parto, eu ainda to me permitindo essa descoberta porque a Filó faz disso um mistério tão grande. Então essa curiosidade, acho que é o revés da Filó. A Filó ela não mente, ela só as vezes não conta a verdade. Eu tenho essa pequena defesa do personagem”, confessou.
Reflexão sobre o bioma
Para Dira, a novela terá uma importância crucial de alertar sobre os problemas ambientais no Brasil. “O próprio nome já diz Pantanal, um dos biomas brasileiros mais importantes. O nome da novela já traz toda uma consciência do que a gente vai falar. E falando desse bioma, a gente vai estar falando de todos os nossos biomas. Eu acho fundamental essa reflexão porque vai estar ao longo da novela, esse é um questionamento, essa é um viés bem mais entendido na nova trama. Eu acho que é uma preocupação do autor falar sobre essas questões, trazer pra gente também um impacto visual. Porque Pantanal também, a gente começou a entender melhor do que é, do que se trata os problemas do bioma Pantanal que tem a ver com a questão da água, principalmente. É preciso que inteligências sejam dedicadas a esse problema ambiental. Nesse sentido, a gente sabe o valor que tem das pesquisas que fazem com que novos manejos sejam pensados no Pantanal”.
