De George Moura e Sergio Goldenberg, ‘Onde Nascem os Fortes’ é uma história de amor, paixões, ódio e perdão, ambientada no sertão nordestino. Com direção artística de José Luiz Villamarim, a supersérie estreia em 23 de abril.
A trama se passa nos dias atuais, na fictícia cidade de Sertão. Os jovens Hermano (Gabriel Leone) e Maria (Alice Wegmann) se apaixonam torridamente, mas uma briga os impede de continuarem juntos. Como a chuva do semiárido, que evapora antes de tocar a terra, Nonato (Marco Pigossi), irmão gêmeo de Maria, desaparece misteriosamente. Maria acusa o pai adotivo de Hermano, o poderoso empresário Pedro Gouveia (Alexandre Nero), de ser o responsável pelo sumiço de Nonato e se afasta de sua paixão. Maria e a mãe Cássia (Patrícia Pillar), uma engenheira química, largam tudo no Recife e se mudam para Sertão: vão enfrentar tudo e todos para descobrir o paradeiro do jovem desaparecido. A partir daí, desencadeiam-se os conflitos que movimentam a história: romances interrompidos, rivalidades acirradas, luta por justiça e revelações inesperadas do passado.
Para George Moura, ‘Onde Nascem os Fortes’ “é uma história de como as paixões podem provocar amor e ódio e, frente a determinados impasses, só é possível ir adiante com o perdão. Temos o desaparecimento desse jovem, Nonato, como um ponto de partida da trama. Daí nasce a saga de duas mulheres, Cássia e Maria, mãe e filha, em busca de respostas, numa cidade onde a força, muitas vezes, vale mais que a lei”. “Na estrutura narrativa da supersérie, elegemos três forças motrizes: a terra, o céu e o coração em movimento. Cada uma dessas forças é representada por um personagem – Pedro, Samir (Irandhir Santos) e Maria -, que conduzem o desejo irrefreável de encontrar respostas”, completa. “Partindo do folhetim clássico, a trama de um amor impedido por uma tragédia, desenvolvemos uma história com desdobramentos que mostram o Brasil tal como ele é hoje”, diz Sergio Goldenberg.
As gravações da supersérie tiveram início em outubro de 2017, e ela tem cerca de 60% das cenas feitas em externas e locações no semiárido paraibano. A equipe também rodou sequências no Piauí e em Pernambuco. “O sertão é um espaço mítico, fundador do país, e ele surge como um personagem, se revelando em suas contradições. O embate entre o arcaico e o contemporâneo passa por toda a história de ‘Os Fortes’”, conceitua José Luiz Villamarim.
O enredo
Sertão, 2018. Os irmãos gêmeos Maria (Alice Wegmann) e Nonato (Marco Pigossi) partem do Recife para a cidade natal de sua mãe, Cássia (Patricia Pillar), em busca de novas trilhas de mountain bike. Na volta de uma delas, Maria acaba conhecendo Hermano (Gabriel Leone), jovem paleontólogo por quem se apaixona. Nonato, por sua vez, se envolve numa briga banal num bar da cidade com Pedro Gouveia (Alexandre Nero), após flertar com Joana (Maeve Jinkings), a amante do empresário. O rapaz é retirado à força do bar por Agripino Gogó (Marcos de Andrade) e Jurandir (Rodrigo García), seguranças de Pedro. Adauto (Nanego Lira), dono do bar, é uma das testemunhas do entrevero entre o rapaz e o empresário.
O sumiço de Nonato transtorna Maria, que decide iniciar uma busca pelo irmão por toda cidade, com a ajuda de Hermano. Sem notícias de Nonato, ela se vê obrigada a contar a verdade para a mãe Cássia, que está no Recife. Cássia é de Sertão, mas há mais de 20 anos não volta à cidade – ela nunca explicou muito bem por que não gosta do local. A notícia de que Nonato está desaparecido, no entanto, leva a engenheira química de volta à terra natal. A primeira pessoa com quem ela esbarra, assim que chega à cidade, é Pedro Gouveia. Cássia nem imagina que ele pode estar envolvido no desaparecimento de Nonato.
Maria, a princípio, também não desconfia de Pedro. Mas o testemunho de Adauto acaba por mudar o rumo de sua investigação. Adauto teme depor contra Pedro, já que ele é o homem mais poderoso da cidade. O comerciante, no entanto, é induzido a fazê-lo quando recebe uma visita do juiz Ramiro (Fabio Assunção). Ramiro é rival de Pedro, com quem tem uma rixa antiga, e primo da mulher do empresário, Rosinete (Debora Bloch), por quem foi apaixonado na juventude. Ao saber do envolvimento de Pedro na briga com o rapaz desaparecido, Ramiro decide intervir na história a seu próprio favor.
O juiz é parceiro de Plínio (Enrique Diaz), delegado de Sertão. Plínio recebe a denúncia do desaparecimento de Nonato, feita por Maria. Mas o delegado mantém boas relações com Pedro, que também usa sua influência para impedir que o delegado leve a sério os indícios de que ele possa estar envolvido no crime.
Maria decide tirar satisfações com Pedro, que nega qualquer envolvimento no sumiço de Nonato. A situação sai do controle de Maria, que acaba se envolvendo num confronto violento com Pedro e, com medo de ter o mesmo destino do irmão, foge para o Lajedo dos Anjos, comunidade do líder religioso Samir (Irandhir Santos). Lá, conhece Simplício (Lee Taylor) e Mudinho (Démick Lopes), a quem se une para descobrir o destino de Nonato, seu irmão desaparecido. E assim Simplício se apaixona loucamente por Maria.
Cássia, sem saber o paradeiro do filho Nonato e nem da filha Maria, se instala novamente em Sertão. É quando Ramiro se aproveita desse momento de fragilidade para se aproximar dela. Assim como Pedro, o juiz se sente atraído por Cássia, mas também se vale da situação para usá-la no ataque a seu inimigo. Cássia, destemida e sagaz, precisa seguir adiante na busca pelos filhos, mas sempre atenta aos perigos de um território repleto de hostilidades.
A terra: Pedro Gouveia
Pedro Gouveia é conhecido pelo apelido de Rei de Sertão. Símbolo do poder econômico, dono da maior fábrica de bentonita de lá, o empresário é um apaixonado pela terra que lhe deu tudo o que tem: superou a infância humilde e fez fortuna com a extração do minério, o “ouro” da região. O sucesso lhe garantiu respeito e admiração dos moradores da cidade, mas também alguns inimigos: o juiz Ramiro é o mais poderoso deles.
Pedro é casado com Rosinete (Debora Bloch), prima de Ramiro. No passado, a dona de casa desistiu do namoro com o juiz para ficar com Pedro. Ele e Rosinete têm dois filhos: o paleontólogo Hermano, que foi adotado quando ainda era criança, após várias tentativas frustradas de Rosinete engravidar; e Aurora (Lara Tremouroux), a caçula, que veio naturalmente. Ela é superprotegida por ser portadora de lúpus, doença autoimune e incurável. É o amor pelos filhos que o faz manter o desgastado casamento com Rosinete.
E é com Joana (Maeve Jinkings), sua funcionária na fábrica, que Pedro compensa o marasmo que virou sua vida conjugal. A amante do empresário, no entanto, tem outros objetivos: chantageada por Ramiro, a quem supostamente deve um favor, ela se instalou na empresa para espionar o Rei do Sertão. Joana foi infiltrada na fábrica para furtar documentos com estudos que comprovam a existência de uma grande jazida de bentonita numa área ainda não explorada, ocupada pela comunidade de Samir, conhecida como Lajedo dos Anjos.
“Pedro age de acordo com os códigos do lugar onde nasceu e vive. Isso, de algum modo, afeta a forma como ele se apresenta para os outros. Para quem o vê, ele é um homem que não se furta em usar sua influência para conseguir o que quer. Mas, na verdade, ele se vale dessa imagem para sobreviver naquele ambiente”, observa Alexandre Nero.
A briga com Nonato e a suposta culpa pelo sumiço do rapaz expõe essas contradições de Pedro. “Ele nega ter a ver com o desaparecimento do Nonato, se mostra sentido pelo sofrimento de Cássia, mas, ao mesmo tempo, promove uma caçada sem trégua a Maria, a quem considera um perigo. Isso torna o personagem ainda mais complexo, o que me interessa muito como ator. É um tipo de personagem que você não o compreende por completo num primeiro olhar, ele vai revelando no curso da história novas camadas de quem ele de fato é”, completa Alexandre Nero.
Um coração em movimento: Maria
Maria é coração puro. Apaixonada pela mãe, Cássia, e pelo irmão, Nonato, nunca soube o que é amar sem intensidade. Impulsiva, determinada, ela tem um espírito indomável: com Maria, é tudo ou nada.
O desaparecimento do irmão gêmeo impulsiona Maria numa busca insana por respostas. Ela não olha para trás, nem quando Hermano, por quem está perdidamente apaixonada, se opõe aos métodos adotados por ela para esclarecer o que ocorreu com o irmão. O filho de Pedro Gouveia não acredita na culpa do pai, mas também se esforça para tentar proteger a amada dos rompantes que a conduzem a uma jornada arriscada.
Sem contar com a polícia e com a lei e se negando a ouvir o que Hermano e Cássia têm a sugerir, Maria se embrenha pelo sertão e encontra em Simplício e Mudinho os companheiros nessa saga. Ao lado deles, sente que pode conseguir o que quer: infernizar a vida de Pedro até que ele, enfim, revele o paradeiro de Nonato. Cássia se opõe ao plano da filha. Ela tenta convencer a jovem que o melhor a se fazer é esperar que a polícia e a justiça locais deem as respostas que elas anseiam.
“Maria se sente atormentada pela falta do irmão. É como se tivessem tirado uma parte dela e, com isso, fosse impossível viver do mesmo jeito”, avalia Alice Wegmann. “Ela não acredita nos poderes instituídos, ao contrário da mãe, que insiste em seguir pelos caminhos oficiais. Mas Maria também tem essa impaciência da juventude, algo forte na sua personalidade. Isso acaba fazendo com que Maria perca os limites e o controle dos seus atos. Ela é atropelada pela própria ânsia de respostas”.
O céu: Samir
O Lajedo dos Anjos é um lugar sagrado para Samir (Irandhir Santos). Foi sobre a formação rochosa que se impõe em Sertão que ele decidiu começar uma vida nova, após sofrer uma grande decepção que lhe causou muito sofrimento e dor. Acabou transformando o local numa comunidade que recebe pessoas em busca de refúgio e de uma nova oportunidade na vida. Sob o discurso de amor ao próximo, caridade e perdão, dezenas de famílias vivem de maneira colaborativa e autossustentável do Lajedo. Aldina (Camila Márdila) é o braço-direito de Samir, e é ela quem organiza as tarefas de lá.
Ter subido ao lajedo, no entanto, não distanciou o líder comunitário de questões mundanas. O local é alvo da ambição de homens poderosos por ser rico em minério. Empresário do ramo de bentonita, Pedro já havia encomendado estudos sobre a área para confirmar a existência de uma grande jazida inexplorada. O juiz Ramiro também esconde interesse pelo local. O juiz sonha em fazer um negócio concorrente ao de Pedro, seu inimigo, explorando a extração do minério.
“Em algum momento da sua vida, Samir prometeu nunca mais descer do lajedo. Mas ele é impelido a isso, conforme as situações são apresentadas na história. Ele acaba sendo obrigado a se implicar”, conta Irandhir Santos. O sumiço de Nonato o força, indiretamente, a se envolver na guerra entre Pedro e Maria. O religioso respeita o empresário, que conhece há anos, mas também dá abrigo à filha de Cássia quando ela se torna uma fugitiva da polícia.
De volta a Sertão: Cássia
Cássia nunca pensou em voltar a Sertão. Quando era jovem, ela se mudou para Recife junto com a família e foi estudar engenharia química, deixando para trás a vida e as relações que mantinha na cidade natal. Cássia criou Nonato e Maria sozinha, com muito amor, dedicação e coragem. Protetora, sempre se preocupou com o comportamento destemido dos dois. Ao receber uma ligação de Maria confirmando que o irmão está sumido, ela se dá conta de que é hora de encarar os próprios medos. “Ela tem uma história com aquele lugar que a assombra. Mais cedo ou mais tarde, ela teria que resolver essa questão. O episódio com os filhos e as circunstâncias que se apresentam nesse retorno a levam a esse enfrentamento”, pontua Patricia Pillar.
Para complicar, Cássia ainda se vê impelida a lidar com o desejo por Pedro Gouveia suspeito do sumiço de seu filho. Ao mesmo tempo, deixa que Ramiro se aproxime, aceitando o apoio que ele oferece. “Existe uma tensão que persiste entre os três, que vai se definindo ao longo dos episódios”, encerra.
A lei: Ramiro Curió
O Curió que carrega como apelido vem da paixão de Ramiro pelos pássaros. O juiz de Sertão tem uma obsessão por aves raras: pratica caça esportiva e mantém no solário de sua mansão um viveiro cheio delas. O trabalho no fórum é o que menos lhe interessa.
Solene, sombrio e preciso, Ramiro não é do tipo que se distrai de seus objetivos. O principal deles é fazer concorrência a Pedro Gouveia no negócio de bentonita. Já sabe o terreno que terá que desocupar para extrair o minério e tem na sedutora Joana uma aliada para descobrir segredos da bem-sucedida fábrica do rival.
A inimizade entre o juiz e o empresário é antiga. “Ramiro tem gosto pelo poder e também pelo dinheiro. Ele inveja esse homem, mas é frio a ponto de saber controlar esse sentimento. Não é algo que tire o sono dele”, diz Fabio Assunção. “Para Ramiro, tudo passa pela sensação de estar no controle”, completa.
A relação com o filho, Ramirinho (Jesuita Barbosa), reproduz esse comportamento. Viúvo, Ramiro criou o herdeiro sozinho e construiu planos para o futuro dele. Ramirinho finge acatá-los, mas leva uma vida dupla: à noite, ele faz shows como cantor e DJ no Bodão Night Club, boate da cidade, assumindo a personagem Shakira do Sertão.
Cenografia: o Lajedo dos Anjos e a cidade de Sertão
Uma grandiosa estrutura feita com canos de PVC é o destaque da cenografia assinada por Alexandre Gomes. A construção, que simula uma espécie de oca feita com galhos, é o salão principal do Lajedo dos Anjos, comunidade liderada por Samir e foi elevada sobre uma formação rochosa de mais de 40 metros de altura localizada na área rural de Cabaceiras, no cariri paraibano.
As dimensões surpreendem: são 50 metros de profundidade, 10 metros de largura e até oito metros de altura. A construção levou cerca de um mês. “O grande desafio era construir algo que se fundisse com o cenário natural, com as pedras do lajedo, sem criar um estranhamento na paisagem. Nos baseamos na obra do arquiteto finlandês Marco Casagrande, que usa o bambu nas construções, mas optamos por usar cano de PVC reciclado por ser mais ecologicamente correto”, conta Alexandre Gomes.
Essa não foi a única criação da cenografia na Paraíba, para onde a equipe seguiu do Rio de Janeiro em outubro de 2017. Uma fazenda no pequeno município de Soledade teve parte das construções reais alteradas para se tornar a fictícia Sertão. “É nesse lugar que se concentram a maior parte dos cenários da cidade: o hotel Pedras do Sertão, o bar do Adauto (Nanego Lira) e o fórum de justiça onde Ramiro dá expediente. Em alguns casos, mexemos só na fachada. Em outros, no entanto, alteramos a planta das construções, já que optamos por gravar algumas cenas nas áreas internas dela”, explica o cenógrafo.
Em outras cidades da região, como Gurjão, São João do Cariri e Boa Vista também estão outros cenários que aparecem na supersérie: a delegacia de polícia onde trabalha Plinio a casa de Tião das Cacimbas (Zé Dumont), o bar de Orlando (Antonio Fabio) e a mansão e a fábrica de bentonita de Pedro. Áreas internas de todos os cenários, no entanto, foram reproduzidas nos Estúdios Globo. “A partir das locações reais, propusemos uma recriação em estúdio, para agilizar a produção. As casas dos personagens também foram feitas no Rio”, completa, citando a mansão de Pedro, inspirada na casa do chef argentino Francis Mallmann. São nove cenários fixos no total, contando a boate da cidade, o Bodão Night Club, onde Shakira do Sertão (Jesuita Barbosa) se apresenta.
Até mesmo as grutas onde os moradores do Lajedo dos Anjos moram na história foram reproduzidas em um cenário nos Estúdios. Uma grande estrutura feita de isopor e resina simula a formação rochosa real, com suas cavidades e formas. “É uma espécie de labirinto de pedra, inspirado nas grutas da Capadócia. O grande desafio foi fazer com que ele parecesse crível e emulasse a energia do cenário real”, afirma.
Produção de arte: de fósseis animais a aves silvestres
Hermano é um paleontólogo. Ramiro, um colecionador de aves. Tião das Cacimbas faz esculturas a partir de troncos de madeira. Para atender às demandas de personagens tão distintos, a equipe de produção de arte de ‘Onde Nascem os Fortes’, liderada por Anna Helena, fez uma pesquisa profunda sobre temas diversos, mas sempre com uma preocupação: dentro do universo ficcional proposto pelos criadores, era preciso encontrar referências reais.
“O objetivo do nosso trabalho é materializar o que os autores descrevem no texto, mas sem deixar de se ater ao que é verossímil”, conceitua Anna Helena: “Para Hermano, o desafio era produzir fósseis de animais que realmente existiram na região onde a trama se passa. Entre outros, chegamos ao eremotherium, a preguiça gigante, ancestral da preguiça que conhecemos hoje”. A equipe encomendou réplicas para o Museu Nacional de História Natural, no Rio, e para o Museu de História Natural de Ingá, na Paraíba.
A coleção de aves de Ramiro é outro destaque do trabalho da equipe. Foram escolhidas mais de 20 aves exóticas, dispostas no viveiro localizado no solário da casa do juiz. Além de aves ornamentais, como araras, aves de rapina como uma coruja e um gavião chamam atenção no cenário. As esculturas de Tião das Cacimbas também foram cedidas para a equipe da supersérie. São cerca de 15, todas com a assinatura do artesão pernambucano José Bezerra. O artista é conhecido justamente por trabalhar com troncos de madeira.
A criação mais livre se vê na decoração dos ambientes, sejam eles locações ou cenários em estúdio. O bar do Adauto exemplifica essa possibilidade. O comércio onde se passa a briga entre Pedro e Nonato é um apanhado de referências das bodegas da região. “Nesses casos, a gente pode brincar. Essa imersão que fizemos para a produção foi muito importante para que a gente pudesse ter as referências e se valer delas”, conta. Houve, inclusive, uma troca com os moradores locais. Muitos objetos acabaram sendo alugados deles. “Em outros casos, propusemos trocas. Para a comunidade de Samir, levamos uma série de utensílios domésticos novos e trocamos por usados”, completa.
Figurino e caracterização: o real, o invisível e o sutil
Assinado por Cao Albuquerque e Sabrina Moreira, o figurino de ‘Onde Nascem os Fortes’ segue um dos conceitos propostos pela direção artística da supersérie: marcar a coexistência do contemporâneo e do arcaico nessa geografia. Esse embate fica claro na diferença entre os figurinos dos protagonistas masculinos, rivais na ficção: o empresário Pedro se veste como se vivesse numa grande metrópole, dialogando com o novo; já o juiz Ramiro, com suas peças de linho, se vale da solenidade dos trajes dos antigos coronéis.
Essa característica possibilitou à equipe construir um acervo heterogêneo, com peças básicas, esportivas, regionais e garimpadas em brechós. O jeans, item universal, aparece desde o figurino sensual de Joana ao vestuário dos policiais que trabalham com Plínio na delegacia da cidade. O figurino também sinaliza que a globalização chegou em Sertão com os moradores do Lajedo dos Anjos. A grife aparece nas peças carcomidas que chegam em doações ou nas imitações vendidas em feiras populares. Toda a intervenção é sutil.
“É um figurino mais documental, a serviço dessa história”, pontua Cao Albuquerque. Ele cita as personagens Maria e Cássia como exemplos. Na trama, mãe e filha têm poucas variações de looks e repetem as peças ao longo dos episódios. “São duas mulheres que chegam à cidade para passar poucos dias lá. Seria incoerente terem naquele lugar, naquela situação, peças com informação de moda.”
Para Marcos Freire, que assina a caracterização, o trabalho de sua equipe tem que parecer imperceptível até a narrativa exigir uma percepção de mudança. O cabelo de Maria marcará, por exemplo, a reviravolta na vida da personagem. Quando ela forma o bando com Mudinho e Simplício, a finalização do corte da personagem acaba garantindo uma imagem mais masculina.
Exceções à regra, a construção de Ramiro e de Shakira do Sertão (Jesuita Barbosa), que permitiram um trabalho de pesquisa mais aprofundado, um esforço das equipes de caracterização e figurino. Daí nasceu a ideia de deixar esse juiz de barba longa e cabelos grisalhos, remetendo ao velho poder. O personagem que Ramirinho assume à noite, quando se apresenta na boate, também passará por mudanças. “Não queríamos abusar da cor na maquiagem. É um personagem de poucas cores, marcamos com o vermelho na boca e as unhas, postiças e longas. A preocupação era parecer crível o fato de ele não ser reconhecido na cidade”, comenta Freire. O uso de técnicas de contorno facial, com maquiagem, e o desenho de uma sobrancelha, garantiram o resultado.
De George Moura e Sergio Goldenberg, escrita com colaboração de Flavio Araujo, Mariana Mesquita e Claudia Jouvin, ‘Onde Nascem os Fortes’ tem ainda a direção artística de José Luiz Villamarim, direção-geral de Luisa Lima e direção de Isabella Teixeira e de Walter Carvalho, que também assina a fotografia.
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