Em mais de cinco décadas de carreira, a carioca Glória Maria Matta da Silva, filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta, contou histórias do mundo. E fez história no jornalismo brasileiro. Abriu caminhos para mulheres negras e se tornou referência para centenas de profissionais. Na manhã desta quarta-feira, dia 2 de fevereiro, a jornalista e apresentadora morreu e deixa duas filhas, Laura e Maria.
Em 2019, Gloria foi diagnosticada com um câncer de pulmão, tratado com sucesso com imunoterapia, e metástase no cérebro, tratada cirurgicamente, também com êxito incialmente. Em meados do ano passado, a jornalista iniciou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias.
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Glória marcou a sua carreira como uma das mais talentosas profissionais do jornalismo brasileiro, deixando um legado de realizações, exemplos e pioneirismos para a Globo e seus profissionais. A importante cobertura do desabamento do elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro, que deixou 26 mortos em 1971, marcou sua estreia na Globo. Com a marca do pioneirismo, em 1977, Gloria Maria se tornou a primeira repórter a entrar no ar ao vivo e a cores no ‘Jornal Nacional’.
Confira as fotos de Gloria Maria:
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Após passar por ‘Jornal Hoje’, ‘Bom Dia Rio’ e ‘RJTV’, chegou ao ‘Fantástico’ em 1986, programa que apresentou de 1998 a 2007. Neste último ano, mais um feito: participou da primeira transmissão em HD da televisão brasileira, em uma reportagem no Alto Xingu.
A curiosidade de Gloria Maria desbravou fronteiras. Em viagens por quase 200 países, Gloria Maria andou lado a lado com a história. Participou de coberturas como a da Guerra das Malvinas, em 1982; a posse do presidente americano Jimmy Carter, em 1977; os Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996; a Copa do Mundo da França, em 1998, entre outras. Com seu jeito tão particular, arrancava declarações divertidas e reveladoras de entrevistados tão distintos quanto Michael Jackson, Usain Bolt, Paulo Coelho, Harrison Ford, Leonardo Di Caprio, Roberto Carlos e Madonna.
A intensa atuação diante das câmeras a fez solicitar e obter uma conquista: após apresentar por 10 anos o ‘Fantástico’ ao lado de Pedro Bial, ela partiu para um período sabático e ficou afastada do vídeo entre 2007 e 2009. E retornou, no ‘Globo Repórter’, onde levou os brasileiros por viagens e aventuras inesquecíveis. Do Brunei, o “país da felicidade”, a uma descida de bote pelo rio Colorado, no Grand Canyon. De um passeio de camelo pelo deserto de Omã a conversas com encantadores de serpentes no Marrocos. Cruzou o deserto do Saara em um dromedário, pulou do bungee jump mais alto do mundo na China, e viveu uma antológica experiência psicodélica na Jamaica. Foi repórter do programa a partir de 2010 e, nove anos depois, assumiu também a apresentação, ao lado de Sandra Annenberg.
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Em 1998, foi convidada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Juventude (Unicef) para ser uma das apresentadoras de um concerto beneficente para a Etiópia. Dez anos depois, em 2008, foi homenageada pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro com a Medalha Chiquinha Gonzaga.
Gloria Maria descontraía sem perder o senso da notícia. Viveu, amou e trabalhou plenamente, enquanto escrevia linhas importantes da história do jornalismo brasileiro.
Prêmio Área VIP
Gloria Maria foi indicada por dois anos consecutivos ao nosso Prêmio Área VIP Melhores da Mídia na categoria Ícone da Mídia/Homenagem. Seria uma honra ter consagrado uma jornalista tão genial com o nosso Troféu. Nossos sinceros sentimentos as filhas, familiares e amigos da eterna Glória Maria.