Quem disse que o sol e o calor de Búzios espantam as assombrações? Pelo menos no restaurante de Garcia elas resolveram aparecer da maneira mais surpreendente possível. É noite alta e estão fechando o lugar. Garcia já subiu com Rafaela. Dora faz hora conversando com Ivete enquanto recolhe louças e talheres das mesas. Falam do argentino e do bom momento que Dora vive ao lado dele. Será que ela vai ter coragem de seguir seus sonhos e ir morar no Rio? “A essa altura”, reflete Dora, “nem sei mais se vou. Grávida, onde é que vou arrumar lugar melhor pra viver que esse aqui?”. É verdade. De mais a mais, Dora tem de pensar no bem-estar da filha – e no do filho que vai nascer. Ali, com Garcia, ela está garantida. “Então, o que falta pra você se acertar com ele?”, pergunta a amiga. Dora é definitiva: “Amor. Tenho por ele uma grande amizade, mas amor eu não sinto”.
E por falar em amor… No exato momento em que ela diz essas palavras, materializa-se diante dela alguém de quem um dia ela pode até ter gostado – quem sabe até amado. Mas que, hoje, Dora não quer ver nem mesmo em fotografia: o pai de Rafaela.
Lucas parado diante dela é a visão dos infernos. Subitamente entorpecida, o corpo gelado, em pânico, Dora deixa os pratos caírem. “O que foi que deu nesse demônio pra aparecer aqui?”. Ela não sabe, ninguém sabe, mas já podemos intuir. Agora que está aparentemente bem de vida, passeando num carrão, mandando e desmandando no restaurante do argentino, Dora está mais atraente que nunca. Parece rica e atrás de dinheiro fácil sempre há pessoas como Lucas.
A cena deve ser exibida na sexta-feira, dia 18.
