Zeca Pagodinho, o cara bonachão que se deixa levar pela vida, como diz uma de suas músicas mais famosas, anda preocupado, informa o jornal Extra. O sambista conta que, depois que completou 50 anos, em fevereiro, passou a pensar na morte.
— Acho que tudo pode acabar — diz ele, pensativo, durante a entrevista de lançamento do CD e DVD “Uma prova de amor ao vivo”.
Para cuidar da saúde, Zeca — cigarro numa mão e copo de cerveja na outra — conta que uma das medidas foi parar de comer pão, que adora. A silhueta também anda mais fina, fruto de exercícios que tem feito na Praia da Barra, onde mora. Reflexo não só da preocupação com a forma, mas também do medo da violência.
— A vida anda perigosa. Hoje não saio mais à noite como tempos atrás — diz.
Da cerveja ele não abre mão. Mas jura que só bebe com responsabilidade:
— Não dirijo depois de beber, e pego no pé dos meus filhos para fazerem o mesmo.
A maturidade, segundo ele, trouxe também vaidade.
— Gosto de usar base nas unhas, mas eu mesmo passo. Na mão direita não consigo, e a Mônica faz para mim — revela, referindo-se à mulher, com quem está há 22 anos.
Em compasso de espera para subir no próximo sábado ao palco montado na Praça da Apoteose, onde vai apresentar o show “Conexão samba”, Zeca conta que ultimamente tem sentido falta de coisas simples da vida.
— Às vezes tenho vontade de voltar a ser criança, de deixar de ser esse ET que virei, que todo mundo olha quando passa. Querem saber o que eu faço, o que visto… Mas continuo indo ao boteco e falo com todos, do mendigo ao maluco — comenta.
A hora em que o cantor é mais feliz é quando encontra os parceiros antigos.
— Adoro rever as pessoas, fazer um churrasco em casa e tocar com os amigos. Quando encontro com o Arlindo (Cruz), criamos dez músicas de uma vez. Depois, tenho uma ressaca de três dias — conta ele, rindo.
No “Conexão samba” — apresentação que marca o lançamento do DVD “Uma prova de amor ao vivo” — o compositor contará com a participação de várias pessoas queridas, como os músicos do Fundo de Quintal, Arlindo Cruz, Dona Ivone Lara, Dudu Nobre e Jorge Ben Jor:
— Por mim, todos os shows seriam desse jeito, com um monte de convidados. Faz lembrar as reuniões da minha família em Irajá, quando eu era criança.