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Análise: A Caverna Encantada esgota de vez a fórmula das novelas infantis do SBT

Emissora da família Abravanel precisa repensar sua estratégia de teledramaturgia

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André Santana
André Santana
Jornalista, escritor e produtor cultural, André Santana escreve sobre televisão desde 2005 e já passou por várias publicações especializadas, assinando críticas, análises e informações sobre TV e novelas.
Moleza e Anna em A Caverna Encantada - Foto: Lourival Ribeiro/SBT
Moleza e Anna em A Caverna Encantada – Foto: Lourival Ribeiro/SBT

Aposta do SBT para reverter os baixos índices de audiência obtidos por A Infância de Romeu e Julieta (2023), A Caverna Encantada não refrescou a situação do horário nobre da emissora. Pelo contrário. A saga de Anna (Mel Summers) afundou mais ainda a faixa.

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Com média de 4 pontos no Kantar Ibope Media, a trama escrita por Íris Abravanel é, até aqui, a menos vista dentre as novelas infantis do SBT produzidas entre 2012 e 2024. O resultado reforça a tendência de queda, já que o público destas produções vêm encolhendo há alguns anos.

O resultado aquém do esperado revela que o SBT esgotou a fórmula das novelas infantis de vez. A Caverna Encantada é uma mistura pouco inspirada de tudo o que já foi feito no segmento, o que demonstra a incapacidade de reinvenção do formato. O filão parece já não ter mais para onde ir.

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Tentativa de mudança

O SBT e a equipe de Íris Abravanel estão cientes do esgotamento da fórmula. Tanto que A Infância de Romeu e Julieta foi uma tentativa de buscar outras possibilidades. A novela anterior expandiu o universo das novelas infantis da emissora, dando espaço a tramas e personagens adultos e trazendo novos cenários, como uma vila, um prédio e um centro esportivo.

No entanto, a novela não emplacou. A história inspirada na obra de William Shakespeare acabou perdendo o foco ao atirar para todos os lados. Além disso, a trama repetitiva e a ausência de vilões e de conflitos mais densos aborreceu boa parte do público.

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Justamente porque A Infância de Romeu e Julieta não deu certo é que Íris Abravanel e sua equipe decidiram “voltar às origens” com A Caverna Encantada. A novela atual resgata os principais elementos que fizeram sucesso em títulos como Carrossel (2012), Chiquititas (2013) e Carinha de Anjo (2016).

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Mais do mesmo

Na verdade, A Caverna Encantada é uma mistura destas três novelas. O colégio Rosa dos Ventos remete à Escola Mundial, ao Orfanato Raio de Luz e ao colégio interno de Doce Horizonte. Com isso, os conflitos envolvendo as crianças da trama são muito parecidos com os vistos nas demais produções.

Enquanto sua antecessora tinha uma história mais romântica, estrelada por pré-adolescentes, A Caverna Encantada tem um tom infantil mais acentuado. A fantasia dá à tônica, considerando personagens fantásticos, como o bicho-preguiça Moleza, o morcego Maldonado e a cobra Safira, habitantes da tal caverna do título.

Na prática, pouca coisa muda. A novela atual, embora muito bem feita, derrapa ao emular conflitos já vistos e revistos nas tantas tramas infantis já produzidas pelo SBT no passado. Essa repetição ajuda a explicar a falta de interesse do público pela história.

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É o fim?

A mexicana Televisa, parceira histórica do SBT, já produziu muitas novelas para crianças, sendo que várias delas foram exibidas pelo canal dos Abravanel nas décadas de 1980, 1990 e 2000. No entanto, já faz tempo que a gigante do México abriu mão destas produções, ao constatar a queda de audiência das novelas.

Ao que tudo indica, essa era chegou também ao SBT. Como a audiência das novelas infantis está em queda livre desde Poliana Moça (2022), a conclusão óbvia é que a fórmula está esgotada. E, portanto, cabe ao SBT buscar outro tipo de produção, como fez sua parceira mexicana.

Uma saída seria adaptar novelas mexicanas que não são necessariamente infantis, mas com tramas mais leves e bem-humoradas, que agradam um público familiar – algo como Que Pobres Tão Ricos ou Por Ela Sou Eva.

Ou então partir para dramalhões adultos no estilo que fizeram sucesso no passado, tipo Pérola Negra (1998). O que não dá mais é insistir num formato que já deu o que tinha que dar.

**As críticas e análises aqui expostas correspondem à opinião de seus autores

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André Santana
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Jornalista, escritor e produtor cultural, André Santana escreve sobre televisão desde 2005 e já passou por várias publicações especializadas, assinando críticas, análises e informações sobre TV e novelas.