Confira uma entrevista com a autora Elizabeth Jhin e diretor de Núcleo Rogério Gomes, da nova trama das 18h, ‘Além do Tempo’, que estreia nesta segunda, dia 13, na Globo.
Entrevista com a autora Elizabeth Jhin:
A autora Elizabeth Jhin, que foi aluna da primeira turma da oficina de roteiros da Globo, escreveu as novelas ‘Amor Eterno Amor’, ‘Escrito nas Estrelas’ e ‘Eterna Magia’. Após uma trajetória de quinze anos como colaboradora de grandes autores, ela foi coautora de ‘Começar de Novo’, em 2004, ao lado de Antonio Calmon, e escreveu sua primeira novela em 2007: ‘Eterna Magia’, sob a supervisão de Silvio de Abreu. A atriz Irene Ravache, que interpreta a Condessa Vitória em ‘Além do Tempo’, recebeu uma indicação ao Emmy, maior prêmio da TV americana, por seu papel nesta produção. ‘Escrito nas Estrelas’ (2010) foi a segunda novela assinada por Elizabeth Jhin como única autora titular. Em ‘Amor Eterno Amor’ (2012), Elizabeth Jhin abordou o tema do desaparecimento de crianças e prestou um importante serviço para a sociedade: fotos de menores desaparecidos eram exibidas ao fim de cada capítulo, o que fez triplicar o número de telefonemas para a FIA – Fundação para a Infância e Adolescência – com possíveis pistas sobre os paradeiros. Elizabeth também escreveu alguns livros infanto-juvenis, como ‘Pobre Menina Rica’, ‘Ensina-me a Viver’ e ‘Melodia de Amor’. Além destas obras, também escreveu os romances ‘Paixões Desenfreadas’, ‘A Força Do Destino’ e ‘Armadilha Amorosa’ sob o pseudônimo de Renata Dias.
Como surgiu a ideia de escrever ‘Além do Tempo’?
Tive a ideia de escrever ‘Além do Tempo’ quando senti o desejo de contar uma história em um formato diferente do que eu já estava habituada. Geralmente, em minhas novelas, eu faço uma volta ao passado através de sonhos ou terapias. O personagem faz uma terapia de vidas passadas, por exemplo, e lembra o que aconteceu há um, dois séculos atrás. Dessa vez tive a ideia de fazer uma novela em um modelo singular para mim, que começasse pelo passado e mostrasse os mesmos personagens, em outra vida, no futuro.
E quando surgiu a ideia de escrever esta novela?
Foi no final de 2013. Depois que eu entreguei a sinopse, fui para o Rio Grande do Sul com a minha equipe para conhecer a região dos vinhedos, pois não conhecia. Fiquei encantada e não tive mais dúvidas que a minha novela se passaria por lá, pois gostaria que a história acontecesse em torno do plantio de uvas e da realização do vinho.
Como é a sua rotina para escrever?
Quando a novela está no ar, eu tenho uma rotina bem rígida. Geralmente, eu começo a escrever às 6h e paro por volta das 22h. Gosto de escrever isolada e me comunico com a minha equipe pela internet, porque para mim é fundamental trabalhar em silêncio. Mas tem que ser um silêncio total, pois se tem um barulho, por menor que seja, acabou (risos).
Quais são suas principais inspirações para escrever os capítulos?
Procuro inspiração em diversas fontes, como séries, filmes e livros, tanto nacionais, como estrangeiros. Fiz uma pesquisa muito intensa, que me ajudou muito para chegar ao tom da trama e para imprimir um ritmo mais acelerado nos textos. Apesar de a novela começar em uma época antiga, procurei não escrever cenas muito longas. Sei que o mundo está mudando e precisamos nos adequar.
Como você define a personalidade da Emília (Ana Beatriz Nogueira) e da Condessa Vitória (Irene Ravache), que no passado tiveram um forte embate e nunca mais se acertaram?
A família de Emília é construída no amor. Ela ama Lívia (Alinne Moraes) de tal forma que ela só pensa em protegê-la a todo o momento e de qualquer maneira. Ela tem muito medo de perdê-la e a coloca em um convento para tentar evitar que qualquer mal aconteça a ela. Ao mesmo tempo, Emília é uma mulher muito seca e amarga, pois guarda muitos ressentimentos do passado. Ela sofreu muito e nunca mais esqueceu tudo o que aconteceu. Já a Condessa Vitória praticamente não sabe o que é amar alguém. Ela não se preocupa com os sentimentos dos outros, mesmo que esse outro seja o seu próprio filho. Ela se acha acima do bem e do mal.
E como você define a personalidade de Felipe (Rafael Cardoso), Lívia (Alinne Moraes) e Melissa (Paolla Oliveira), o trio que forma o triângulo da trama?
O Felipe tem um caráter maravilhoso e é boa pessoa. Ele teve um desgosto muito grande com a sua ex-mulher, mas na verdade quem tramou toda a situação foi a Melissa, sua atual noiva. Felipe nem imagina, mas foi ela quem conseguiu terminar com o primeiro casamento dele. Ele é uma pessoa ética, mas foi criado no mesmo ambiente que a Condessa Vitória (Irene Ravache), então ele tem um lado esnobe também. A Lívia é a nossa heroína, então ela é uma pessoa amável, linda e doce. A Melissa é bem parecida com a Condessa Vitória. A diferença entre elas é que a Condessa não é ambiciosa, pois ela já tem tudo que gostaria. Já Melissa é filha de um homem nobre, mas que perdeu tudo. Ela é muito ambiciosa, inescrupulosa e insensível. É uma mulher lindíssima, atraente e envolvente, mas muito fria.
E o Bernardo (Felipe Camargo), filho da Condessa Vitória (Irene Ravache)?
O Bernardo era o filho único da Condessa e foi criado por ela com todo o mimo possível. Essa mãe demonstrava que tinha uma paixão enorme por ele, mas achava que o filho tinha que fazer tudo do jeito que ela queria. No momento em que Bernardo se apaixona por Emília, todo o drama começa. Apesar de ser criado pela Condessa Vitória, ele é uma pessoa maravilhosa, de excelente caráter, apaixonado e capaz de qualquer coisa pelo grande amor da vida dele.
Essa não é a sua primeira parceria com o diretor Rogério Gomes. Como está sendo trabalhar com ele novamente?
O Rogério Gomes é a minha alma gêmea do trabalho (risos). É a terceira novela que fazemos juntos e por mim faria muitas outras! Ele é brilhante, uma pessoa de um caráter maravilhoso, de uma personalidade excelente. Ele é muito companheiro e parceiro. Trabalhar com o Rogério é um sonho!
Qual é a principal mensagem de ‘Além do Tempo’?
Eu acredito que temos que estar sempre muito atentos ao modo como vivemos, ao modo como agimos, como tratamos as pessoas e como lidamos com as adversidades do dia a dia, pois o que você planta, você colhe. Essa é uma das minhas únicas certezas! Eu acho que se você conseguir plantar coisas boas e positivas, vai colher boas coisas. Para que vivemos? Acho que para tentar evoluir como ser humano. Acredito que essa seja a principal mensagem desta novela.
Entrevista Diretor de Núcleo Rogério Gomes:
O diretor de núcleo Rogério Gomes se apaixonou pela televisão aos cinco anos, quando começou a acompanhar o pai, o locutor Hilton Gomes, aos estúdios da TV Tupi. Começou como operador de VT da primeira versão do ‘Sítio do Pica-Pau Amarelo’, na Globo, e depois passou a editor de imagens. Antes de começar a trabalhar com dramaturgia, Rogério editou e dirigiu diversos clipes exibidos no Fantástico, algumas edições do Hollywood Rock e também o primeiro Rock in Rio. A primeira novela que assinou como editor foi ‘Rainha da Sucata’, de Silvio de Abreu, em 1990. Seu próximo passo foi dirigir a minissérie ‘O Sorriso do Lagarto’, adaptada do romance de João Ubaldo Ribeiro e, logo depois, a novela ‘Deus nos Acuda’, de Silvio de Abreu. Vira-Lata (1996), de Carlos Lombardi, foi a primeira novela que assinou como diretor-geral, ao lado de Jorge Fernando. De lá para cá, foi o diretor de diversas outras produções como ‘Tropicaliente’, ‘Paraíso’, ‘Amor Eterno Amor’, ‘Mulheres Apaixonadas’, ‘Escrito nas Estrelas’, Morde & Assopra’, o seriado ‘A Teia’, entre outros projetos. Seu último trabalho na Globo foi na novela ‘Império’, do autor Aguinaldo Silva.
Como está sendo a experiência de trabalhar mais uma vez com a Elizabeth Jhin?
Está sendo maravilhoso! O fato de trabalhar com uma pessoa que já conhecemos faz com que tudo flua de forma mais rápida. Eu conheço a linguagem da Elizabeth Jhin, sei aonde ela quer chegar e como quer chegar. Isso facilita bastante todo o processo de construção de uma novela.
Como é dirigir uma novela ambientada no século XIX? Alguma preocupação especial?
As maiores preocupações são com os costumes, com o figurino e com a produção de arte da época. Mas temos uma equipe muito forte e que está a algum tempo pesquisando sobre tudo isso, então o resultado está muito bonito e interessante.
Você está utilizando alguma luz especial para gravar?
Não, mas temos um diferencial bacana na iluminação. Estamos usando muito luz de velas, o que cria um ambiente característico da época.
Como foi a escalação do elenco?
O processo de escolha do elenco costuma ser feito em parceria com o autor. Então, eu e Beth conversamos bastante para chegar aos nomes mais adequados e acho que a gente foi bem feliz nas escolhas.
Como foram as gravações realizadas em Garibaldi, no Rio Grande do Sul, em que acontece a tradicional festa da colheita da uva?
Foram ótimas! Gravamos no distrito de Garibaldi, no Rio Grande do Sul, em um local muito bonito, cercado de muito verde. Tivemos boa parte do elenco presente nas cenas e contamos com cerca de 200 figurantes locais. Reproduzimos por lá a festa da colheita, uma celebração tradicional dos descendentes italianos, em que os camponeses celebravam a boa safra do ano. Na trama, a sequência vai mostrar um encontro entre a Lívia (Alinne Moraes) e Felipe (Rafael Cardoso). Eles conversam brevemente no meio da comemoração e se apaixonam ainda mais dali por diante. A sequência é uma das mais interessantes do início da novela e contou com um trabalho incrível da produção de arte, cenografia, figurino e caracterização.