Anunciada como o pontapé para a celebração dos 60 anos da Globo, a volta de Tieta (1989) no Vale a Pena Ver de Novo foi comemorada pelos espectadores deste grande clássico da teledramaturgia brasileira. No entanto, o repeteco vem frustrando os fãs.
Havia uma expectativa em torno de como ficaria a abertura da novela, já que a versão original traz a atriz Isadora Ribeiro nua. A expectativa era que a vinheta passasse por uma edição para ficar mais “comportada”.
Porém, a realidade se mostrou ainda mais frustrante. Em vez de editar, a Globo optou por simplesmente cortar a abertura de Tieta da reprise. Desde esta segunda-feira (16), os atores da novela passaram a ser creditados rapidamente, no encerramento do capítulo. A decisão incomodou os noveleiros de plantão.
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Abertura icônica
A abertura de Tieta é uma das mais icônicas da história da teledramaturgia brasileira. Ao som da música-tema interpretada por Luis Caldas, a vinheta traz a atriz Isadora Ribeiro nua, “retorcendo-se” e “fundindo-se” aos elementos da natureza.
Os efeitos especiais em computação gráfica que distorciam a imagem da atriz era uma grande novidade em 1989. Por isso mesmo, a abertura impressionou os espectadores da época e nunca saiu da memória dos fãs.
Naquela época, aberturas que exploravam o corpo humano despido eram comuns na Globo. Roda de Fogo (1986) e Brega & Chique (1987), por exemplo, mostravam homens nus. Já Pedra Sobre Pedra (1992) e Mulheres de Areia (1993) exploravam o corpo feminino.
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Outros tempos
Anos depois, a Globo se mostra bem mais “comportada”. As aberturas de novelas, por exemplo, são bem menos inventivas. E nenhuma delas comete a “ousadia” de mostrar pessoas nuas. São outros tempos.
Por isso, reprises de novelas daqueles tempos mais “libertários” sempre passam pelo facão da emissora. No ano passado, a Edição Especial de Mulheres de Areia mostrava a abertura com um efeito que “escondia” os seios de Monica Carvalho, que aparecia nua na vinheta.
Esperava-se, portanto, que algo parecido acontecesse com Tieta. Os fãs já esperavam que a abertura seria reeditada, mas não cortada. Para o “noveleiro raiz”, uma novela sem abertura é algo praticamente inadmissível.
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60 anos de Globo
A decisão parece ainda mais polêmica se considerarmos que a reprise de Tieta abre a comemoração dos 60 anos da Globo. Uma novela icônica para uma efeméride importante fazia todo o sentido.
Mas tão icônica quanto a novela Tieta era a abertura dela. Simplesmente eliminá-la da reprise no contexto do aniversário da emissora pega muito mal. Parece que uma parte importante da história da TV ficou de fora da festinha.
Reeditar ou refazer a abertura de Tieta também renderia reclamações, é fato. Mas aboli-la de vez é a pior das decisões. Parece bobagem, mas a abertura faz parte da identidade de uma novela enquanto produto cultural genuinamente brasileiro. Os organizadores da festividade da Globo deviam ter levado isso em consideração.
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