Considerando os cinco primeiros capítulos de Beleza Fatal que estão disponíveis na Max, já é possível cravar: a novela é tudo o que Mania de Você queria ser, mas não conseguiu. A história criada por Raphael Montes é um folhetim clássico cheio de reviravoltas, bem ao gosto do público noveleiro.
Claro que a comparação é um pouco injusta. Afinal, Beleza Fatal terá 40 capítulos, enquanto Mania de Você precisa segurar o público por mais de 150. Entretanto, a novela da Warner foi bem mais eficiente no sentido de fazer o público se envolver com os personagens principais da trama, o que a história de João Emanuel Carneiro não conseguiu.
Bastaram poucos capítulos para o espectador começar a torcer por Cleo (Vanessa Giácomo) e Sofia (Melissa Sampaio/Camila Queiroz), se envolver com os dramas de Elvira (Giovanna Antonelli) e odiar (ou amar?) a vilã Lola (Camila Pitanga).
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Nova Avenida Brasil
De cara, é impossível assistir à Beleza Fatal sem pensar em Avenida Brasil (2012), obra-prima justamente de João Emanuel Carneiro. No entanto, histórias de vingança já estão no imaginário do noveleiro bem antes da história de Nina (Débora Falabella) e Carminha (Adriana Esteves).
Na trama, Sofia come o pão que o diabo amassou nas mãos de Lola, prima de sua mãe e responsável por todas as suas desgraças. Acolhida por Elvira, ela cresce disposta a se vingar da parente, responsável pela prisão injusta e consequente morte de Cleo.
Mas, além de Avenida Brasil, há outras referências interessantes em Beleza Fatal, como o filme Parasita (2019) e a série estadunidense Nip/Tuck (2003). Aliás, Raphael Montes foi muito feliz ao conceber sua história tendo o universo da beleza e da cirurgia plástica como pano de fundo. Temática bem mais interessante que a cibersegurança pouco convincente de Mania de Você.
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Plástica
Montes parece ter se baseado em Nip/Tuck para criar a relação entre os cirurgiões Benjamin Argento (Caio Blat) e Rog Ferreira (Marcelo Serrado), vulgo “Dr. Peitão”. Cúmplices na profissão, na vida e até nos crimes, eles são parentes não tão distantes de Sean McNamara (Dylan Walsh) e Christian Troy (Julian McMahon).
Assim como a série americana – que foi exibida no Brasil nos canais Fox e SBT -, Beleza Fatal transforma o ambiente das cirurgias plásticas num universo meio bizarro, no qual a busca pela perfeição contrasta com a falta de ética e a ambição desmedida dos personagens.
Tudo isso costurado na história de uma vilã irresistível, Lola, muito bem defendida por Camila Pitanga. A atriz, afastada das novelas há quase 10 anos, faz um retorno triunfal encarnando uma das melhores personagens de sua carreira.
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Conexão
Sendo assim, nestes primeiros capítulos, Beleza Fatal se mostrou um novelão bastante eficiente. O mais interessante é que a produção não tem vergonha de ser novela, fazendo uma mistura bem dosada de romance, humor, thriller e suspense.
Num tempo em que as novelas estão procurando emular a estética das séries, Beleza Fatal traz algo de clássico do gênero, sem vergonha de ser despudorada e carregar nas tintas. Trata-se de uma experiência que poderia servir de lição aos folhetins da TV aberta.
Agora é aguardar os próximos capítulos para constatar se Beleza Fatal conseguirá manter o ritmo e o interesse da plateia. Ao que parece, tudo conspira a favor da aposta da plataforma de streaming Max.
**As críticas e análises aqui expostas correspondem à opinião de seus autores