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Análise: Reprise de Alma Gêmea revela uma Globo que já não existe mais

Folhetim de Walcyr Carrasco aposta na emoção, elemento em falta nas tramas atuais

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André Santana
André Santana
Jornalista, escritor e produtor cultural, André Santana escreve sobre televisão desde 2005 e já passou por várias publicações especializadas, assinando críticas, análises e informações sobre TV e novelas.
Alma Gêmea - Rafael e Serena (TV Globo/ Renato Rocha Miranda)
Alma Gêmea – Rafael e Serena (TV Globo/ Renato Rocha Miranda)

Alma Gêmea (2005) termina essa semana cumprindo com louvor a missão que lhe foi destinada: elevar a audiência do Vale a Pena Ver de Novo após o fiasco do repeteco de Paraíso Tropical (2007). Mais uma vez, a história de Serena (Priscila Fantin) encantou o público.

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O resultado não chega a surpreender, considerando que Alma Gêmea é um verdadeiro fenômeno. Em sua exibição original, registrava índices de audiência às 18h comparáveis aos de novela das 21h. Além disso, a trama foi bem em suas reprises anteriores: uma no Viva e outra na própria Globo.

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Além da boa audiência, Alma Gêmea também remonta a uma Globo que já não existe mais. A novela aposta fundo no folhetim clássico e despudorado, algo que as atuais produções da emissora já não alcançam. Nem mesmo seu autor, Walcyr Carrasco, consegue repetir a fórmula.

Receita de sucesso

A receita do sucesso de Alma Gêmea está na simplicidade de sua trama. A novela, basicamente, gira em torno de um casal que tenta ficar junto, mas é atrapalhado por uma vilã pérfida.

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Serena é a mocinha sem defeitos, enquanto Cristina (Flavia Alessandra) é a malvada que vai enlouquecendo ao longo da história. Não há espaço para sutilezas: os personagens bons são bons mesmo, enquanto os malvados são terríveis.

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Walcyr Carrasco incrementa o folhetim com seu estilo próprio desenvolvido para a faixa das 18h da Globo. Ou seja, humor ingênuo, coadjuvantes carismáticos, diálogos quase infantis e situações de fácil compreensão. Tudo isso faz com que Alma Gêmea agrade das crianças aos idosos.

Globo do passado

Curiosamente, a Globo parece ter se esquecido de novelas com fórmulas mais simples e eficazes. Atualmente, suas produções ostentam referências às séries e filmes, mas pecam na falta de identificação com o público. Sobra técnica, falta emoção.

Até mesmo Walcyr Carrasco, considerado um gênio do folhetim rocambolesco e rasgado, parece ter perdido a mão da fórmula. Terra e Paixão (2023), sua mais recente novela, ficou longe de ser um arrasa-quarteirão como suas tramas anteriores.

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Um dos vários problemas da última novela de Carrasco foi justamente a falta de uma heroína convencional e uma vilã marcante. Aline (Barbara Reis) perdeu espaço na história, enquanto Irene (Gloria Pires) precisou da “forcinha” de Agatha (Eliane Giardini) para decolar.

Vem aí?

Mas, para os fãs da simpática fórmula de Alma Gêmea, uma boa notícia: Walcyr Carrasco volta ao horário das seis em 2025 com a sequência de Êta Mundo Bom! (2016). A nova história, que deve se chamar Êta Mundo Melhor!, substituirá Garota do Momento.

Êta Mundo Bom!, vale lembrar, tem um estilo de trama muito parecido com o de Alma Gêmea e, também, de O Cravo e a Rosa (2000) e Chocolate com Pimenta (2003), outros clássicos do autor no horário. Sendo assim, a fórmula do folhetim rasgado, ingênuo e com uma dose de malícia deve ser resgatada.

Apostar em continuações de novelas de sucesso não parece lá muito original. Porém, neste caso, abre-se a chance de revisitar uma velha fórmula que andava um pouco esquecida. Isso pode trazer de volta à frente das telas um público que as novelas perderam nos últimos anos. Um olhar atento sobre o passado pode apontar bons caminhos para o futuro.

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**As críticas e análises aqui expostas correspondem à opinião de seus autores

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André Santana
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Jornalista, escritor e produtor cultural, André Santana escreve sobre televisão desde 2005 e já passou por várias publicações especializadas, assinando críticas, análises e informações sobre TV e novelas.