Saiba mais sobre a nova novela das sete da Globo, ‘Deus Salve o Rei‘, que estreia nesta terça-feira, dia 09.
Até que ponto uma escolha interfere em nosso destino? Ou será que o que está traçado para cada um supera qualquer tentativa de controlar o rumo dos acontecimentos? Esses são os questionamentos que conduzem a trama de “Deus Salve o Rei”, trama de Daniel Adjafre, com direção artística de Fabrício Mamberti. Séculos atrás, na região de Cália, os reinos de Montemor e Artena vivem em paz há muito tempo. Até que algumas escolhas de seus monarcas e suas consequências interferem diretamente no curso da história.
Afonso (Romulo Estrela), príncipe herdeiro de Montemor, é um homem honrado, justo e que, desde criança, foi preparado para, um dia, assumir o trono. Exatamente o oposto de seu irmão caçula, o irresponsável e inconsequente Rodolfo (Johnny Massaro), que só pensa em aproveitar as mordomias de sua vida de príncipe. Os dois são netos da Rainha Crisélia (Rosamaria Murtinho), que está doente e percebe – a cada dia – a urgência de nominar um sucessor para seu reino, que naturalmente seria Afonso, o mais velho.
O reino vizinho, de Artena, é governado pelo rei Augusto (Marco Nanini), um homem sábio e benevolente, que tem em sua filha, a princesa Catarina (Bruna Marquezine), sua sucessora. Mas ela, ao contrário do pai, tem planos ambiciosos para seu reino, e não medirá esforços para conquistar seus objetivos. Com esperança de que um dia as atitudes da filha mudem, Augusto procura um pretendente que consiga frear as rédeas de sua ambição. E encontra no Marquês de Córdona, Istvan (Vinicius Calderoni), o homem ideal. Contra a vontade da filha, ele programa seu noivado.
Montemor é um reino próspero, rico em minério de ferro, mas onde falta algo essencial para sua subsistência: água. Artena, por outro lado, tem este recurso em abundância. Um acordo vigente há muitos anos entre os dois reinos garante que o minério produzido em Montemor seja fornecido a Artena em troca de sua água. “A linha dramática da novela parte da relação entre dois reinos, que dependem um do outro. Em um determinado momento eles entram em conflito. Partimos do drama para chegar ao humor. Teremos uma mistura de drama, aventura e comédia”, define o diretor artístico Fabrício Mamberti.
A morte de Crisélia abala perigosamente a paz até então mantida entre os dois reinos. Afonso logo deverá se tornar rei, mas o amor pela plebeia Amália (Marina Ruy Barbosa), de Artena, o faz abdicar do trono, entregando o posto a seu despreparado irmão, o que torna ainda mais delicadas as relações com o reino vizinho. E, neste momento, Catarina tem uma grande oportunidade de colocar em prática seus planos expansionistas. “Temos um príncipe que está abdicando ao trono, que era o destino que estava determinado para ele. Ele faz uma escolha difícil, o que tem inúmeras consequências na vida dele e de seu reino. Muitas surpresas e reviravoltas estão previstas a partir disso ao longo da trama”, adianta o autor Daniel Adjafre.
Como tudo começou
A rainha Crisélia prepara um grande evento para o dia que pode mudar o destino de Montemor: a inauguração de uma obra extremamente ousada para o período, um aqueduto. A obra promete ser a solução para o problema da água, resolvendo assim a questão da irrigação das colheitas e, por consequência, a subsistência do local.
Diante de toda a população reunida, uma grande expectativa paira no ar. Todos anseiam pelo bem mais precioso, mas o que era esperança, culmina em decepção: o lago que serviria como fonte para Montemor simplesmente secou. O fracasso do projeto é um baque enorme para rainha Crisélia, que já doente, prepara a sucessão do trono para seu neto Afonso (Romulo Estrela).
Em paralelo, no reino de Artena, a princesa Catarina (Bruna Marquezine) vê no fiasco do aqueduto uma possibilidade de um acordo mais vantajoso para seu reino. Augusto (Marco Nanini), no entanto, não pensa em voltar atrás em sua palavra: vai manter o acordo de paz selado há várias décadas.
Atrás de água
Sempre disposto a resolver os problemas do reino, príncipe Afonso (Romulo Estrela) organiza uma expedição atrás de água. “Sabendo de sua condição, Crisélia pede que Afonso assuma o trono assim que voltar. Ela sente que não tem muito tempo e quer que o neto esteja preparado para a sucessão”, conta Rosamaria Murtinho. Um ataque de ladrões, no entanto, muda tudo o que estava planejado. Afonso é atingido por uma flecha e cai quase morto no meio da floresta. Os homens do exército de Montemor o procuram durante algum tempo, mas só acham parte de suas vestimentas. Diante do desaparecimento, o príncipe é dado como morto.
Afonso, entretanto, consegue, com muita dificuldade, chegar a Artena, onde é resgatado por Amália (Marina Ruy Barbosa). “Ela e o irmão estão colhendo frutas e legumes, e Amália literalmente tropeça em Afonso”, relata Marina Ruy Barbosa. A plebeia e seu irmão, Tiago (Vinicius Redd), resgatam Afonso e o levam para casa. Ele acorda sem ter ideia de onde está, confessa que é do reino vizinho, mas não conta que é príncipe e, muito menos, sucessor imediato ao trono. Para Amália, Afonso é um homem comum, um ferreiro.
Enquanto isso…
A saúde da rainha Crisélia, que já estava frágil, fica ainda pior com a notícia da suposta morte de Afonso. Já não era segredo para ninguém que muito em breve Afonso deveria assumir como rei. Mas agora o trono está destinado a Rodolfo, o neto mais novo de Crisélia, que jamais imaginou a vida como o governante.
Rodolfo é um bon vivant. Não tem ideia dos problemas que afligem Montemor. Só quer saber de suas festas e de quantas mulheres serão convidadas. “Rodolfo foi criado sob a sombra do irmão. Por isso, desenvolveu mecanismos muito próprios para sobreviver, sempre se colocando em primeiro lugar. Ao que tudo indica, não quer ser rei”, analisa Johnny Massaro.
A reação de Rodolfo à suposta morte do irmão é de total pânico. “Mas, aos poucos, quando isso passa a ser sua realidade, ele é rapidamente inebriado pelo poder”,diverte-se Johnny. Ao assumir como rei, no entanto, Rodolfo não deixa de lado as festas e as mulheres. Vive se metendo em confusão e se apaixonando diariamente por uma personagem diferente. E, obviamente, não se preocupa em saber se as escolhidas têm, ou não, marido, namorado ou noivo. “Ele vai se tornando, aos poucos, um tirano muito, muito louco”, adianta o ator.
Em Artena, a notícia da “morte” de Afonso assusta Augusto (Marco Nanini) e incita a ambiciosa Catarina (Bruna Marquezine). Ela acha que o acordo de Montemor com Artena valoriza muito mais o outro reino e acredita que o minério derivado desta combinação deveria ser destinado à criação de armas. “O que existe há muitas décadas não é exatamente uma aliança entre reinos, mas uma amizade entre seus monarcas”, distorce Catarina. A paz começa a ser ameaçada…
Afonso e Amália
Alheio a tudo que sua suposta morte causou, Afonso luta para sobreviver com a ajuda de Amália e sua família. Para acolher o “estranho” em casa, ela convenceu os pais a manter o hóspede em sigilo, já que seu namorado, o possessivo Virgílio (Ricardo Pereira), jamais aceitaria tal situação. Ele é apaixonado por Amália, mas a jovem não sente o mesmo por ele, embora tente manter o relacionamento porque sabe que é do agrado dos pais. “Virgílio é um comerciante de tecidos que tem uma relação morna, mas não imagina perder Amália. Quando isso acontece, começa a viver com sede de vingança”, conta Ricardo Pereira.
O tempo vai passando até que Afonso sente-se um pouco melhor para conseguir voltar a Montemor. Enquanto isso, a cumplicidade e amizade com Amália, que se iniciou por acaso, transforma-se em algo a mais. Ele é decidido, ético, bem-humorado e sabe fazê-la rir. Logo começam a sentir ciúmes, a sentir saudade quando estão sozinhos. Afonso, acostumado a conviver com mulheres nobres e protocolares, se encanta com o jeito às vezes rude e excessivamente espontâneo de Amália. “Amália cuida de Afonso com muita dedicação, e o encantamento entre os dois vai começando a surgir naturalmente. É um amor verdadeiro, genuíno, eles se completam”, descreve Romulo Estrela.
Amália, preocupada com a saúde ainda frágil de Afonso, implora para que ele não siga para Montemor. Sabe dos perigos da floresta e percebe que pode perdê-lo para sempre. Diante do pedido da plebeia, o príncipe percebe a grandiosidade de seu sentimento e se dá conta que o que começou como uma admiração, já virou amor. Com a eminência da separação, Afonso e Amália se beijam. E são flagrados por Virgílio. “Nesse momento, ele passa a nutrir ódio por Afonso”, pontua Ricardo Pereira.
O relacionamento termina de vez, e Amália fica extremamente magoada pela forma como isso acontece. Ao mesmo tempo, Afonso precisa partir. E ainda sem contar a verdade sobre seu posto em Montemor.
O retorno de Afonso
Em Montemor, a rainha Crisélia, já muito doente e convencida da morte de seu neto mais velho, acaba morrendo. No mesmo dia, Afonso consegue chegar a Montemor. Não a tempo de ver sua avó ainda viva, mas, para alívio de Rodolfo (Johnny Massaro), pronto para assumir como rei.
O caçula não tem ideia do que se passou enquanto todos achavam que o mais velho estava morto. Afonso conta então sobre Amália e avisa que precisa voltar a Artena para finalizar aquela história antes de tornar-se rei de Montemor. Para Cássio (Caio Blat), seu conselheiro, Afonso admite: está disposto a enfrentar todas as questões diplomáticas para manter o seu amor. Mesmo não sendo uma princesa, Afonso quer que Amália seja sua mulher.
A essa altura, sem notícia de Afonso, Amália acha que foi enganada. Mas Afonso aparece e quer levá-la para Montemor para que ela veja por si mesma que ele é um príncipe prestes a se tornar rei e, em seguida, casar-se com ela. Não é fácil convencer a jovem a fazer tal viagem, muito menos sem explicar exatamente a sua verdadeira identidade. Ainda em Artena, Afonso pede Amália em casamento e acaba conseguindo levá-la até Montemor. Lá, ela descobre, estupefata, que ele é Afonso de Monferrato.
As escolhas de Amália e Afonso
Amália acorda no castelo e estranha todas as reverências. Não é uma princesa e não está acostumada que todos lhe sirvam. Com muita tristeza, ela decide voltar a Artena, explicando para Afonso que não pertence àquele mundo. “Essa decisão de ir embora é também uma prova de amor. Ela não quer que Afonso se prejudique por ela, por mais que seja apaixonada por ele”, justifica Marina Ruy Barbosa. Afonso fica arrasado. Ele terá que abrir mão de sua vida em nome de Montemor? Seria isso justo? Ele deve aceitar o seu destino ou ser autor de sua própria história? “O amor por Amália e a possibilidade de seguir seu destino são muito fortes”, ressalta Romulo Estrela.
Depois de muito ponderar, Afonso anuncia que está disposto a assumir as rédeas do destino: “Morri, mas revivi pelas mãos de uma mulher…Viverei cada dia, cada instante, ao lado dessa mulher. E, para isso, abdicarei do trono de Montemor”, avisa o personagem. Para muitos, um ato insano, de cegueira em nome da paixão. Para outros, coragem. O fato é que a decisão está tomada. E, com isso, os destinos de Rodolfo (Johnny Massaro) e de Montemor acabam sendo diretamente afetados.
O novo rei será aquele que nunca foi destinado ao trono. Qual será o futuro de Montemor?
Os planos de Catarina
No reino de Artena, o destino de Catarina (Bruna Marquezine) também vai sendo traçado, do jeito que ela quer e não como imagina seu pai, rei Augusto (Marco Nanini). Embora acredite que, em breve, Catarina assumirá o trono, o rei só irá conceder o posto a sua filha depois do casamento com Istvan (Vinícius Calderoni).
Ele não tem ideia das armações de Catarina para tirar o futuro noivo de seu caminho. Com a chegada de Constantino (José Fidalgo), duque de Vicenza, a Artena, a princesa conhece um verdadeiro aliado e parceiro – em todos os sentidos. “Catarina não tem limites e encontra em Constantino muito do que precisa para conquistar o que quer. Ela quer transformar Artena em um reino maior, mais forte, e não vê nada de mal nisso”, conta Bruna Marquezine. Catarina e o duque armam um plano para sabotar Istvan, sem que o rei Augusto desconfie de nada.
Com Catarina no trono de Artena e Rodolfo no comando de Montemor, como ficará o acordo entre os reinos? Os rumos desta história dependerão do destino e, talvez, de mais algumas escolhas…
Entre espadas, arcos, flechas e danças
Castelos, carruagens, espadas, escudos, pergaminhos…O mundo medieval é rico em elementos marcantes e, por isso mesmo, foi fundamental uma imersão neste universo tão peculiar. O elenco começou a se familiarizar com a temática da trama na preparação, que durou quatro semanas.
Inicialmente, o trabalho foi feito com os preparadores Eduardo Milevicz, Babaya Morais, Cris Moura e Marcelo Bosschar. “Realizamos um processo de ‘esvaziamento’ de códigos, posturas, truques, que todos nós naturalmente construímos. Em paralelo, Babaya aplicou exercícios de fonoaudiologia direcionados às características dos atores na construção dos seus personagens”, conta o diretor-geral Luciano Sabino.
Ao longo deste processo, algumas pessoas do elenco fizeram também oficinas específicas, ligadas ao conceito medieval, tais como danças, arco e flecha, besta, hipismo, lutas corporais e com espada, culinária, escaladas, pinturas, entre outras. “Boa parte do elenco irá lutar, atirar de arco e flecha, cavalgar, dentre outras habilidades, usando todo conhecimento específico adquirido nesse processo”, adianta o diretor.
Marina Ruy Barbosa, que fará a plebeia Amália, fez aulas de culinária, arco e flecha e hipismo. “Tive que tirar as panelas do armário. Aprendi como cortar os legumes, carnes. A Amália trabalha na feira e faz caldos. Precisei me familiarizar com esse ambiente”, conta a atriz. Bruna Marquezine, a princesa Catarina na história, praticou hipismo e fez aulas de luta e dança. “É uma luta com espada muito bonita. Me diverti no processo”, conta.
Um castelo pra chamar de seu
‘Deus Salve o Rei’ está sendo gravada em uma cidade cenográfica totalmente indoor nos Estúdios Globo. São dois galpões, medindo 35m X 70m e 35m X 75m. No primeiro, foi montado o reino de Montemor, com castelo e cidade fictícia. No segundo, o reino de Artena e uma grande área de chroma para as cenas que envolvem efeitos visuais, floresta e as sequências de batalhas da trama.
A construção dos dois galpões levou cerca de dez dias. “Uma cidade cenográfica totalmente indoor é um projeto antigo e que vai facilitar muito, sobretudo em relação às condições climáticas e às correções de luz, e que também vai possibilitar a utilização de materiais como o barro, por exemplo”, explica o cenógrafo Keller Veiga. São cerca de 6 mil metros quadrados de lona translúcida que fazem a cobertura dos galpões. “Esta cobertura serve como um grande rebatedor de luz e dá o tom ideal para a identidade visual da novela. Cortinas pretas também fazem o controle da luminosidade”, completa.
Inspirada na cidade de Pals, na Espanha, Montemor tem revestimentos de pedra e referências à força do minério e do metálico, além do castelo com pátio interno, uma vila composta por taberna, ferreiro e casas de alguns personagens. Já Artena é uma aldeia com uma construção mais simples e, ao mesmo tempo, mais exuberante e arborizada. Lá, além das casas de alguns personagens, estão as barracas de Amália (Marina Ruy Barbosa) e a loja de tecidos de Virgílio (Ricardo Pereira).
A parte interna do castelo de Montemor, incluindo os quartos de Rodolfo (Johnny Massaro), Afonso (Romulo Estrela), rainha Crisélia (Rosamaria Murtinho), a sala de jantar, o salão com trono, entre outros espaços, foi reconstruída em um intenso trabalho da equipe após o incêndio no galpão de apoio às gravações da novela, em novembro.
Entre carruagens, espadas e banquetes
O trabalho de pesquisa para a produção de arte de ‘Deus Salve o Rei’ levou cerca de seis meses e, segundo a produtora Nininha Médicis, foi preciso confeccionar boa parte das peças, desde as carruagens até as cerâmicas e copos, além das comidas, animais de caça e livros que compõem a decoração dos ambientes do cenário.
Os objetos de luta, como espadas, machados, arcos e flechas, foram comprados na Espanha e em Portugal. Já os escudos e lanças foram produzidos em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro. “Além das espadas de verdade, estamos fazendo outras peças para as cenas com cavalos e de luta, de poliuretano e polipropileno, que podem quebrar sem machucar”, conta.
Grandes banquetes são uma característica marcante do período medieval. Por isso, quase todos os ambientes dos núcleos nobres serão recheados por elementos que compõe este tipo cenário. São centenas de copos, canecas e pratos dos mais diversos materiais – barro, madeira, estanho, pedra sabão e osso. Nas cozinhas dos castelos, ganham destaque os panelões de ferro, as cestarias, os animais de caça como javali, coelho e codornas.
Bandeiras, mapas, iluminuras, quadros e pinturas também estarão presentes. “Criamos as bandeiras dos dois reinos, porque era uma forma de identificação na época. Os quadros que decoram os ambientes são inspirados em obras já existentes e produzidas manualmente”, detalha Nininha, reforçando que ‘Deus Salve o Rei’ é uma obra com licença poética capaz de criar seus próprios códigos e hábitos. “Criamos nossos próprios protocolos, já que não vamos seguir uma regra de comportamento, como formas específicas de se portar à mesa ou de cumprimentar”, exemplifica.
Cabelos e mais cabelos
“‘Deus Salve o Rei’ é a novela dos cabelos”, brinca a caracterizadora Gilvete Santos, ao definir o conceito de seu trabalho para o projeto. Embora tenha liberdade artística para trabalhar com visuais que normalmente não teriam destaque no período medieval, Gil optou por ter como base muito cabelo – para homens e mulheres – e barba. “Desta forma ganho liberdade para fazer visuais e penteados distintos em todos os personagens. Só para a Amália (Marina Ruy Barbosa) tenho seis tipos de trança diferentes”, conta. Quase todos os personagens usam tic tac ou mega hair, que variam de 70 a 80cm. “Enquanto a Catarina usa o cabelo mais solto, a rainha Crisélia tem um visual com um coque mais solto”, adianta.
Os personagens de Johnny Massaro e Romulo Estrela também ganharam apliques, mas se diferenciam no penteado, cor e textura. Rodolfo sempre tem um visual mais despojado e até meio desarrumado, como é o próprio personagem. Já o português José Fidalgo ganhou um trançado com dread, além de uma barba diferenciada. A exceção fica com rei Augusto. Marco Nanini usa o próprio cabelo no tom grisalho para a composição do rei de Artena.
Enquanto os cabelos são sempre em excesso, a maquiagem segue justamente o caminho inverso. A intenção da caracterização é usar o menos possível de maquiagem, apenas como correção. “Os personagens vão parecer que estão de cara lavada”, avisa. As princesas e rainhas, claro, ganham um pouco mais de cor, cada uma com seu jeito.
Gilvete chegou neste desenho depois de conversar com todos os departamentos da novela e ver diversos filmes. Ela montou uma prancha de referências e a sintonia foi tamanha, que os “modelos” escolhidos por ela e pelo figurino foram praticamente os mesmos.
As paletas de Artena e Montemor
A produção de figurino envolveu um grande trabalho de pesquisa da figurinista Mariana Sued e sua equipe. “Foram cinco meses de pesquisa. Foi necessário, é claro, entender a época, apesar de sabermos que não é uma reconstrução histórica. E procurei também diversas outras fontes de inspiração para formar a identidade visual das personagens e, assim, ajudar a contar a nossa trama”, explica Mariana, que detalha que buscou referências que vão desde as artes plásticas até a moda contemporânea. “Temos em torno de 5 mil peças. Para chegar ao resultado final, fiz uma pesquisa com mais de 12 mil imagens de muitas fontes diferentes: livros, museus, editoriais de moda, filmes, séries, entre outros”, enumera.
Para diferenciar os reinos de Artena e Montemor, a direção artística optou por marcar com cores distintas a identidade visual de cada um. Os habitantes de Artena, como Amália (Marina Ruy Barbosa) e rei Augusto (Marco Nanini) usam tons mais frios, puxando pelo azul, violeta, cinza e prata. Já os habitantes de Montemor têm uma paleta com vários tons de vermelho, marrons, verdes e dourado. “Estamos usando as cores para ajudar a criar um clima diferente para cada reino”, explica a figurinista, destacando que “a maior parte das peças está sendo produzida nos Estúdios Globo com equipes de costura e adereços, que se dedicam não só à confecção, como também ao tingimento, envelhecimento e composição de acessórios em couro e bijuteria”.
Para a princesa Catarina (Bruna Marquezine), foi pensado um figurino com linhas mais retas, além de decotes e fendas. “Nos inspiramos em cores de pedras preciosas, como pirita, silício, ametista. Os acessórios de mão e colares também são parte muito importante do visual dela”, adianta. Já a plebeia Amália é bem clássica, com roupas compostas por corsets, saias rodadas e aventais. “As de Amália são com cores bem intensas e com acabamentos mais rústicos. Os acessórios também são mais rudimentares”, detalha a figurinista.
No caso de Afonso (Romulo Estrela), há dois momentos. Primeiro, como príncipe e, depois, plebeu. “O de príncipe é bem sóbrio, com pouca variação. Quase militar. Ele vai usar muita lona e couro em preto e vinho, que são cores de Montemor. Quando vira plebeu, ele até mantém as cores de Montemor, mas passa a usar muito marrom em tecidos mais rústicos”, diferencia Mariana.
A tecnologia nos reinos medievais
Enormes castelos cheios de detalhes, vastos campos montanhosos, cavalos e carruagens em cenários majestosos, dois reinos medievais com toda a grandiosidade deste universo ganham vida em ‘Deus Salve o Rei’ com cenas de tirar o fôlego graças à tecnologia envolvida no projeto. Um dos grandes aliados da equipe é a extensão cenográfica, um recurso em 3D que “completa” o cenário real da cidade cenográfica ou do estúdio. “Atuamos em parceria com a cenografia em todos os sets, mesclando elementos reais com extensões virtuais nas áreas internas e externas dos cenários. Assim, conseguiremos contar esta história que envolve dois reinos bem diferentes, com a grandiosidade que ela merece. Para os salões de trono, por exemplo, temos quatro metros reais e outros 12 virtuais. Isso só será possível em uma novela diária graças a uma reorganização dos processos atuais de produção de efeitos, em conjunto com o desenvolvimento de novas técnicas e ferramentas, que devem acelerar o processo de criação e finalização de efeitos visuais”, explica Fernando Alonso, gerente de Operações de Tecnologia do Entretenimento.
Para as cenas de batalha, a equipe está trabalhando com alguns recursos diferentes, que incluem cenas gravadas em uma floresta rodeada de chroma key. A maior parte desta floresta será inserida virtualmente. O cenário real inclui parte das árvores que aparecerão na TV, confeccionadas com material cenográfico, além de um vasto gramado, pedras e outros detalhes.
Além destes recursos, vale destacar a cena de prólogo da novela, toda gravada em superfreeze, utilizando os mais modernos recursos de captação dentro de um estúdio de efeitos. Para isso, foram utilizados sistemas de motion control e uma técnica que utiliza câmeras high speed e captação frame a frame, que são intercalados com ações de batalha em outra velocidade. “É como se conseguíssemos ‘passear’ por essa batalha com o olhar de quem está participando dela, vendo cada detalhe do que acontece”, descreve Fernando Alonso. A cena do casamento da rainha Lucrécia (Tatá Werneck) com Rodolfo (Johnny Massaro) também será quase inteiramente virtual, assim como o cenário da igreja que será inserido totalmente em 3D. “A novela terá de sete a oito vezes mais volume em efeitos que a maior parte das produções, e praticamente todas as cenas terão algo de computação gráfica”, finaliza Fernando.
“Deus Salve o Rei” é a próxima novela das sete, de Daniel Adjafre, com direção artística de Fabricio Mamberti.