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Saiba mais sobre ‘Éramos Seis’, a nova trama das seis da Globo

Saiba mais sobre 'Éramos Seis', a nova trama das seis da Globo que estreia nesta segunda-feira, dia 30.

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Wandreza Fernandes
Wandreza Fernandes
Editora chefe do Portal Área VIP e redatora há mais de 20 anos. Especialista em Famosos, TV, Reality shows e fã de Novelas.
Éramos Seis - Julio e Lola (Globo/Raquel Cunha)
Éramos Seis – Julio e Lola (Globo/Raquel Cunha)

Saiba mais sobre ‘Éramos Seis‘, a nova trama das seis da Globo que estreia nesta segunda-feira, dia 30.

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O afeto que se constrói entre familiares e amigos, os laços tecidos nos relacionamentos ao longo da vida, e a força e o propósito de manter unidas as pessoas que mais ama, mesmo com todas suas diferenças, são questões que permeiam diariamente a vida de Lola (Gloria Pires). A história da família Lemos, retratada ao longo de três décadas — 1920, 1930 e 1940 —, diante dos desafios que a vida impõe e a rede de apoio que se forma ao seu redor para superá-los são o fio condutor de ‘Éramos Seis’.

A novela é sobre os laços que se estabelecem na vida e a importância da solidariedade num contexto que pode ser adverso. É sobre Lola, como ela faz para manter a união e a harmonia familiar. Sobre a força dessa mulher e de sua família, que vive com poucos recursos, mas cercada de amor”, diz Angela Chaves, autora da novela.

Lola e Júlio (Antonio Calloni) vivem dilemas comuns a muitas outras famílias. Desde a frustração de ver os filhos se desentendendo, passando por problemas de saúde de um ente querido e dificuldades financeiras. No entanto, encontram abrigo e ternura, não só com os amigos, mas dentro de casa também. A casa sempre cheia, os vizinhos sempre próximos e momentos de discussões e de delicadeza entre Lola, o marido e as crianças são rotineiros na trama.

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É a saga de uma família através do tempo, que acompanhamos por três décadas. Uma trama emocionante justamente porque traz conflitos humanos universais, que podem ser entendidos por todos. Para contar essa história, somos guiados pelo afeto, que conduz a vida”, acrescenta o diretor Carlos Araújo.

Além de ser um clássico da literatura brasileira, tendo recebido logo após seu lançamento o prêmio Raul Pompéia da Academia Brasileira de Letras, esta é a quinta vez que o romance é adaptado para a TV. A primeira versão foi em 1958 e a última, escrita por Sílvio de Abreu e Rubens Ewald Filho, em 1994. Antes disso, foi adaptada para o cinema, em 1945, no filme argentino que levou o mesmo nome. No Brasil, destacaram-se como Lola as atrizes Nicette Bruno e Irene Ravache; e como Júlio, Gianfrancesco Guarnieri e Othon Bastos.

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Sempre admirei muito este registro, a forma tão real como a autora contextualizou a época, do ponto de vista feminino. Literatura é minha primeira formação e este romance me chama atenção também por sua denúncia social. O texto do Silvio e do Rubens capta essas questões de uma forma muito sensível”, complementou Angela.

A família Lemos

Éramos Seis (Globo/Raquel Cunha)
Éramos Seis (Globo/Raquel Cunha)

No início do século passado, esperava-se dos homens que fossem provedores, que progredissem no trabalho, fossem bem-sucedidos e capazes de oferecer uma vida boa para esposa e filhos. Das mulheres, esperava-se apoio incondicional ao marido e que mantivessem a casa organizada, além das crianças limpas, saudáveis e educadas. Mesmo quando tudo isso estava sob controle, a vida não era fácil. O telefone era uma raridade. As pessoas se comunicavam por cartas, que demoravam para chegar, e o rádio ainda não existia na casa das pessoas. Embora houvesse pagamento pelo trabalho exercido, não havia direitos trabalhistas estabelecidos. O conforto e o luxo chegavam – para poucos – com o desenvolvimento da indústria, que tardou a acontecer no Brasil.

Lola (Gloria Pires) é casada com Júlio (Antonio Calloni) e eles são pais de Carlos (Xande Valois/ Danilo Mesquita), Alfredo (Pedro Sol/ Nicolas Prattes), Julinho (Davi de Oliveira/ André Luiz Frambach) e Isabel (Maju Lima/ Giullia Buscacio). No início da década de 1920, Lola e Júlio dão um passo maior que a perna ao decidirem comprar uma casa na nobre Avenida Angélica, na zona central de São Paulo. Como não têm o dinheiro para adquirir o imóvel à vista, os dois fazem um financiamento com o banco, que cobra anualmente juros altíssimos.

Dentro desse contexto, Júlio é um típico homem da época. Logo, se cobra e quer oferecer mais à família, sonha ser promovido no trabalho e se incomoda com a alta dívida que possui no banco por conta do financiamento da casa. Apesar das preocupações que carrega diariamente, por vezes, comprometerem sua relação com a família, ele ama profundamente os filhos e a esposa, por quem tem grande admiração. Sua ambição não é desmedida e ela existe porque ele busca se encontrar enquanto homem de sua geração.

Lola, por sua vez, é uma mulher que acredita na vida, entende que quando se tem boa vontade, quando se faz sua parte, o resto acontece naturalmente. Tem esperança na resolução dos desafios que se apresentam, ama o marido e os filhos acima de tudo e tem uma expectativa enorme pelo futuro de cada um deles. Ao mesmo tempo, se questiona frequentemente se está certa ao insistir com Júlio que a casa é um bem do qual não podem e não devem abrir mão. Ele se mostra relutante a cada prestação que paga ao banco e Lola entende que muito do seu comportamento é acirrado por conta disto.

A dificuldade para pagar a casa, contudo, é apenas um dos obstáculos do casal. No início da década de 1920, Júlio começa a apresentar graves problemas de saúde, o que traz custos inesperados. A criação e educação das crianças é outro obstáculo. Os filhos mais velhos, Carlos (Xande Valois/ Danilo Mesquita) e Alfredo (Pedro Sol/ Nicolas Prattes), vivem em pé de guerra, pois enquanto o primeiro é muito correto, ótimo aluno e dá alegrias para o casal, o outro é arteiro, está sempre se envolvendo em confusões com os vizinhos e vai mal na escola. Carlos, como irmão mais velho, tenta corrigir Alfredo, que se incomoda com sua intromissão e apronta ainda mais. Além disso, Júlio tem uma oportunidade concreta de enriquecer com a proposta de sociedade de Assad (Werner Schünemann), mas se vê sem saída para conseguir os 50 mil contos de réis que precisa para selar o acordo e fica mais frustrado ainda.

A Avenida Angélica

Para além dos problemas que a dívida traz, a casa na Avenida Angélica é um local que promove muitos momentos de alegria para Lola (Gloria Pires), família e amigos. Em casa, ela conta com a ajuda de Durvalina (Virgínia Rosa), empregada que é responsável pela comida e por manter os cômodos arrumados, pelo menos a tempo de o patrão chegar do trabalho. Durvalina é companheira de Lola, se preocupa com os gastos, tentando sempre que pode economizar na cozinha.

Na vizinhança, Lola tem outras amizades que a ajudam a superar pequenos percalços do dia a dia, como Genu (Kelzy Ecard), sua vizinha. Sempre atenta a todos os acontecimentos do bairro e seus moradores, ela é esposa de Virgulino (Kiko Mascarenhas) e mantém o marido em rédea curta. Vira e mexe ele chega atrasado em casa. Diz à esposa que faz serão na empresa de telefonia onde trabalha. Mas ela tem certeza que ele está mentindo e vive em busca de alguma pista que o marido possa deixar.

Virgulino, contudo, não tem outra mulher como ela pensa. Nem está na farra deleitando-se com os amigos, bebendo e dançando madrugada afora. Mas está, sim, mentindo para a esposa. Ele é um anarquista e periodicamente organiza reuniões clandestinas com colegas a fim de buscarem maneiras de manifestarem sua indignação. Virgulino não se importa que ela pense que ele está com outra mulher. Prefere isso a colocá-la como cúmplice de suas ações.

Os dois são pais de Lúcio (Arthur Gama/Jhona Burjack) e Lili (Bruna Negendank/ Triz Pariz), amigos dos filhos de Lola e Júlio desde a infância. Embora Genu goste mesmo é de uma fofoca, demonstra um carinho verdadeiro pela matriarca dos Lemos.

Na Avenida Angélica, Lola conta, ainda, com a parceria de Afonso (Cássio Gabus Mendes), dono do armazém, onde, com frequência, compra fiado. Ele é casado com Shirley (Bárbara Reis), uma mulher amargurada por conta de acontecimentos de seu passado. Shirley é mãe de Inês (Gabriella Saraivah/Carol Macedo), criada por Afonso como filha. Carlos é apaixonado pela garota, e se Lola e Afonso acham graça do primeiro romance deles, a mãe de Inês se incomoda e faz o que pode para que não fiquem juntos.

O triângulo: Afonso, Shirley e João Aranha

Shirley (Barbara Reis) morava em Salvador com a mãe quando, ainda bem jovem, engravidou. O pai do bebê é João Aranha (Caco Ciocler), herdeiro da abonada família para a qual a mãe de Shirley trabalhava. Quando se conheceram, os dois se apaixonaram perdidamente e tiveram sua história interrompida ao saberem que seriam pais.

João desapareceu e Shirley entendeu que havia sido abandonada por ele. Por trás de seu sumiço, contudo, estava a mãe do rapaz, que por preconceito por Shirley ser negra e de outra classe social, aproveitou que o filho ficou doente para impossibilitar o contato entre os dois. Disse a ela que ele havia ido embora e a expulsou de sua casa, mesmo grávida.

Shirley foi, então, acolhida por Afonso (Cássio Gabus Mendes), um amigo próximo que virou seu companheiro e assumiu a paternidade de sua filha Inês (Gabriella Saraivah/ Carol Macedo). Juntos, foram para São Paulo e por 13 anos viveram sem precisar lidar com as sombras do passado. Inês ama Afonso e tem com ele uma relação mais afetuosa do que a que estabeleceu com a própria mãe. Por temer que Inês sofra como ela mesma sofreu, Shirley tenta controlar a vida da filha, o que traz muitas discórdias entre as duas.

Embora se entregue de verdade a este relacionamento com Afonso, Shirley carrega ainda muita mágoa por acreditar ter sido abandonada por João Aranha. Ela nunca o esqueceu. É um sentimento que guarda para si, pois não quer de maneira alguma magoar Afonso. Mas quando João reaparece, trazendo consigo uma história diferente da que Shirley conhecia, ela entra em conflito. João diz a Shirley que procurou por ela e pela filha por todo esse tempo e que foi tão vítima do plano de sua mãe quanto ela. Agora, ele quer recuperar o tempo perdido e dar às duas uma vida melhor, ao seu lado. Além de colocar o relacionamento que construiu com Afonso em risco, teme a reação da filha, que não sabe absolutamente nada sobre essa história.

Shirley precisará revisitar seu passado para decidir seu futuro, correndo o risco de magoar duas pessoas por quem tem um afeto ímpar.

A família de Lola

Além dos amigos da Avenida Angélica, Lola pode contar também com sua mãe, Maria (Denise Weimberg), e suas irmãs, Clotilde (Simone Spoladore) e Olga (Maria Eduarda de Carvalho). As três moram em Itapetininga, no interior de São Paulo, onde vivem juntas também com sua tia Candoca (Camilla Amado), que não teve filhos, mas tem um carinho maternal por ela e suas irmãs.

Maria sustenta a casa com a venda de doces e outros quitutes caseiros desde que ficou viúva. Foi dessa forma que conseguiu criar as filhas. Por ter perdido o marido ainda jovem, aprendeu cedo que a vida pode ser muito difícil. Diferentemente de outras mulheres de sua época, ela não se importa tanto com o que os outros dizem ou pensam. Busca ensinar às filhas o valor das coisas que vêm do coração.

Olga, a irmã mais nova e mais espevitada das três, adora acompanhar a moda através das revistas femininas. É vaidosa, tem o cabelo no corte chanel, uma tendência na época, e gosta de se maquiar. Diz aos quatro ventos que vai se casar com um homem rico e deixar Itapetininga, mas na cidade todos sabem que ela vive de namorico com Zeca (Eduardo Sterblitch), que é apaixonado por ela. Olga implica frequentemente com Clotilde, a irmã do meio, dizendo que ela nunca irá se casar. Tímida e delicada, Clotilde de fato nunca se apaixonou e, por vezes, sem esperança de encontrar um grande amor, acaba dando razão à irmã.

Em São Paulo, os parentes mais próximos de Lola são sua tia Emília (Susana Vieira) e a prima Justina (Julia Stockler). Emília é irmã do pai de Lola, foi casada com um homem riquíssimo, tem um padrão de vida bastante diferente do resto da família. Mas tem seus problemas. Sua filha Justina sofre com um distúrbio mental não diagnosticado pela medicina da época e, sem saber como lidar, Emília opta por mantê-la longe do convívio social, o que acaba limitando seus próprios relacionamentos. Ela é mãe também de Adelaide (Joana de Verona), que desde criança estuda em um colégio interno na Europa, pois a mãe não quis que a vida de Justina lhe afetasse. Embora tia Emília tenha um apreço pela família, mantém-se distante das sobrinhas.

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Os romances de Olga e Clotilde

Os destinos de Olga (Maria Eduarda de Carvalho) e Clotilde (Simone Spoladore) têm a chance de mudar quando elas decidem passar algumas semanas na casa de Lola, em São Paulo. Antes de partir, na estação de trem, Zeca (Eduardo Sterblitch) surpreende Olga com um pedido de casamento. Mesmo sonhando ainda em encontrar seu abastado bom partido, ela fica felicíssima com o pedido, pois também é apaixonada por ele.

Clotilde, por sua vez, ao chegar a São Paulo, em uma visita com Olga à loja de tecidos onde trabalha o cunhado Júlio (Antonio Calloni), conhece o melhor amigo dele: Almeida (Ricardo Pereira). Ele se apaixona à primeira vista e ela fica encantada com o fascínio do rapaz. Não demora para que Almeida vá à casa de Lola lhe fazer a corte e pedi-la em namoro. Clotilde, a esta altura também apaixonada, diz sim, contrariando as previsões da irmã mais nova.

Sem perder tempo, Olga encontra uma solução para se casar com um homem rico e também com o amor de sua vida. Em uma visita à casa da tia Emília (Susana Vieira), enxerga a oportunidade perfeita: vai fazer com que Zeca seja “adotado” pela tia como uma pessoa de confiança. Na primeira oportunidade que tem, os apresenta e começa a colocar seu plano em prática.

Já Clotilde, que acredita ter finalmente encontrado o par ideal para se casar, não terá um caminho tão fácil à sua frente. Logo descobre, através do próprio Almeida, que ele foi casado e está em processo de desquite. Por mais que a lei lhe permitisse na época que se separasse, ela não permitia que ele se casasse novamente, nem a Igreja. Como se não bastassem os problemas legais, a sociedade via com maus olhos a separação, tanto para o homem, quanto para a mulher. Clotilde terá, então, que decidir se passa por cima das regras e costumes de sua época, e também dos olhares e comentários da sociedade, para viver sua história de amor.

A loja de tecidos e o cabaré

Júlio passa a maior parte do tempo na loja de tecidos, onde trabalha para Assad (Werner Schünemann). São também funcionários do estabelecimento o amigo Almeida e Elias (Brenno Leone), bem mais jovem que os dois e de família rica. O rapaz, com sua falta de experiência, incomoda mais a Júlio que a Almeida, que percebe a preferência de Assad pelo novato.

Quando Júlio começa a encontrar dificuldade na busca pelos 50 mil contos de réis, após a proposta que Assad lhe faz para uma sociedade, Elias passa a irritá-lo ainda mais, pois ele percebe que Assad e o garoto estão ficando próximos. E Júlio tem razões para desconfiar. A mesma proposta que Assad faz para ele, repete para Elias, que tem nitidamente mais chances de conseguir o dinheiro.

Enquanto isso, Elias recebe, ainda, o apoio de Luci (Lavínia Pannunzio), esposa de Assad, que considera Júlio e sua família pessoas muito aquém de sua classe social. O comportamento de Luci é replicado pela filha, Soraia (Melissa Nóbrega/ Rayssa Bratilliere), que ao encontrar os filhos mais novos de Lola, Julinho (Davi de Oliveira/ André Luiz Frambach) e Isabel (Maju Lima/ Giullia Buscacio), os intima a brincar com ela e os trata com indiferença, proibindo-os até mesmo de encostar em seus brinquedos.

Numa tentativa de desanuviar e aliviar o peso que carrega em sua vida em casa e no trabalho, Júlio frequenta um cabaré na companhia de Almeida. Lá, encontra em Marion (Ellen Rocche) uma amante e também uma confidente para quem confessa suas fraquezas, suas angústias e seus sonhos. Marion entende que nunca terá Júlio para si, como Lola o tem, mas se entrega de corpo e alma ao comerciante.

Júlio e a sociedade na loja de tecidos

Júlio (Antonio Calloni) tenta de todas as formas possíveis reunir a quantia necessária para se tornar sócio na loja de tecidos. Pede um empréstimo no banco, tenta obter a quantia com um agiota amigo de Marion (Ellen Rocche), faz Lola (Gloria Pires) se humilhar e pedir o valor à tia Emília (Susana Vieira), e chega a colocar seu fio de esperança num bilhete de loteria.

Ele ainda insiste e Lola é taxativa em negar a possibilidade de venda da casa. Mas, intimamente, ela não está indiferente ao suplício do marido, e sim confusa se está mesmo tomando a decisão certa. Seu apego à casa e à crença de que enquanto estiverem ali serão felizes e completos a impedem de sequer considerar sua venda.  E quando o prazo dado por Assad se aproxima do fim sem que o casal tenha conseguido levantar o dinheiro, um sentimento de culpa invade o coração de Lola, assim como aumenta o desgosto de Júlio pelas escolhas que fez na vida.

Da infância à juventude

Carlos (Xande Valois/ Danilo Mesquita), Alfredo (Pedro Sol/ Nicolas Prattes), Julinho (Davi de Oliveira/ André Luiz Frambach) e Isabel (Maju Lima/ Giullia Buscacio) têm personalidades diferentes e por vezes até mesmo opostas. Mas todos têm um ponto em comum, algo que mantém seus laços fortalecidos, que os mantêm unidos diante de qualquer situação: o amor pelos seus pais. Além do afeto e das vivências que têm em família, a relação com os amigos Lúcio (Arthur Gama/Jhona Burjack), Lili (Bruna Negendank/ Triz Pariz), Inês (Gabriella Saraivah/ Carol Macedo) e Tião (Lipinho Costa) são fundamentais para identificar quem se tornam 10 anos depois, na década de 1930.

Para o diretor artístico, Carlos Araújo, é preciso acompanhar a infância dos filhos de Lola para compreender as tramas da segunda fase da novela. Eles não apenas apresentam parte da história, eles são a história. “A década de 1920 é um momento importante para o espectador, que está conhecendo e criando uma intimidade com a família de Lola”, explica o diretor. “Seremos testemunhas do crescimento daquelas crianças, o que é determinante para entendermos o comportamento deles enquanto adultos”, finaliza.

Quando chegamos à década de 1930, Carlos (Nicolas Prattes) é estudante de medicina, como sonhava quando mais novo; Alfredo — que foi uma criança difícil, sempre trazendo problemas para os pais — e o amigo Lúcio (Jhona Burjack) são jovens idealistas e toda a energia que dispensavam para artimanhas e travessuras na infância passa a ser direcionada para uma forte militância política; Isabel (Giullia Buscacio), que sempre se mostrou decidida, contrariando por vezes as decisões dos pais — algo peculiar para sua época e para sua idade —, se transforma em uma mulher que procura não levar à risca as regras e costumes impostos pela sociedade; e Julinho (André Luiz Frambach), que já mostrava um tino para lidar com números, entra na faculdade de Engenharia.

A eles, unem-se Soraia (Melissa Nóbrega/ Rayssa Bratilliere), filha de Assad; e Adelaide (Joana de Verona), filha de Emília (Susana Vieira), que volta para o Brasil nos anos 1930. Enquanto Soraia continua sentindo-se superior devido à sua classe social, Adelaide, une-se a Alfredo e Tião na luta pelos direitos. Sua luta, contudo, é voltada para os direitos das mulheres. Ela se libertará de padrões de etiqueta, vestimenta e comportamento, e será no país uma importante porta-voz da revolução feminina que já acontecia na Europa anos antes de voltar ao Brasil.

Figurino e caracterização marcam a passagem de tempo

Na primeira fase da novela, enquanto Lola (Gloria Pires) é uma dona de casa sem muita vaidade, que não usa maquiagem, a não ser um batom quando tem um compromisso mais longe de casa, sua irmã Olga (Maria Eduarda de Carvalho) é o oposto. Além de se maquiar diariamente, independentemente de sua programação, tem o corte de cabelo mais badalado da época, o chanel, inspirado na estilista francesa Coco Chanel, um sucesso a partir de 1918. Olga também se preocupa com suas roupas, que são feitas por ela mesma ou pela irmã Lola.

Segundo Labibe Simão, figurinista, as roupas dos anos 1920 são marcadas pelas estampas simétricas e por costuras um pouco mais largas, que não marcam a cintura e não evidenciam a silhueta, evitando que o corpo das mulheres ficasse em evidência. Já a década de 1930 chega mais ousada, com peças mais justas e marcadas, embora ainda com comprimento longo. Nas estampas, cores mais vivas e mais pigmentação. Através dos tecidos, de fibra, mais sintéticos, é possível reconhecer os sinais da industrialização.

A fim de tornar mais verossímil a vestimenta de figurantes e personagens, Labibe pesquisou tecidos e estampas da década de 1920 e, junto à sua equipe, produziu mais de 80% das peças integralmente nos Estúdios Globo. Além de terem o corte exato escolhido pela figurinista, as peças foram desenhadas especificamente com as medidas do elenco, o que ajudou a imprimir um caimento mais natural. Já as peças da década de 1930 foram encontradas em brechós ou no acervo da TV.

Lola terá poucas mudanças no figurino de uma década para outra, já que sua condição financeira não lhe permite ficar mudando o guarda-roupa. Contudo, seus filhos, em particular Isabel (Giullia Buscacio), usarão roupas novas e feitas pela própria mãe. O visual da jovem terá bastante bordado e tricô.

Emília (Susana Vieira) e Justina (Julia Stockler), por terem uma condição financeira melhor, usam muitas roupas importadas da Europa, onde Adelaide (Joana de Verona) mora. As estampas têm formas assimétricas e mais contraste. Adelaide, quando chega, na década de 1930, já demonstra no modo de vestir como absorveu os ideais feministas que estavam em ebulição na Europa. Ela veste calça e blazer, algo absolutamente incomum no Brasil entre as mulheres daquela época. Ainda assim, é uma personagem feminina e, mesmo para a época, sexy.

Soraia (Melissa Nóbrega/ Rayssa Bratilliere) também é de família abastada, mas, diferentemente de Adelaide, tem uma delicadeza na maneira como se veste. Devido ao fato de o pai ser dono de uma loja de tecidos, Soraia acaba sempre tendo mais opções de roupas e estampas.

Enquanto o visual das mulheres varia bastante de acordo com a personalidade e o poder aquisitivo de cada uma, o figurino dos homens é similar, pois naquela época todos vestiam terno diariamente. Quando com mais dinheiro, ternos mais elegantes, com cortes mais finos. Quando com menos, ternos mais simples, mas ainda acompanhados de calças sociais e gravatas.

Entre os homens, destaca-se João Aranha (Caco Ciocler). É muito rico e quando confronta Afonso (Cássio Gabus Mendes) por querer levar Shirley (Barbara Reis) e Inês (Gabriella Saraivah/ Carol Macedo) embora, a diferença social entre os dois é gritante. O personagem é um marco pela escolha dos contrastes na alfaiataria. E usa acessórios que o destacam, como óculos escuros, prendedor de gravata e relógio de pulso.

Zeca (Eduardo Sterblitch) também se destaca justamente pelo oposto. Por ser um homem do interior, bem “jeca”, como diz sua namorada Olga (Maria Eduarda de Carvalho), tem roupas tingidas, com tratamento de lavagem, com um envelhecimento, que apresentam um desgaste.

Almeida (Ricardo Pereira), embora seja vendedor da loja de tecidos como Júlio (Antonio Calloni), se veste melhor e é mais elegante, pois tem menos gastos que o amigo, que sustenta uma casa e os quatro filhos. Júlio tem mais despesas, está sempre de terno, mas não tem o mesmo patamar que Almeida.

Arte e cenografia têm bonde e Avenida Angélica como personagens

‘Éramos Seis’ atravessará três décadas que marcaram a história do país e da cidade de São Paulo: 1920, 1930 e 1940. E, especialmente, por meio de dois personagens especiais, o bonde e a Avenida Angélica, a passagem de tempo será identificada facilmente. No início da trama, os arredores da Avenida Angélica terão uma inspiração bucólica, com direito a carroça e animais. Conforme o tempo passa, o bonde — que estará presente desde o início da trama, tem capacidade para 20 pessoas e anda numa velocidade máxima de 20km/h — ganhará cada vez mais prédios ao seu redor, mostrando a verticalização que a cidade sofreu no início da década de 30. A cidade ganha ainda letreiros com luzes neon no comércio que não para de crescer, além de mais iluminação e cores. O público encontrará, ainda, elementos comuns à época, como os limpadores de trilho do bonde e os funcionários do governo responsáveis por acender e apagar os lampiões.

Naquela época, a arquitetura era eclética, com uma mistura de estilos. Na casa de Lola (Gloria Pires), por exemplo, há uma coluna grega misturada com uma influência renascentista, com alguns detalhes barrocos. Já a casa da tia Emília (Susana Vieira) é inspirada no Palácio de Versalhes, na França. O casarão utilizado nas gravações foi construído em 1922, no bairro Ipiranga, em São Paulo, e chama-se Palácio dos Cedros. É uma das mansões de uma rica família de origem libanesa e foi o primeiro local de gravação da novela.

Enquanto a passagem de tempo fica evidente na cenografia, o trabalho da produção de arte, com elementos que permeiam as décadas, tem pontos em comum entre elas. A cozinha, por exemplo, comandada por Durvalina (Virgínia Rosa) na casa de Lola, terá elementos que marcam bem o início do século passado, de 1920 a 1940. Além de muito material de madeira e cobre, pois não havia aço inox e não se usava alumínio, haverá também utensílios específicos da época como é o caso do balde de flandres e das panelas e louças de ágata. Diferentemente do que se pode imaginar, estes objetos da casa da Lola não vieram de antiquários, mas sim de lojas modernas que vendem produtos vintage.

Ainda na preparação, a produção de arte realizou com o elenco mirim um workshop de brincadeiras que eram comuns na década de 20. Elas aprenderam a jogar bolinha de gude, soltar pipa, brincar de pião, bilboquê e cinco Marias.

O remake de ‘Éramos Seis‘ é a próxima novela das seis, escrita por Angela Chaves, com direção artística de Carlos Araújo, baseada na novela original escrita por Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho, livremente inspiradas no livro de Maria José Dupré.

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