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quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Análise: Mais humor pode mesmo salvar Mania de Você?

Público pede mais humor na novela, mas esse é um caminho perigoso

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André Santana
André Santana
Jornalista, escritor e produtor cultural, André Santana escreve sobre televisão desde 2005 e já passou por várias publicações especializadas, assinando críticas, análises e informações sobre TV e novelas.
Mariana Ximenes como Ísis em Mania de Você
Mariana Ximenes como Ísis em Mania de Você – Foto: Divulgação/Globo

Novela que ainda não atingiu a audiência esperada pela Globo, Mania de Você passou recentemente por um grupo de discussão, procedimento no qual a emissora identifica o que funciona e o que não funciona em seus folhetins. O resultado apontou que o público sente falta de mais humor na história.

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De fato, Mania de Você tem poucos momentos de alívio. Normalmente, cenas cômicas surgem ao acaso, dentro de núcleos densos. Os diálogos de Mavi (Chay Suede) e Mércia (Adriana Esteves), por exemplo, são engraçados, mas não estão inseridos num contexto bem humorado.

Até aqui, o único núcleo de humor de Mania de Você é o de Ísis (Mariana Ximenes). Uma escolha, aliás, que se revelou estranha, tendo em vista que, na primeira fase, a história da vilã também se mostrou bastante densa, com mortes e muito sangue derramado.

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Núcleo de humor

Autor de Mania de Você, João Emanuel Carneiro tem o histórico de criar núcleos de humor ruins. Normalmente, o autor reserva os momentos de graça de suas novelas a um grupo de personagens que correm alheios à história principal, o que gera ruídos na narrativa.

Da Cor do Pecado (2004), por exemplo, tinha núcleos como os de Pai Helinho (Matheus Nachtergaele), e de Eduardo (Ney Latorraca) e Verinha (Maitê Proença), que praticamente não se encontravam com a trama central. Cobras & Lagartos (2006), com a família de Eva (Eliane Giardini), e A Favorita (2008), com Maria do Céu (Deborah Secco) e Orlandinho (Iran Malfitano), tiveram o mesmo problema.

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Já em Avenida Brasil (2012), a história de Cadinho (Alexandre Borges) era muito criticada e apontada pelo público como a pior parte da novela. A Regra do Jogo (2015), com os personagens do Morro da Macaca, e Todas as Flores (2022), com a família de Oberdan (Douglas Silva), também não agradaram.

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Erro corrigido

Diante do histórico do autor, Mania de Você até se destaca por não ter um núcleo de humor tão problemático como os anteriores. A história de Ísis, com seus embates com Leidi (Thalita Carauta), descambou para o cômico, é verdade, mas não é uma trama que aborrece.

Pelo contrário. O grupo de discussão da novela apontou que o público aprovou a história e até torce para que Ísis ganhe mais espaço na trama. De fato, Carneiro conseguiu aqui criar um “núcleo curinga”, já que a personagem de Mariana Ximenes funciona tanto pendendo para o drama quanto para a comédia.

Ou seja, na atual novela das nove, João Emanuel Carneiro conseguiu, aparentemente, corrigir um problema recorrente em suas novelas. Os núcleos de Mania de Você são harmônicos, bem amarrados, e não estão ali apenas como “alívio cômico”.

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Autor bem-humorado

Vale acrescentar ainda que João Emanuel Carneiro acerta muito mais quando faz graça em núcleos que não são necessariamente de humor. Suas vilãs, por exemplo, sempre foram engraçadas. Ou não era divertido assistir Flora (Patrícia Pillar) disparando barbaridades em A Favorita?

Em Todas as Flores, as cenas envolvendo Zoé (Regina Casé) e Vanessa (Letícia Colin) eram hilárias. Já em Avenida Brasil, as famosas cenas da família Tufão à mesa também divertiam bastante.

Diante disso, fica a pergunta: Mania de Você precisa mesmo de mais humor? O grupo de discussão apontou que sim. Porém, há o perigo de Carneiro voltar às origens e criar, na novela, um núcleo no melhor estilo Cadinho. E isso não ajudaria a novela em nada. Pelo contrário: pode arruinar o que tem funcionado até aqui.

**As críticas e análises aqui expostas correspondem à opinião de seus autores

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André Santana
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Jornalista, escritor e produtor cultural, André Santana escreve sobre televisão desde 2005 e já passou por várias publicações especializadas, assinando críticas, análises e informações sobre TV e novelas.