É na vastidão das plantações de cacau, que um homem sem posses e sozinho no mundo finca seu destino aos pés de um jequitibá – o maior que já havia encontrado em toda a sua vida. E tendo a natureza exuberante da região como testemunha, entre lendas e mistérios – ele renasce – e estabelece um pacto que o acompanhará ao longo de toda a sua trajetória.
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Assim começa ‘Renascer’, a nova novela das 21h da TV Globo, que estreia dia 22 de janeiro: com a saga de José Inocêncio (Humberto Carrão/Marcos Palmeira), um homem obstinado e destemido, que carrega consigo a coragem e a vontade de se tornar alguém na vida. A obra de Benedito Ruy Barbosa, que fez história na dramaturgia brasileira, em 1993, segue atemporal com seus mistérios, dramas, amores, vingança e lendas. E agora, volta renovada através do olhar de Bruno Luperi – seu neto -, que assina a releitura com direção artística de Gustavo Fernández.
“Renascer’ pisa em um Brasil mais profundo de forma mais potente. É uma obra épica, atemporal e que está na memória afetiva do público e da televisão, e que agora temos a possibilidade de trazê-las para os dias de hoje. Porque o tempo escreve com a gente. E os valores foram muito ressignificados de 30 anos para cá. Isso determina a maneira como abordar e tratar as narrativas e de como se traduz aquela cena ou dramaturgia para os dias atuais. Ter essa chance de novo é mais um presente que o destino me reservou”, celebra Bruno Luperi.
Para Gustavo Fernández, que repete a parceria com Luperi na direção artística, a oportunidade de reviver um clássico é ainda mais desafiador. “É uma grande responsabilidade refazer a ‘novela da vida’ de tanta gente. No fundo é uma história que trata de relações familiares, conflitos, amores, perdas de pessoas queridas, entre outros assuntos. A obra do Benedito é uma dramaturgia atemporal”, reflete.
A trama
Após o pacto com Jequitibá, José Inocêncio fica conhecido como uma figura mítica ao se tornar o fazendeiro mais bem-sucedido da região por seus êxitos como produtor de cacau. Ainda jovem, ele conquista o amor de Maria Santa (Duda Santos). A arrebatadora paixão entre os dois gera quatro filhos: José Augusto (Renan Monteiro), José Bento (Marcello Melo Jr), José Venâncio (Rodrigo Simas) e o caçula, João Pedro (Juan Paiva), o único que não teve a oportunidade de conviver com a mãe, que morre ao dar à luz ao caçula. A fatalidade provoca a revolta em José Inocêncio, que culpa João Pedro pela morte de seu grande amor.
A indiferença e a mágoa marcam a relação entre o patriarca e o caçula ao longo da vida. Como se não bastasse o passado, anos mais tarde, a chegada da misteriosa Mariana (Theresa Fonseca) colocará à prova todas essas emoções quando pai e filho se apaixonam pela mesma mulher. A situação faz renascer sentimentos que estavam adormecidos ou que até então eram desconhecidos para ambos.
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Primeira fase
“Enquanto o meu facão estiver encravado aos seus pés, nem eu nem você haveremos de morrer… nem de morte matada… nem de morte morrida!”. No encontro com o jequitibá-rei, José Inocêncio (Humberto Carrão) planta o seu próprio destino.
A história começa no início dos anos 1990 na região cacaueira de Ilhéus, no Sul da Bahia. O encantamento pela árvore conhecida como a ‘gigante da floresta’ é tão emblemático que o forasteiro não percebe a aproximação de jagunços. Sem pertences, ele traz apenas uma garrafa de vidro com um diabinho em seu interior. A figura, no entanto, não é notada pelos homens contratados pelo coronel Firmino (Enrique Diaz), que acusam de invasor daquelas terras. Como punição, Zé Inocêncio é pendurado de cabeça pra baixo em uma árvore e tenta, em vão, se defender e é despelado aos poucos, e abandonado para morrer.
Até que é surpreendido pela aparição de um anjo: o mascate Rachid (Gabriel Sater/Almir Sater) que salva o futuro ‘coronelzinho’ na primeira das muitas tocaias que ele irá enfrentar em sua jornada. O episódio não deixa apenas cicatrizes pelo corpo. Ao sobreviver, ele ganha a fama de ‘homem que tem o corpo fechado para morte’.
A sorte não costuma desamparar José Inocêncio e ele ainda cruza com pessoas em seu caminho que farão toda a diferença. Cândida (Maria Fernanda Cândido) será uma delas. Viúva de um fazendeiro da região, é ela quem se depara com o jovem Inocêncio muito ferido em sua fazenda sem fazer ideia da identidade do rapaz. A conexão entre os dois acontece no momento em que Inácia vê o estado deplorável daquele que está entre a vida e a morte e o ajuda. Após recobrar a consciência, o jovem forasteiro faz uma proposta a Cândida e anuncia que está disposto a ficar com a fazenda para torná-la novamente produtiva. Ainda que incrédula sobre a ideia e a execução dos planos, a viúva decide seguir sua intuição. Entrega a fazenda para José Inocêncio e segue rumo a paradeiro desconhecido.
Quem fica ao lado do futuro coronel é Inácia (Edvana Carvalho), a cozinheira da fazenda, que acompanhará toda a trajetória dele, na alegria e na tristeza, ao longo de todos os anos seguintes. Pilar da família Inocêncio também vai ajudá-lo a se livrar dos perigos e das tocaias com suas premonições.
A capacidade de conquistar admiradores e o respeito por onde passa é mais um dos dons de José Inocêncio como Deocleciano (Adanilo/Jackson Antunes), seu fiel escudeiro e confidente. Braço-direito e um dos primeiros funcionários na fazenda Jequitibá-Rei, ele ajuda o ‘coronelzinho’ a construir seu império ainda na primeira fase da novela. Ao lado de sua mulher Morena (Uiliana Lima /Ana Cecilia Costa), Deocleciano será padrinho de João Pedro (Juan Paiva), o filho caçula e desprezado por José Inocêncio, que terá todo o acolhimento do casal desde o nascimento.
Se por um lado a legião de parceiros é grande, por outro, os inimigos de José Inocêncio não dão trégua. De olho nas terras que pertenciam a Cândida, Belarmino (Antonio Calloni) e Firmino (Enrique Diaz), coronéis que dominam a região pelo poder e violência, não estão dispostos a dividir o espaço e a venda do cacau com o ‘forasteiro’. Belarmino enriqueceu nos tempos áureos do cacau, mas com o avanço da vassoura-de-bruxa nas roças, vê seu patrimônio desmoronar. E quando ele tenta se livrar de seu maior desafeto armando uma tocaia, a vingança surge de forma inesperada.
O golpe de mestre de José Inocêncio, que arremata as terras de Belarmino, trará consequências no futuro quando a neta dele Mariana (Theresa Fonseca) aparecer para tentar retomar o que pertencia ao avô.
À medida que começa os primeiros passos para se estabelecer como produtor de cacau e já de posse das terras que pertenciam a Cândida, José Inocêncio também conquista o respeito e admiração dos moradores da região. E o amor à primeira vista surge quando ele e Maria Santa (Duda Santos) se veem pela primeira vez. Santinha, como também é conhecida, vive sob as rédeas do pai, Venâncio (Fabio Lago), capataz do Coronel Belarmino, e da submissão da mãe Quitéria (Belize Pombal).
É justamente no dia em que Maria Santa recebe autorização do pai para acompanhar o cortejo do Bumba meu Boi que ela se apaixona perdidamente por aquele que será seu único e primeiro amor: José Inocêncio (Humberto Carrão). A partir deste encontro, a vida de Santinha mudará completamente. Inocente e sem a experiência com relacionamentos anteriores, Maria Santa acreditará que engravidou depois de beijar o ‘coronelzinho’. O mal-entendido vai gerar uma reviravolta quando ela for abandonada pelos pais na porta da ‘casa das damas’, de propriedade de Jacutinga (Juliana Paes).
Além de se tornar uma segunda mãe para a jovem, protegendo e orientando Santinha, Jacutinga atuará ainda como cupido no romance de Maria Santa e José Inocêncio promovendo o casamento deles em sua própria casa e com as bençãos de Padre Santo (Chico Diaz). Mulher de grande sabedoria, ela terá papel fundamental na construção desta família e será a parteira dos quatro filhos do casal: José Augusto (Renan Monteiro), José Bento (Marcello Melo Jr), José Venâncio (Rodrigo Simas) e do caçula João Pedro (Juan Paiva).
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A segunda fase da novela
Os anos passaram. A vida para alguns parou no tempo enquanto para outros levou a outros rumos. Após 35 anos, desde que o jovem José Inocêncio (Humberto Carrão) fincou seu facão aos pés do Jequitibá Rei e hoje, um fazendeiro bem-sucedido, José Inocêncio (Marcos Palmeira) prosperou nos negócios, mas estagnou na sua vida pessoal. Desde a morte de Maria Santa (Duda Santos) após dar à luz João Pedro (Juan Paiva), ele se fechou para a vida e há muito tempo desconhece a alegria de viver.
Na fazenda, Zé Inocêncio se ocupa com o trabalho nas roças e o investimento no sistema de agrofloresta através da cabruca* para a produção de um cultivo de cacau sustentável. Na lida, ele conta com o apoio de Deocleciano (Jackson Antunes), e em casa, com a lealdade de Inácia (Edvana Carvalho).
Dos quatro filhos: José Augusto (Renan Monteiro), José Bento (Marcello Melo Jr), José Venâncio (Rodrigo Simas) e João Pedro (Juan Paiva), o caçula é o único que nunca saiu da fazenda nem tem formação profissional. Os demais foram estudar na capital ainda jovens e repletos de oportunidades se formaram ‘doutores’ às custas do dinheiro do pai, que desde sempre arcou com todas as despesas. Zé Augusto é médico, Zé Bento, advogado, e Zé Venâncio, publicitário.
Se para João Pedro (Juan Paiva) foram negadas as chances de se tornar alguém na vida, o jovem não desperdiçou seu talento ao canalizar suas energias na produção do cacau. É um conhecedor daquelas terras e herdou o talento do pai com o manejo do fruto, algo que faz de forma muito competente – talvez a única conexão entre pai e filho. José Inocêncio (Marcos Palmeira) e João Pedro carregam mágoas e feridas que nunca cicatrizaram. O trauma causado pela morte de Maria Santa (Duda Santos) ainda é latente e intenso para o coronel assim como a ideia fixa de atribuir ao filho caçula a partida de seu grande amor.
A despeito disso, João Pedro sente enorme orgulho do pai. Vive para agradá-lo e ter ao menos qualquer chance de atenção. Seu único desejo é ter o amor paterno. Crescer com a sombra (e porque não com a dúvida) de ser o causador da maior tristeza que o pai teve na vida não foi fácil.
A situação começa a mudar quando João Pedro conhece Mariana (Theresa Fonseca), a jovem misteriosa recém-chegada a casa de Jacutinga (Juliana Paes). O encantamento é imediato. A beleza e o jeito faceiro da moça atingem o rapaz de jeito, que não demora para fazer uma proposta a Mariana: levá-la para morar na fazenda de seu pai. Era o que ela mais desejava. Mariana é neta de coronel Belarmino (Antonio Calloni) e de dona Nena (Quitéria Kelly), que a criou com base no ódio que acumulou ao longo dos anos por ter perdido as terras da família para José Inocêncio. A chegada de Mariana à fazenda Jequitibá Rei dará início a mais um conflito entre pai e filho, que se apaixonam pela mesma mulher. Astuta, ela seduz José Inocêncio, que decide oficializar a união com a jovem para surpresa de todos e grande tristeza de João Pedro.
A chegada de Mariana na família mexe profundamente com o cotidiano da fazenda Jequitibá Rei e impacta na vida de vários personagens. Mas as verdadeiras intenções da neta de Belarmino (Antonio Calloni) ninguém sabe ao certo. O que fica claro é que nada será como antes. Muito menos para José Inocêncio (Marcos Palmeira).
Preocupados com o futuro, os filhos mais velhos do fazendeiro decidem se aproximar do pai e voltar para Ilhéus. Zé Augusto (Renan Monteiro), recém separado, enfrenta problemas na área profissional com a ameaça de ter o registro médico caçado. Zé Bento (Marcello Melo Jr) vive com dívidas acumuladas e está longe de ser um advogado bem-sucedido. Além de ser sustentado pelo pai é dependente financeiramente da namorada, Kika (Juliane Araujo), também formada em Direito. Dos irmãos, Zé Venâncio (Rodrigo Simas), o terceiro na linha de sucessão, foi o que melhor soube aproveitar as oportunidades. Sócio de uma agência de publicidade, tem uma carreira estabelecida. Mas na vida pessoal, o casamento com Eliana (Sophie Charlotte) está em crise. As sucessivas discussões, as crises de ciúmes e as traições de José Venâncio indicam que o relacionamento dos dois não tem futuro principalmente quando o publicitário se apaixona por Buba (Gabriela Medeiros), uma mulher bem-sucedida profissionalmente e que sonha em formar uma família.
Se a presença de Mariana (Theresa Fonseca) é novidade na vida dos Inocêncio, a rivalidade com o coronel Egídio Coutinho (Vladimir Brichta) atravessa gerações. Egídio é o filho único de Firmino (Enrique Diaz) e herdou do pai além das roças de cacau, o dom para negociar as produções de outros fazendeiros da região como atravessador. O coronel vive com sua mulher Iolanda, mais conhecida por todos como Dona Patroa (Camila Morgado). Apesar de submissa e temente ao marido, ela não tem dúvidas em relação ao caráter dele, conhece bem o homem com quem se casou há muitos anos, sofrendo com suas grosserias e infidelidade.
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Tião Galinha
Em busca de um pedaço de terra para chamar de seu – e da chance de viver dignamente e longe da miséria – um homem sonhador aparece na cidade: Tião Galinha (Irandhir Santos). É na zona cacaueira de Ilhéus, que ele e sua mulher Joana (Alice Carvalho) tentam um recomeço. Os caminhos do catador de caranguejo se cruzam com os de Padre Santo (Chico Diaz) e Pastor Lívio (Breno da Matta) na estrada. Os dois acolhem a família e conseguem ainda que o coronel Egídio Coutinho (Vladimir Brichta) empregue o casal, Tião e Joaninha, em sua fazenda.
A fama de José Inocêncio logo chega aos ouvidos de Tião, que fica deslumbrado ao saber que o coronel tem a proteção de um diabinho guardado dentro de uma garrafa, que além de lhe ‘fechar o corpo pra morte’, o ajudou a enriquecer com a produção dos cacaueiros da fazenda. A partir daí, Tião desenvolve uma ideia fixa: quer criar o seu próprio diabinho. E quem seria capaz de ensinar a receita do sucesso? O único que detém o ‘segredo’. Do encontro com José Inocêncio (Marcos Palmeira), conhecido por ser um dos maiores contadores de ‘causos’ do Sul da Bahia, Tião vira Tião Galinha quando resolve seguir à risca os conselhos de Zé Inocêncio para espanto geral. Mesmo virando chacota para todos, ele não desistirá de seus sonhos.
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As locações de Ilhéus: belezas naturais e cultivo sustentável do cacau
A cidade de Ilhéus, no Sul da Bahia, região em que a história central da novela é retratada, foi o cenário escolhido para iniciar as gravações em outubro de 2023 em cenas que serão vistas nas duas fases da novela. Ao longo de três semanas, uma equipe formada por 200 profissionais – entre elenco, direção, produção e profissionais locais – auxiliou nos trabalhos para as gravações de sequências que se passam no centro histórico de Ilhéus como o tradicional restaurante Vesúvio e a Casa de Cultura Jorge Amado para a segunda fase da novela e que contaram com as participações de Marcos Palmeira e Theresa Fonseca.
Já as fazendas produtoras de cacau da região também serviram de cenário para a maioria das cenas gravadas na região. Por lá passaram Humberto Carrão, Duda Santos, Adanilo, Evaldo Macarrão, Antonio Calloni e Enrique Diaz, que interpretam personagens da primeira fase da trama, além de Edvana Carvalho, a Inácia, nas duas fases. A Lagoa Encantada com seu grande espelho d’água de 15 km² e as cachoeiras desta região como a ‘Véu da Noiva’ ajudaram a contar a história do jovem José Inocêncio (Humberto Carrão) e de seus companheiros Deocleciano (Adanilo) e Jupará (Evaldo Macarrão) com o carregamento das sacas de cacau, que é embarcado nos barcos dos anos 1990.
Em Uruçuca, município de Ilhéus, foram gravadas as cenas nas plantações de José Inocêncio (Marcos Palmeira) na segunda fase da novela, com os atores Juan Paiva, Theresa Fonseca, Jackson Antunes, Samantha Jones, Xamã, Marcello Melo Jr e Rodrigo Simas. As sequências foram feitas numa locação que adota a cabruca* e o sistema agroflorestal (SAF) para a produção de cacau, que consiste em diferentes espécies vegetais na mesma área e contribui para o meio ambiente. Desta forma, o cacaueiro fica à sombra de outras espécies, o que gera uma produção e colheita mais qualificada. Diferentemente da primeira versão, a novela trará outras maneiras de manejo do cacau, desta vez, mais focado no cuidado com a terra e o meio ambiente, além de novas formas para se obter produtos mais requintados a partir do cacau.
*Cabruca é o nome dado a técnica de manejo e plantio do cacau à sombra das árvores nativas da Mata Atlântica, rodeados por diferentes espécies e que preservam a fauna e a flora da região. O termo será muito falado entre os personagens deste universo na trama.
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Os detalhes e desafios no figurino, na caracterização e nos efeitos visuais
As diferenças temporais, da primeira para a segunda versão, também estão presentes no figurino assinado por Marie Salles em ‘Renascer’. A figurinista conta que se inspirou nas principais referências no Brasil entre as décadas de 70 e 90, mas ressalta as diferenças da primeira para a segunda fase da novela. “Eu acho que a ruptura maior neste processo seria o José Inocêncio. Propus a direção que ele deveria usar camiseta e calça jeans ou cargo. Mesmo um cara como ele, dono da fazenda, mas que está ali trabalhando, com a mão na massa e acaba se vestindo assim. E foi uma ruptura grande. Colocar o protagonista com camisa e uma calça jeans acho que é o nosso maior desafio”, ressalta. Uma das características marcantes do núcleo da fazenda Jequitibá-Rei são as galochas brancas, típicas dos trabalhadores da região cacaueira de Ilhéus, marca registrada de José Inocêncio (Marcos Palmeira) e de seu filho, João Pedro (Juan Paiva).
O contraponto entre Ilhéus e Rio de Janeiro também está presente no figurino. Na Bahia, as peças possuem muitas cores, enquanto o núcleo do sudeste tem cores mais sóbrias, como preto e branco. Já na caracterização assinada por Auri Mota, o grande desafio é transmitir a naturalidade dos personagens que vivem e trabalham no interior da Bahia. Do brilho na pele dos trabalhadores das roças aos cabelos mais longos para as mulheres, a caracterização foi concebida após o estudo de referências nas últimas décadas. Para personagens como Jacutinga (Juliana Paes), Inácia (Edvana Carvalho), Norberto (Matheus Nachtergaele) e Padre Santo (Chico Diaz), interpretados pelos mesmos atores nas duas fases, um processo de amadurecimento também está previsto para marcar as passagens de tempo na história e o envelhecimento dos personagens.
Na primeira fase, Jacutinga esbanja cabelos armados e com ‘permanente’, característico dos anos 1990, batom vermelho e um estilo único, que se destaca nas noites animadas de seu bordel, ponto de encontro da região. Já para Mariana (Theresa Fonseca), na segunda fase, o corte repicado foi o escolhido para ressaltar seu jeito menina.
Além da caracterização dos personagens, outro trabalho em parceria com a área de efeitos especiais, é a maquiagem específica para cenas como a sequência que mostra o despelamento de José Inocêncio (Humberto Carrão). Referências médicas de secação de pele foram usadas como inspiração para o efeito desejado como explica Auri Mota.
Além disso, sete tons de vermelho foram usados para ter diferenciação dos de sangue cenográficos e chegar o mais próximo da realidade. Diogo Laranja, produtor de efeitos especiais, relembra os preparativos da sequência que mostra a primeira tocaia em que José Inocêncio é pendurado pelos pés numa árvore. “Além do teste com a caracterização, fizemos algumas reuniões com direção e produção para alinhar todas as expectativas. Foram três dias de montagem e testes do sistema de suspensão para garantir a entrega artística e a segurança do ator”, recorda.
Na produção de arte, assinada por Nininha Medicis, chama atenção a busca pela personalidade da novela nos detalhes. Os facões, uma marca registrada da trama, possuem características de cada época e personagem. O primeiro facão de José Inocêncio, que é fincado nos pés Jequitibá, também sofrerá com a ação do tempo e envelhecerá. Outro elemento marcante é o cramulhão, o diabinho na garrafa tão marcante na trama, foi criado pelo artista plástico Dante, que optou pelo uso de material sustentável.
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Tecnologia em sintonia com a ficção
Renascer retorna às telas renovada também tecnologicamente. Assim como todas as tramas das 21h atualmente, o remake contará com imagem em 4k e som imersivo. Enquanto a novela exibida em 1993 foi gravada com câmeras analógicas com resolução máxima de 720×480 pixels, as câmeras atuais possuem 3840×2160 pixels de resolução, que geram imagens seis vezes mais nítidas.
O som digital em apenas dois canais e com exibição em mono deu lugar à tecnologia Dolby Atmos – que permite que o próprio device (TV ou soundbar) seja capaz de identificar e processar o áudio enviado para ter a melhor definição possível. A tecnologia de som surround abraça o espectador, colocando-o no centro da cena de ação.
Outro exemplo de como o avanço tecnológico contribui para uma imersão na trama é a animação em 3D do cramulhão. O personagem, que na versão atual é representado por um boneco dentro de uma garrafa, criado pelo artista plástico Dante, ganhará “vida” em alguns momentos graças ao uso de computação gráfica.
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Atmosfera das fazendas cacaueiras reproduzida nos Estúdios Globo
Cores e clima de fazenda dão o tom à cenografia assinada por Fábio Rangel que traz uma estética renovada para a atual versão de ‘Renascer’. “Eu me concentrei em tentar uma história nova como se nunca tivesse sido feita. Com olhar focado no agora, busquei cores alternativas e espaços arquitetônicos diferentes”, conta Fábio.
Ao todo são três cidades cenográficas nos Estúdios Globo: a primeira representando a seda da Fazenda Jequitibá Rei com 3.000m2, a segunda representa um anexo da sede e local de trabalho com o cacau, incluindo as barcaças, que são estruturas de madeira para a secagem do cacau – local onde se promove a famosa pisada no cacau com 2.100m2 -, e a terceira reproduzindo um vilarejo de Ilhéus com 6.400 m2, onde ficam a venda de Norberto (Matheus Nachtergaele) e a famosa casa de Jacutinga, cenário de Juliana Paes, com características rústicas e um quintal em meio a ruínas, bem marcado com terra batida e árvores.
No total são 11.500 m2 de área cenográfica, além de cenários fixos que ocupam o estúdio no MG4 – o interior da casa de José Inocêncio e a casa de Egídio (Vladimir Brichta), na segunda fase.
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Brasilidade e grandes encontros musicais marcam a trilha sonora de ‘Renascer’
Ao som do clássico ‘Lua Soberana’, a trama de ‘Renascer’ dá boas-vindas à brasilidade musical já com o seu tema de abertura. Sucesso também na primeira exibição da novela, de 1993, a música surge numa versão repaginada e com as interpretações potentes das baianas Luedji Luna e Xênia França, ganhadora do Grammy Latino melhor álbum pop contemporâneo em língua portuguesa em 2023.
“É uma grande honra interpretar essa canção que faz parte do imaginário das pessoas, assim como poder cantar com Luedji. É uma música que faz parte do imaginário de Salvador e por sermos cantoras baianas se torna algo muito simbólico”, conta Xênia. “Muito feliz em cantar a trilha de abertura dessa novela que é um clássico da TV brasileira. Mais feliz ainda por fazer isso junto a uma grande artista da minha terra: Xênia França! Vai ser histórico!”, complementa Luedji.
Compositores e intérpretes baianos encabeçam a seleção de canções originais e de regravações como Maria Bethânia em parceria com Almério na inédita ‘Quero Você’, ‘Trem das Cores’ na voz de Caetano Veloso, ‘Toda Menina Baiana’, com Gilberto Gil, entre outros.
O Nordeste ainda está representado por Fagner, Chico César, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Xangai e Quinteto Paraíba na trilha. Nomes como Milton Nascimento e parcerias de Ney Matogrosso e Criolo como em ‘Algorítimo Íntimo’ também integram a trilha sonora.
Os intérpretes da nova geração da música popular brasileira trazem mais brasilidade para a novela com suas canções. Agnes Nunes e Neo Beats, Juliana Linhares, Maria Maud, Gilsons, Rachel Reis e Mulu, se juntam a nomes como IZA, Alice Caymmi, Monica Salmaso e Dori Caymmi numa grande mistura de ritmos e estilos do Brasil. A produção musical de ‘Renascer’ é assinada por Victor Pozas, Rafael Langoni e Rafael Luperi.
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‘Renascer’ é uma novela reescrita por Bruno Luperi baseada na obra de Benedito Ruy Barbosa. A direção artística é de Gustavo Fernández, direção geral de Pedro Peregrino e direção de Alexandre Macedo, Walter Carvalho, Ricardo França e Mariana Betti. A produção é de Betina Paulon e Bruna Ferreira e a direção de gênero de José Luiz Villamarim.