Imagina sua imagem surgindo nas redes sociais sendo acusada de um crime falso trazendo consequências graves para sua vida. Um dos temas abordados em ‘Travessia’ é um assunto que está em alta: a ‘fake news’. Logo nos primeiros capítulos da novela, Brisa, papel de Lucy Alves, terá sua foto compartilhada nas redes sociais sendo acusada de ser uma sequestradora.
Em coletiva de imprensa, na qual o Área Vip esteve presente, Glória Perez reafirmou que se inspirou sim no caso de Fabiane Maria de Jesus, que morreu em maio de 2014 vítima de uma história surreal. Ela foi agredida num bairro de Guarujá, São Paulo, após um boato gerado por uma pagina no Facebook.
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O caso impressionou Glória Perez, que na próxima novela das nove vai retratar uma história semelhante. “No caso da Fabiane não se tratava nem de uma fotografia , que tivessem colocado o rosto dela. Era um retrato falado, então veja o alcance e as consequências que uma brincadeira dessa pode causar. E também no caso da Fabiane não tinha nenhuma sequestradora sendo procurada. Alguém colocou de graça um retrato e que ao chegar em uma praça, esse é outro assunto, alguém reconheceu, porque tinha visto no facebook aquela fotografia e aí começa a dizer: ‘tem uma sequestradora ali’. E começa aquele fenômeno da multidão. Vira um rastilho de pólvora. E a pobre moça foi linchada”, lembrou a autora de Travessia.
Na novela, Brisa será vítima de um linchamento ao ser confundida com uma sequestradora de crianças em cenas ambientadas em praça pública do Maranhão. A personagem de Lucy Alves terá a ajuda da delegada Heloísa (Giovanna Antonelli) para provar ter sido vítima de um crime digital. “A nossa presa não terá esse fim (o de Fabiane), mas eu quis trazer essa história pra mostrar também até onde pode chegar uma brincadeira dessa. Uma pessoa perdeu a vida, numa brincadeira dessa”, protesta a autora.
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Glória Perez destaca ainda o quanto as pessoas acreditam em mensagens mesmo sem nenhuma comprovação do fato. “E também não só pela pessoa que fez a foto, colocou aquela foto ali pensando com certeza que era uma brincadeira, já que não havia sequestradora nenhuma sendo procurada, e também o comportamento das pessoas de irem muito fácil ao linchamento. Porque uma pessoa só conhece, aquilo vira um rastilho de pólvora e todas aquelas pessoas que estavam ali naquele ambiente respondem sem pensar, de uma forma mecânica. Então eu quis mostrar isso. Foi uma inspiração sim”, reafirmou.
Avanços tecnológicos
Como sempre acontece nas tramas da autora, os personagens estarão retratando assuntos do momento. “Nós vamos contar uma história que tem como pano de fundo esses avanços que nos fazem perceber que estamos entrando num mundo diferente, novo. É preciso lembrar que todas as gerações anteriores sentiram isso, na geração dos nossos avós pros nossos pais, da geração dos nossos pais pra nossa, há sempre um estranhamento, há sempre uma sensação de estar pisando numa terra desconhecida daqueles que foram criados gerações antes. Só que esse salto de agora é muito maior e essa geração que nós estamos vivendo, ela tem um pé no passado e um pé no futuro, nós estamos exatamente no momento do sapo na travessia , e por isso que a novela se chama travessia. Porque não diz respeito só a esse pano de fundo, é como é que essas vidas individuais dessas personagens vão atravessar, vão ser tocadas por essa travessia, de um mundo para o outro”, adiantou a escritora.
Delegacia de crimes cibernéticos
Para investigar esses crimes cibernéticos surge em cena uma personagem especial e já querida do público: a delegada Helô, interpretada por Giovanna Antonelli. “Por isso temos a delegada Helô. Nós vamos fazer de assédio por computador de estupro por computador, tudo isso tem”, avisou Glória.
A autora ressaltou os perigos das novas tecnologias. “Como se renovou e outras que foram criadas com a possibilidade que a Internet dá para que as pessoas cometam crimes. No caso, a gente não vai focar o criminoso, porque nesse caso é a pessoa fez uma brincadeira, não é o intuito criminoso de atingir aquela pessoa. Então eu acho que isso também leva a uma reflexão. Muitas vezes essas brincadeiras que o aplicativo de permitem fazer, de trocar a cara de uma pessoa por outra, aonde você coloca essa cara pode ter repercussões incríveis na vida de uma pessoa, como vai ter na vida da Brisa”, explicou.
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Apesar de ‘brincadeiras’ desse tipo não serem novidade, tudo se intensificou com a chegada da internet. “Isso é nada mais nada menos que aquela fofoca que tem desde que a humanidade existe, do ser humano, a fofoca, a intriga, isso é natural do ser humano. Só que a internet abre caminho pra isso, dá uma proporção pra aquela fofoca que antes ficava reduzida ao trabalho, a uma rua, a uma cidadezinha pequena, passava de boca em boca. E agora ela é imediata e vai para o mundo. Nós vamos mostrar esse alcance”, pontuou.
‘Travessia’ é criada e escrita por Gloria Perez, com direção artística de Mauro Mendonça Filho, direção de Walter Carvalho, Andre Barros, Mariana Richard e Caio Campos. A produção é de Claudio Dager e Tatiana Poggi; e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim.