Todo artista de TV vive querendo se reinventar e Letícia Spiller sempre que pode aproveita a oportunidade. Desta vez, ela é o grande nome do musical ‘Outside’, inspirado em disco de mesmo nome de David Bowie, que traz um encarte que gerou a peça de Pedro Kosovski, com direção de Marco André Nunes.
Nada mal tentar ousar, mas no amontoado de clichês — proposital, segundo o autor — para imprimir um ar moderno ao espetáculo, Letícia se masturba em cena, simula uma transa com direito a sexo oral e empunha uma pistola para coagir um funcionário a investigar um crime. Sexo e violência certamente vão colaborar para o sucesso da peça, que só estreia na sexta-feira, mas revelou seus segredos em ensaio aberto no fim de semana, no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico do Rio.
“Não gosto de teatro careta, quero que provoque. E ali não sou eu, empresto meu corpo para a arte” defende a atriz, que não vê nada demais nas cenas. “Somos todos humanos”, diz.
O diretor da peça complementa: “Confesso que gerar a polêmica atrai espectador e nos motiva. Dentro da discussão que existe, acho que está dentro do contexto. E a Letícia faz com muita elegância” enfatiza Marco André.
Com figurino justo e de renda preta, descabelada, maquiagem borrada e ar de palhaço, Letícia vive Peggy Guggenheim. A personagem é dona de uma galeria da qual faz parte o departamento de investigações de crime de arte, que se vê obrigado a investigar o caso do suicídio de uma menina de 14 anos, Norma Jean Baker (nome verdadeiro de Marilyn Monroe), que quer ter seu corpo exposto como obra de arte.
De acordo om o jornal O Dia, com muitos palavrões, hits de David Bowie, fumaça e clima de filme policial, o musical mostra que todo crime tem potencial estético, mas pode soar confuso aos mais desavisados. “Não estamos fazendo romance, não é um musical da Broadway. É totalmente transgressor”, declara Letícia Spiller.
Ainda assim, para a estreia serão feitos ajustes em algumas cenas, mas não nas mais polêmicas. “Queremos dar mais fluidez”, avisa Marco.