A apresentadora Amanda Klein conversa com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no “É Notícia” que vai ao ar na madrugada desta terça-feira (10). Durante a entrevista, o ex-presidente da República – que acaba de lançar o primeiro volume dos “Diários da Presidência” – subiu o tom das criticas contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, alvo de um processo do Conselho de Ética da Câmara. Para o tucano, a situação do deputado se tornou insustentável. “Ele disse que não tem conta no exterior. Apareceram contas. Ele disse que vai demonstrar que uma coisa não tem relação com outra. Vai fazer um milagre… Se não fizer este milagre, não tem como”. Sobre a posição do partido, afirmou: “Neste caso, o PSDB não tem como apoiar”.
Ao mesmo tempo que abre fogo contra Cunha, o ex-presidente faz um aceno importante ao PMDB, elogiando o polêmico programa do partido, “A ponte para o futuro”, que defende o fim dos gastos obrigatórios em Saúde e Educação, e o fim da indexação dos programas sociais com o salário mínimo. Segundo ele, apesar de discordâncias pontuais, o plano está no rumo certo. “Não são [ideais] liberais, são de bom senso”, ponderou.É Notícia
Sobre os pedidos de impeachment da presidente Dilma, FHC é cauteloso, mas sustenta que se ficar provado crime da presidente, o recurso é legitimo. O tucano disse ter dúvidas sobre a possibilidade das chamadas pedaladas fiscais sustentarem o impeachment e aproveitou para se defender do argumento usado pelo governo de que gestões anteriores também se valeram de manobras fiscais: “Não, não… Eu não pedalei! O governo diz isso em defesa própria”.
Ainda sobre a presidente, FHC disse que ela tem responsabilidade política pela crise, mas que isso não é crime e nem motivo para impeachment. O ex-presidente definiu Dilma como alguém “que se esforça, mas não consegue”. Para ele, a melhora do atual cenário econômico do país depende de uma reestruturação política. “Não vamos avançar se não fizermos uma reforma política profunda. O sistema político brasileiro fracassou, não funciona. Qualquer um de nós que vá para a presidência tem que lidar com 30 partidos, demanda de ministérios… isso não pode continuar assim”, defendeu.
Na conversa, Fernando Henrique se disse preocupado com o acirramento do debate político e falou da importância dos gestos. “Outro dia eu fui ao teatro com o prefeito de São Paulo, que é do PT […] Alguém deve ter me criticado, mas eu fiz de propósito, pra dizer: ‘Olha aqui, isso não pode ser levado desse modo'”, explicou. Disse ainda que está aberto ao diálogo em busca de soluções e desafiou o também ex-presidente Lula para um debate público, na televisão. “Eu nunca vi o Lula fazer uma análise objetiva a respeito do passado, é sempre um ufanismo, ‘começou tudo comigo’, ai você faz o que?”, disparou FHC.
Provocado pela apresentadora Amanda Klein, que perguntou por que ele também não convidava Lula para ir ao teatro, FHC deixou uma última alfinetada no rival: “Ele não gosta de teatro”.
A entrevista completa vai ao ar na virada de segunda para terça-feira, à 0h30, pela RedeTV!
