Depois de quatro anos fora do ar, Chaves voltou ao ar no SBT. A emissora da família Abravanel relançou a clássica série mexicana, juntamente com Chapolin, durante a grade especial de Dia das Crianças no último sábado (12).
O retorno mexeu com o público nostálgico, que celebrou a velha novidade nas redes sociais. Além disso, a audiência foi das mais satisfatórias: com 5 pontos de média no Kantar Ibope Media, Chaves elevou os números do horário em 100%, na comparação com as semanas anteriores.
O bom resultado mostra que o público do SBT gosta mesmo de Chaves. E isso diz muito sobre a emissora criada por Silvio Santos e sobre o público que gosta do canal. Algo que a atual direção do SBT parece não enxergar.
A TV que tem torcida
O SBT foi criado à imagem e semelhança de seu criador, Silvio Santos. Toda a programação da emissora foi montada com um viés popular que reproduzia a estrutura do próprio Programa Silvio Santos.
Assim como a atração do “patrão”, os demais programas do SBT também se especializaram em entretenimento popular, muito calcado em shows, distribuição de prêmios, emoção e tudo o que caracteriza os clássicos programas de auditório. O SBT se firmou como uma TV de comunicadores, com um time de apresentadores que mantinha de pé o legado de Silvio Santos.
O público se acostumou ao estilo mais “artesanal” de se fazer televisão. O SBT foi o “líder absoluto do segundo lugar” por vários anos ao se colocar como uma anti-Globo. Oferecer produções diferentes do que era visto na líder de audiência era uma característica marcante do SBT, que se firmou com uma grade que funcionava como contraprogramação.
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Lá vem o Chaves
Neste contexto, as séries mexicanas Chaves e Chapolin encontraram no SBT um lugar especial. Para muita gente, as produções estreladas por Chespirito podem parecer cafonas ou mambembes. Mas elas sempre combinaram muito com o “espírito” do SBT.
Não por acaso, elas se tornaram um enorme sucesso na programação da emissora e foram exibidas por anos a fio, em eternas reprises. Chaves, inclusive, tornou-se um curinga inevitável, sempre escalado para horários com problemas de audiência – na maioria das vezes, com sucesso.
Chaves representa o SBT que o público do SBT reconhece. Daí todo o frisson em torno de seu retorno ao ar. A boa audiência registrada para os atuais padrões da emissora deixaram claro que os espectadores do canal sentiam falta do menino do barril.
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Erros expostos
Tudo isso evidencia os erros da atual direção do SBT, liderada por Daniela Beyruti, filha de Silvio Santos. A atual vice-presidente da emissora encabeçou um projeto de mudança de grade que acabou por afugentar o público cativo, justamente porque as atuais produções não conversam com o espectador habitual da emissora.
O público do SBT gosta de programas quentes, com entretenimento, prêmios e diversão. Já a atual direção da emissora preferiu apostar em programas mais “frios”, como o Chega Mais, explorando pautas que podem funcionar em outros canais, mas não no SBT.
Além disso, a emissora trocou as tradicionais novelas mexicanas pelo Tá na Hora, um noticioso que concorre com outras produções similares. Com isso, destruiu a contraprogramação que sempre funcionou. Resultado: a audiência caiu.
O público do SBT não reconhece mais a emissora. A audiência do SBT busca mais Chaves e menos Chega Mais e Tá na Hora. O retorno da série mexicana resgata um SBT que parece ter ficado no passado.
Colaborou: André Santana
**As críticas e análises aqui expostas correspondem a opinião de seus autores