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Há 55 anos, ex-chefona da Globo revelou problemas nas novelas que a emissora enfrenta até hoje

Livro traz depoimento raro de Glória Magadan, a primeira supervisora de novelas da Globo

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Nova logo da Globo (Foto: Divulgação)
Globo. (Foto: Divulgação/Globo)

O livro Clarice Lispector Entrevista, lançado recentemente, reúne conversas conduzidas pela renomada escritora durante sua trajetória como jornalista. Entre os depoimentos mais marcantes está o de Gloria Magadan, a primeira grande figura por trás das novelas da Globo. Realizada há 55 anos, a entrevista aborda problemas que as telenovelas enfrentavam na época e que, curiosamente, ainda persistem nos dias de hoje.

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Nascida em Cuba, Gloria Magadan chegou ao Brasil em 1964, antes mesmo da criação da TV Globo. Na emissora, ocupou cargos importantes, como diretora do departamento de novelas, supervisora e produtora. Sob sua liderança, surgiram grandes sucessos, como Eu Compro Essa Mulher, O Sheik de Agadir e A Sombra de Rebecca.

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Apelidada no livro de “rainha da telenovela”, Magadan trouxe um estilo melodramático e épico, cheio de histórias ambientadas em reinos distantes — um contraste radical com o realismo que, mais tarde, dominaria a teledramaturgia brasileira.

Glória Magadan. (Foto: reprodução/Memória Globo)
Glória Magadan. (Foto: reprodução/Memória Globo)

Problemas nas novelas

Na conversa com Clarice Lispector, Magadan destacou dois desafios enfrentados pelas novelas, que permanecem atuais. O primeiro era a resistência do público conservador a certas histórias. Um exemplo foi A Rainha Louca (1967), que inicialmente mostrava o romance de uma mulher casada e rejeitada pelo marido com outro homem.

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A rejeição do público obrigou Magadan a mudar o rumo da trama, fazendo com que o casal se reconciliasse. “A moral pública é muito forte. Terminei fazendo o marido interessar-se de novo pela mulher, e os dois se reapaixonaram”, explicou.

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O segundo desafio era a longa duração das novelas, algo que ela via como um entrave criativo. Magadan lamentava a falta de folhetins mais curtos, uma questão que ainda hoje é alvo de críticas entre roteiristas.

Depois de uma saída conturbada da Globo em 1970, devido a divergências sobre os rumos da emissora, Magadan deixou o Brasil e continuou sua carreira na televisão mexicana e venezuelana. Ela faleceu em 2001, aos 81 anos, deixando um legado como pioneira da teledramaturgia brasileira e peça-chave na construção do “padrão Globo de qualidade” que se consolidaria anos mais tarde.

Colaborou: Renan Santos

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