Nos últimos anos, a Globo abandou a discussão sobre deixar suas novelas com “mais cara de série” e tem apostado novamente em folhetins de longa duração, resgatando o formato clássico de até oito meses no ar e mais de 200 capítulos. Essa decisão tem como objetivo maximizar o retorno financeiro das produções, já que quanto mais tempo uma trama fica no ar, maior é a receita gerada e menores os custos de produção.
Essa prática era comum até os anos 2000, mas mudou ao longo da década de 2010, quando a emissora passou a reduzir o número de capítulos para tentar modernizar suas novelas. Sucessos como Avenida Brasil (2012) e A Força do Querer (2017) seguiram esse modelo mais enxuto, com menos de 180 episódios.
No entanto, com a necessidade de reduzir prejuízos e evitar gastos extras com a antecipação de novas produções, a Globo decidiu manter suas novelas no ar por períodos mais longos. Isso aconteceu com Mania de Você, a atual novela das 21h, que, apesar de ser um fracasso de audiência, teve a duração esticada, já que a emissora avaliou que seria mais vantajoso mantê-la no ar do que encurtá-la.
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Outros exemplos desse retorno ao modelo tradicional são Terra e Paixão (2023), com 221 capítulos, e o remake de Renascer (2024), que teve 197 episódios. No horário das 18h, Garota do Momento também vai seguir essa tendência, ultrapassando os 200 capítulos e só terminando em junho, se tornando a novela das seis mais longa desde Alma Gêmea (2005), que encerrou com 227 capítulos.
Essa tendência promete continuar. A novela Êta Mundo Melhor!, continuação de Êta Mundo Bom! (2016), teve sua duração aumentada antes mesmo de estrear e passará dos 200 capítulos, superando os 190 episódios previstos inicialmente.
Insatisfação nos bastidores
No entanto, essa escolha tem gerado descontentamento entre os profissionais da área. Atores e autores reclamam da rotina exaustiva de gravações e da dificuldade de se engajarem em novos projetos durante o longo período de dedicação à trama. Além disso, roteiristas enfrentam o desafio de “esticar” a história, o que muitas vezes resulta em “barrigas”, momentos em que a narrativa fica arrastada e sem grandes acontecimentos.
Por outro lado, o streaming tem apostado em produções mais curtas, que estão ganhando popularidade. Séries como Beleza Fatal, exibida pela Max e pela Band, apostam em apenas 40 capítulos, oferecendo tramas mais ágeis e objetivas. Pedaço de Mim, lançada pela Netflix, teve apenas 17 episódios, e Todas as Flores, do Globoplay, seguiu a tendência com 85 capítulos.
Essa preferência por histórias mais curtas tem afastado algumas estrelas da Globo. Atores como Bruno Gagliasso e Bruna Marquezine escolheram não renovar contrato com a emissora, priorizando projetos mais rápidos, como filmes e séries, o que se torna um problema que o canal ainda precisa contornar.
Colaborou: Renan Santos