A Torre de David, maior favela vertical do mundo, localizada no centro da Venezuela, dá nome e é tema do documentário que a GloboNews exibe no próximo sábado, dia 1º de novembro, às 21h05. Em junho deste ano, os jornalistas Julio Molica e Rodrigo Carvalho, primeira equipe brasileira de TV a entrar no local, passaram cinco dias no prédio que começou a ser erguido no início dos anos 90 para ser o maior centro financeiro da América Latina. A construção acabou se tornando a maior favela vertical do mundo depois que o empresário que financiava a obra morreu e seus herdeiros não tiveram fôlego financeiro para tocar o projeto. Foi quando o Estado expropriou o prédio de mais de 40 andares, que, inacabado, acabou tomado por quatro mil pessoas. O local, que serviu de cenário para um episódio da terceira temporada de ‘Homeland’, foi desocupado em agosto.
No período em que permaneceram no local, os repórteres ouviram muitas histórias, acompanharam o início do processo de desocupação e gravaram cerca de oito horas de material, traçando um paralelo da Torre com a situação do país. No documentário, a história do prédio é contada pelos próprios moradores, muitos deles há cerca de 20 anos, desde que a Torre foi ocupada. São eles que revelam que, apesar dos 45 andares, só 28 foram habitados, pois, a partir do 29º andar, não era possível puxar fios de luz. Alguns problemas de locomoção dentro do prédio foram superados por uma moto que, por um estacionamento anexo, consegue chegar até o 10º andar. Dali para cima, só a pé, dificultando o acesso de pessoas doentes e dependentes de cadeira de rodas, por exemplo, que acabam buscando um apartamento em um andar mais baixo, os mais disputados. Uma mãe também comenta que sua filha, ainda criança, morreu ao cair de um vão desprotegido do 20º andar, enquanto brincava com os amigos.
Os jornalistas da GloboNews gravaram com os personagens antes da desocupação e também registraram a saída do prédio depois de quase uma década vivendo por lá. Um factual importante, que teve repercussão no mundo inteiro. Captaram uma das primeiras entradas na Torre do Ministro para Transformação Revolucionária de Caracas, Ernesto Villegas, para conhecer os moradores e sugerir que fossem para casas populares distantes 70 quilômetros da capital. A maior parte aceitou a ideia sem muitas ressalvas, mas outros não queriam ir para tão longe, já que lá estavam há quase vinte anos. O processo de desocupação foi defendido pelo governo do presidente Nicolás Maduro sob o argumento de que faltava segurança na torre.
O repórter Rodrigo Carvalho conta o que pretendiam com o documentário. “Levei dois meses negociando nossa entrada na Torre, convencendo um dos síndicos. Os moradores, escaldados com a imprensa estrangeira, evitam receber jornalistas de outros países. Nosso objetivo sempre foi contar a história das pessoas. E, a partir dessas micro-histórias, contar uma história maior, de um país muito falado, mas pouco conhecido por seus vizinhos. O documentário faz um recorte da Venezuela a partir da realidade da Torre de David, que é muito forte”, revela Rodrigo. Julio Molica complementa ao falar sobre os maiores problemas pelos quais passaram durante a gravação. “A maior dificuldade foi física: não há elevadores na Torre de David. Subir e descer 45 andares com câmera e tripé não é fácil. Por outro lado, foi bom para ter uma ideia do que as pessoas passavam todos os dias”, conta o jornalista.
O documentário ‘Torre de David’ vai ao ar no sábado, dia 1º de novembro, às 21h05, na GloboNews.