Em 7.742 entrevistas, o ‘Programa do Jô’ contou muitas histórias, das mais engraçadas às mais emocionantes, com personalidades de um dia ou de algumas décadas. Na noite de hoje, sexta-feira dia 16, ao entrevistar pela 24ª vez o grande amigo Ziraldo, Jô Soares encerrou este que é mais um de seus tantos projetos memoráveis ao longo da carreira. Há 28 anos, ele deu início a uma trajetória de muito sucesso com seu talk show e foi responsável por imortalizar importantes momentos da nossa história.
No início da atração, o apresentador agradece algumas das pessoas que são muito importantes em sua trajetória: “Que alegria ver tantos amigos queridos aqui na plateia. Quero agradecer ao Quinteto, que está comigo há tanto tempo que já eles já fazem parte do meu DNA. Preciso destacar alguns membros da minha equipe, como o Hilton Marques e o Max Nunes – que morreu em plena atividade e continuava pegando a ponte aérea até os 90 anos. O programa só durou esse tempo todo graças a essa equipe. Agradeço ao Silvio Santos, porque esse programa modificou a minha vida. Minha vida realmente mudou graças à plateia, sem vocês eu não existo. A todo esse pessoal, meu eterno beijo do Gordo”.
Ao chamar o amigo de longa data para sentar em seu sofá mais uma vez, ouviu dele que estava nervoso. “Isso é um desmaio, ou um porre, é muito difícil descrever essa emoção. Você está terminando essa pequena fase da sua vida e lembrou do seu amigo aqui. Passei a manhã inteira me arrumando, parecendo que ia casar”, diz Ziraldo, ou melhor, “Zi”, como Jô o chama. Para retribuir o carinho, o cartunista traz uma caixa com todas as caricaturas já fez de Jô, o que abriu um baú de memórias dos dois. “Ele era tão cor de rosa que parecia uma coisa marciana, não aquele verdinho. Você é um ser que não tem na terra, era muito bem feitinho”, avalia o artista, ouvindo uma brincadeira de Jô: “Quando ele não tem nada pra fazer, fica fazendo caricatura minha”.
É nesse clima de muita descontração e brincadeiras entre os dois amigos que o programa segue, até que Jô “reclama”: “Ele só veio aqui porque quer lançar o livro novo!”. “Eu não vim lançar livro, a editora que mandou. Eu queria mesmo era divulgar ‘O Natal do Menino Maluquinho’, que acontece em Curitiba”, emendou Ziraldo, entrando na brincadeira.
De tantas histórias relembradas, Jô Soares conta o que fez passar a chamar as pessoas apenas de “você”. “Quando fui entrevistar o (ministro) Bulhões, decidi que não fazia sentido chamar ministro de ‘senhor’ e motorista de ‘você’, porque, no Brasil, isso é uma coisa de classe social. Então, meu amigo Otto Lara me ligou e falou ‘você chamou o doutor Bulhões de ‘você’, não pode!’. Uma semana depois, entrevistei o Luís Carlos Prestes e fiz a mesma coisa. Na primeira vez, ele me olhou. Com 15 minutos de conversa, ele estava à vontade e declarou ‘Olga foi a grande paixão da minha vida’. Otto me ligou e disse: ‘você tem razão, nunca vi Prestes tão à vontade’”, relembra o apresentador.
Ao final de tantas lembranças, os papéis de entrevistado e entrevistador se confundem. “Você se aproveitou de mim, me chamou aqui, mas contou toda a sua vida, seus segredos, você foi o entrevistado”, observou, com muito bom humor, Ziraldo.
Antes de encerrar a atração, Jô fez questão de exibir um trecho da entrevista que fez com Roberto Marinho, em 3 de abril de 2000, na estreia do ‘Programa do Jô’, na Globo.
Muito emocionado e aplaudido de pé pela plateia, Jô não poderia encerrar esta noite sem o seu tão esperado “beijo do Gordo”.
O último ‘Programa do Jô’ vai ao ar hoje, nesta sexta-feira, logo após o ‘Jornal da Globo’.